quinta-feira, 19 de março de 2015

O velho barbudo tinha razão...

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Sobre o último domingo 15 e o que ele representa.


Diego Riveira - O Homem na encruzilhada, 1934

Já se disse e se escreveu muito sobre as tentativas de golpes da direita, seja institucional (impedimento) ou militar. Também já foi bastante explorado a dificuldade em aceitar a derrota eleitoral, os interesses políticos por trás das manifestacoes e as diferencas de estilos entre os que apoiam o golpe e os que o rechacam.

Porém, pouco se disse até agora sobre o que ele representa simbolicamente.


Os novos cara pintadas de 2015 gostam de chamar os demais de esquerdistas, esquerdopatas e de falar contra o tal Karl MARX. Marx, que aliás, tem como base nos seus estudos a questao da LUTA de CLASSES.
 
E nao é que os críticos a esquerda estao exatamente fortalecendo a esquerda e as ideias de MARX?


A midia internacional divulgou amplamente ontem, 15, que as pessoas que estavam nas ruas eram, em sua grande maioria, brancas e mais velhas. Definiram o perfil dos ricos e, quem é minimamente conhecedor da situacao social sabe que pobres, negros e jovens sao a maioria da populacao brasileira. É claro que há negros ricos, brancos pobres ou jovens brancos nas manifestacoes de ontem. Mas sao exceções à lógica presente.


Sendo assim, e voltando a MARX, o que se ve é que o Brasil tem latente uma luta de classes. De um lado, os pobres e a classe media baixa e seus apoiadores que, muito mais politizadas que antigamente, gracas ao trabalho sistemático dos movimentos sociais como o MST, MTST, etc, saíram as ruas na sexta 13 para dizer: nao aceitaremos o golpe.

Do outro, uma grande parcela da populacao que clama pelo fim das politicas sociais que tem diminuido as diferencas sociais, tem dado direitos trabalhistas a quem nao tinha, como por exemplo, as domesticas, mas, por ser demasiado dificil dizer isso publicamente, travestem-se no discurso do combate a corrupcao e ao esquerdismo bolivariano (só gostaria de ver uma dessas pessoas definirem, sem interpretacoes o que é a esquerda e quais os ideais defendido por Simon Bolivar).

Ha ainda uma parcela grande da populacao que nao se manifestou em nenhum dos dois atos por ter o primeiro sido também travestido de apoio a democracia, mas que, no fundo, era para dar apoio ao grupo politico que está no comando do país.

O que me pergunto é: com a luta de classes agora explícita, elas e eles deste grupo conseguirão manter-se a margem do debate?

Neste sentido, acredito que os esquerdistas, como este que escreve, devem agradecer aos Mainardis, Jabores, Mervais, Bonners, Constantinos, etc, por fortalecer o discurso marxista evidenciando a luta de classes e permitindo que os "trabalhadores do mundo, uni-vos"(Karl Marx, manifesto do partido comunista).

sexta-feira, 6 de março de 2015

Os dramas humanos que reverberam em você.

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Comecei essa semana, com quase dois anos de atraso, a assistir a 2ª temporada do Sessão de Terapia, na GNT.
E, durante os episódios, fui me perguntando: por que gosto tanto dessa série? será que muita gente gosta? quem será o público dela?

Como linguagem, a série é uma espécie de narração sem ação. Nada, ou quase nada, acontece em cena. As ações estão nas falas, no que é dito. Nem os atores e as atrizes se mexem muito. A força da palavra, das intenções, das pausas e dos ritmos é que movimentam a cena.

Para além disso, que já é muito interessante, são as personalidades o que me fascinam. Os dramas humanos, suas angústias, dúvidas e inquietações e como cada um de nós carrega dentro de si muitos destes sentimentos.
Como é difícil falar do sentimento, como é foda sentir, como nos enganamos, nos sujeitamos, nos desmerecemos cotidianamente.



Já tive momentos da vida em que isso foi muito gritante. Por hora, e por sorte, não estou num destes.
Mas quem nunca se colocou nestas situações?
Tenho pena, embora compreenda, de quem foge da análise. Fazer terapia, ao menos uma vez na vida, é essencial para todas e todos. É um baita passo que se dá na vida onde, com muita dor e sofrimento, se vai adiante.
Assistí-la com calma e apresso e observar tudo isso nos eleva, nos faz também se perceber. Sessão de terapia não é uma série sobre terapia. É também uma consulta pra quem assiste. É uma sessão para a personagem e para si mesmo.