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O penúltimo debate do 1º turno de presidenciáveis 2014 foi marcado por inúmeras novidades no processo eleitoral brasileiro desde a redemocratização em 1989 (a 1ª eleição direta pós-ditadura militar)
Esta é a primeira eleição que uma candidata à reeleição e líder nas pesquisas vai a todos os debates com uma postura de conquistar mais votos e não apenas defender-se. Dilma pode e deve ser criticada por muitas coisas, mas jamais a será por fugir de suas responsabilidades. Sempre que pôde escolher a quem perguntar, escolheu seus adversários diretos: Marina e Aécio.
E, em todas as vezes, embora tensa e sisuda se saiu melhor que eles. Principalmente porque sabe do que diz. Tem domínio dos programas de governo que implantou. Sabe suas fragilidades e onde quer chegar.
Marina apequenou-se. Começou o debate irritada e nervosa porque assumiu há tempos esta áurea de ungida do senhor a quem nada pode se criticar. E, embora todas as questões a ela serem pautadas em suas declarações e constantes mudanças de posições de acordo com o interesse e a conveniência, faz-se de vítima, como se houvesse uma "sórdida" orquestração para difamá-la. Um exemplo disso é que, quando senadora do PT, votou 4x contra a CPMF (está nos registros do senado), mas ela insiste em MENTIR que não votou. Aliás, eu diria que neste momento do debate ela assemelhou-se a um velho político, Paulo Maluf, que mentia descaradamente nos debates.
Considerando que as duas lideram as pesquisas (embora eu duvide delas), o resultado dessa última semana deverá ser a perda de votos da neoneoliberal que, ou dará a vitória a Dilma no 1º turno, ou fará Marina e Aécio disputarem voto a voto a ida para o 2º.
Aécio, aliás, que se for irá pela perda dos votos de Marina e não por suas qualidades em ganhá-los. Como um típico tucano a campanha de Aécio é baixa, na espreita. Cria vídeos de outros candidatos para minar outras candidaturas (clique aqui pra ver), está atolado de casos de corrupção (como o do AecioPorto) que a mídia esconde, etc. No debate mais uma vez foi figurante. Apareceu aqui e ali por inércia, talvez com medo de tomar outra piaba da Luciana Genro.
Agora, um momento muito interessante desse debate foi o embate entre Genro e Eduardo Jorge. Pela primeira vez vi candidatos do "2º escalão" disputando votos entre si. Em geral os debates são de todos batendo em quem está na frente. Aqui não. Luciana se saiu muito bem nessa estratégia, tentando tirar votos de Eduardo, Aécio, Marina e Dilma.
No entanto, ela saiu da "vencedora" do debate para a responsável pelo maior fiasco deste. Ela sabia as regras. Teria 30s pra perguntar, o adversário 1m30 pra responder, 30s pra replica e 30 pra tréplica. ou seja 2 min x 1min ( e sem ter a última palavra). E eis que ela dá de bandeja a Levy Fidelix a pergunta que o fez destilar todo o preconceito homofóbico e incitar a violência (como se já não bastassem os muitos casos de assassinatos à gays). Teria ela se saído bem se na réplica ou depois, nas considerações finais dissesse: "se a PL 122 já tivesse aprovada, este senhor sairia do debate direto pra cadeia por incentivar crimes homofóbicos". Mas ela calou-se, deu uma resposta genérica.
E Levy?
Sim, ele é um pulha, um escroto, um imbecil. Muito embora ele tenha expressado o que muitos brasileiros expressam todos os dias nos botecos, nas conversas de "família", etc. Inclusive usando a mesma linguagem.
Ou seja, ele foi sincero quanto ao que pensa, disso não tenho dúvida. Outros nesse debate gostariam de dizer o mesmo.
Porém, diante de tanta violência contra homossexuais ele foi sim um criminoso. E se qualquer pessoa que sofra qualquer preconceito (mulheres, negros, japoneses, etc...) disser que ele tem direito de expressar a opinião eu digo: sim, ele tem direito como sujeito, no boteco. Em rede nacional, numa emissora de concessão pública, pedir mais violência É CRIME!
Que pague por isso.