quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Lisboa à flor da pele.

Sentir a cidade.
Esta é uma expressão que poucos entendem, especialmente por duas razões: ou estamos na nossa e nem a percebemos mais ou estamos fazendo turismo.
E fazer turismo nem sempre é o melhor jeito de conhecer o mundo. É claro que quando vou à uma cidade visito os pontos turísticos, tiro as mesmas fotos que quase todos que lá visitaram tiraram, bla, bla bla.
Mas o que eu gosto mesmo é de sentir a cidade.

Foi o que fiz desta vez em Lisboa. Uma das coisas que ficou na minha cabeça quando fiz a minha primeira viagem à Europa à passeio (clique aqui e aqui para ver como foi) foi a sensação de que tudo foi tão rápido que não deu para sentir as cidades.
Desta vez não. Oito dias foram suficientes para:
 - perceber que em Lisboa come-se bem em qualquer lugar.
 - ter a certeza de que tomar um bom vinho todos os dias é pré-requisito.
 - saber que nos restaurantes locais pode se comer muito e pagar pouco. Ex: eu, Angelica e Nuno fomos a um restaurante desses chamado "Panças". Comemos um bacalhau a loureiro gigante, que dava pra 4 pessoas, bebemos e pagamos somente 11 euros cada um.
 - observar que Lisboa é uma cidade de dia e uma de noite. A noite existe e é muito agitada, mas seus lugares combinam mais com a luz do dia.
- conhecer lugares culturais maravilhosos como o Armazem 13 e o Centro Cultural Belem. 
- ir ao estádio e descobrir que há sim muitas facilidades em ir ver um jogo aqui: ingresso fácil de comprar, cadeira numerada, vista excelente. Mas também tem a correria de qualquer estádio: dificuldade de entrar, caos no trânsito, barraquinhas de comida e bebida do lado de fora.
- transportar-se com facilidade pra qualquer lado, inclusive deliciosas cidades ao redor (30 a 40 minutos de Comboio): Sintra e Cascais.
- por fim, descobrir pessoas interessantíssimas e outras lindas, abrindo às portas pra muita gente que ainda verei nessas férias.

Quer ver mais fotos: (clique aqui)

Lisboa  (Álvaro de Campos)Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores... 
À força de diferente, isto é monótono. 
Como à força de sentir, fico só a pensar. 

Se, de noite, deitado mas desperto, 
Na lucidez inútil de não poder dormir, 
Quero imaginar qualquer coisa 
E surge sempre outra (porque há sono, 
E, porque há sono, um bocado de sonho), 
Quero alongar a vista com que imagino 
Por grandes palmares fantásticos, 
Mas não vejo mais, 
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras, 
Que Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
A força de monótono, é diferente. 
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo. 

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Brindemos!

"Ah, bem melhor seria 
Poder viver em paz 
Sem ter que sofrer 
Sem ter que chorar 
Sem ter que querer 
Sem ter que se dar 


Mas tem que sofrer 
Mas tem que chorar 
Mas tem que querer 
Pra poder amar 


Ah, mundo enganador 
Paz não quer mais dizer amor 


Ah, não existe coisa mais triste que ter paz 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais 


O tempo de amor 
É tempo de dor 
O tempo de paz 
Não faz nem desfaz 


Ah, que não seja meu 
O mundo onde o amor morreu 


Ah, não existe coisa mais triste que ter paz 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais "


Que o meu tempo seja o tempo de viver, de experimentar, de ousar e de arriscar.
Porque a paz e a segurança são tempos de dor, mas uma dor que não me satisfaz.
E a vida é uma só. E é pra ser vivida, em toda a sua intensidade, paixão , amor e fervor.
Sim, há que sofrer, há que chorar, mas há que viver.


Um brinde a vida!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Rua Javry, 1924.

Cidade de São Paulo, 1925.
Muito difícil para a nossa geração imaginar o que era essa cidade nesta época.
O país era desindustrializado. Isso significa que a base da sua economia era agrária e comercial. Já existiam sim algumas fábricas aqui e acolá, mas não com a força dos anos 30.
São Paulo tinha cerca de 600 mil habitantes e muitos terrenos desabitados.
Foi num destes terrenos, na rua Javry, 117 que Rodolfo Crespi, dono de uma fábrica, cedeu um terreno para que um clube de futebol recem-criado pudesse praticar o esporte em condições mais dignas.


Fico imaginando este terreno cheio de gente aos domingos, tomando alguma dose e se divertindo vendo o esporte que começava a se popularizar na cidade.



Mas, somente em 1930 o clube, fundado em 1924, muda de nome e escolhe as cores do seu uniforme.
Nasce ai, um dos tradicionais clubes de futebol do Brasil: o Juventus da Mooca.


domingo, 6 de novembro de 2011

A aceitação e a subserviência frustando o profissional.

Bom, antes de começar esse texto é preciso que eu diga: toda a reflexão contida nele é do trabalho realizado na vida artística, bem antes da vinda para a África e, por isso, não há nenhuma relação com o que estou fazendo aqui.


Quem trabalha com arte, seja ela corporal ou não, tende a acreditar que ela nos transforma na medida que nos oferece o conhecimento e o senso crítico capaz de nos tirarmos da letargia e da paralisia em que nos encontramos.
A arte, quando é arte, tem esse poder. 
Um poder de nos conectar com os nossos valores e nos fazer reavaliá-los e mudar seus rumos. 
Sou daqueles que acreditam na razão como a única forma de saber e ver o mundo.
Não é por menos que me inspiro em grandes artistas como Brecht, Saramago, Almodovar, David Lynch entre outros.


Obviamente que a razão sozinha não é capaz de nada. A pessoa precisa também sentir, lidar com as emoções, com as relações e com a sensibilidade de um contato, uma beleza, um "átimo de visão".
Ou seja, a grande arte é aquela que alia estética e conteúdo.
Também tenho a ciência de que essa é uma das formas de pensar a arte. Há outras, com também resultados muito belos e interessantes.
Pois bem. Mas, a partir do momento que me descobri esse artista, que vai nessa busca, eu tinha dois caminhos a seguir: ou buscava estar sempre conectado a pessoas com esse pensamento para poder atuar e interpretar um personagem acreditando no que eu fazia, ou eu mesmo difundiria essa ideia a partir do que vivi ou vou vivendo.


E nos passos que a vida leva acabei optando pela segunda. Dediquei parte da vida a fazer essa difusão. 


Obviamente, tive grandes resultados: pessoas que resolveram seguir o mesmo caminho, àquelas que foram buscar o conhecimento e a criticidade em outras áreas e, até mesmo, pessoas que passaram a se dedicar intensamente ao trabalho social, até mesmo fora do Brasil.


No entanto, e aí está o principal motivo desta reflexão, tive grandes frustrações.
E a principal delas é saber que instrumentalizei pessoas para fazerem da arte, ou do meio artístico, melhor dizendo, ferramenta de doutrina, ideologia alienante e difusora de valores exatamente opostos ao que acredito. Pessoas que têm voltado o seu conhecimento para neutralizar o pensamento alheio por meio da aceitação e subserviência a algo abstrato.


Terei escolhido a pior das opções? Devo mudar o rumo como artista? 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Futebol perdendo o encanto

5 razões porque tenho cada vez menos me interessado por futebol:
1. Um monte de jogador meia boca acha que é craque
2. Neymar concorrendo ao melhor do mundo
3. A seleção brasileira com um pseudo-técnico conseguiu piorar o que já era ruim nos 4 anos pré copa 2010
4. Meu time cada vez pior, com um presidente incompetente só fazendo merda
5. Só um time jogando um futebol decente, e nem tanto, no mundo.

Trecho de Mia Couto

Estou me deliciando com o livro: Antes de nascer o mundo, do Moçambicano Mia Couto.
Segue um dos lindos trechos que já li na boca da personagem Marta, uma branca que está na cidade:
"É isso que essas negras têm que nunca podemos ter: elas são sempre o corpo inteiro. Elas moram em cada porção do corpo. Todo o seu corpo é mulher, todo o seu tempo é feminino. E nós, brancas, vivemos numa estranha trnasumância: ora somos alma, ora somos corpo. Acedemos ao pecado para fugir do inferno. Aspiramos à asa do desejo para, depois, tombarmos sob o peso da culpa"


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