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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O fim do patriarcalismo: movimentos sociais, família e sexualidade na era da informação.

"Os movimentos lésbico e gay não são simples movimentos em defesa do direito humano básico de escolher a quem e como amar. São também expressões poderosas de identidade sexual e, portanto, de liberação sexual. Esses movimentos desafiam algumas das estruturas milenares sobre as quais as sociedades foram historicamente construídas: repressão sexual e heterossexualidade compulsória.
[...} No entanto, as forças de transformação desencadeadas pelos movimentos em busca da identidade sexual não podem se restringir à simples tolerância e respeito pelos direitos humanos. Elas põesm em ação uma crítica corrosiva sobre o que é considerado sexualmente normal e sobre a família patriarcal. Este desafio é particularmente assustador para o patriarcalismo [...]
Por isso, o desenvolvimento futuro dos movimentos de liberação sexual não será fácil. Ao trocar a defesa dos direitos humanos pela reconstrução da sexualidade, da família e da personalidade, os movimentos tocam nos centros nervosos da repressão e da civilização, e serão pagos na mesma moeda. [...] Mesmo assim, se a experiência vivenciada no último quarto de século tiver algum valor indicativo para o futuro, o poder da identidade se reveste de mágica quando tocado pelo poder do amor." 
Castells, Manuel. O poder da identidade . Volume II

domingo, 17 de maio de 2015

Professoras e professores: estudem!

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Muitas professoras de escolas públicas apontam o mesmo "diagnóstico" quando perguntadas sobre quais os problemas da educação no país: "o desinteresse dos alunos e alunas e as famílias desestruturadas." 


O debate aqui linkado é muito bom para que possamos começar a desconstruir esses mitos. O que está por trás desse discurso são modelos idealizados de inteligência/participação e de famílias.


Modelos com base na meritocracia e num olhar liberal sobre a sociedade. Além, é claro, de ser um modelo conservador.


Quando se dão conta do grau de vulnerabilidade social das estudantes e dos estudantes se isentam da responsabilidade e estigmatizam-nas.


No entanto, não são somente as crianças, adolescentes e jovens que saem perdendo com isso. A própria classe docente se vê frustrada, desrespeitada e incapaz de mudar. Não seria melhor compreender os problemas sociais, tentar se adequar a eles e a partir dos problemas dar um salto para o futuro?





terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Homofobia e educação: quando a omissão também é signo de violência


Autor: Nelson Dinis 

Em “Homofobia na perspectiva dos Direitos Humanos e no contexto dos estudos sobre preconceito e discriminação”, o juiz federal brasileiro Roger Raupp Rios traz uma interessante problematização em relação ao termo homofobia. De uma forma geral, ela é definida como o preconceito e a discriminação em relação às pessoas homossexuais, mas Rios (2009), ao se debruçar sobre o conceito, nos lembra que sua apropriação no discurso acadêmico se deu a partir de uma condensação da palavra homosexualphobia, usada nas pesquisas do psicólogo americano George Weinberg no início dos anos setenta do século passado. Todavia, Rios observa também que foi a proposição do termo a partir da experiência masculina que originou “a proliferação de outros termos objetivando designar formas correlatas e específicas de discriminação, como putafobia (prostitutas), transfobia (travestis e transexuais), lesbofobia (lésbicas) e bissexualfobia (bissexuais)” (RIOS, 2009, p. 60).
A generalização do termo homofobia, um termo masculinizante que passou também
a se referir as outras formas de discriminação contra a diversidade sexual de mulheres lésbicas, mulheres e homens bissexuais, travestis e transexuais, é interessante, pois nos revela mais uma das limitações de nossa

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Homofobia nas Escolas: um problema de todos

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Rogério Diniz Junqueira


Todo preconceito impede a autonomia do [ser humano], ou seja, diminui sua liberdade relativa diante do ato de escolha, ao deformar e, conseqüentemente, estreitar a margem real de alternativa do indivíduo. Agnes Heller (1992: 59)
Escola e reprodução da heteronormatividade



Diante do anseio de construirmos uma sociedade e uma escola mais justas, solidárias, livres de preconceito e discriminação, é necessário identificar e enfrentar as dificuldades que temos tido para promover os direitos humanos e, especialmente, problematizar, desestabilizar e subverter a homofobia. São dificuldades que se tramam e se alimentam, radicadas em nossas realidades sociais, culturais, institucionais, históricas e em cada nível da experiência cotidiana. Elas, inclusive, se referem a incompreensões acerca da homofobia e de seus efeitos e produzem ulteriores obstáculos para a sua compreensão como problema merecedor da atenção das políticas públicas.
Ao mesmo tempo em que nós, profissionais da

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Gênero e funk na escola

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 "Sou feia mas to na moda": o funk carioca, a mercantilização do corpo e o feminismo" 




O documentário: algumas considerações.

O documentário "sou feia, mas tô na moda" com direção de Denise Garcia traz um pouco sobre história do funk brasileiro, sua origem, seus "inspiradores" e sua relação com: a violência na década de 90 e com o prazer nos anos 2000. Além disso, problematiza questões sobre a cultura do funk, o preconceito, a discriminação, o sexo, machismo e feminismo através de relatos de mc's, dj's e das moradoras e moradores das favelas cariocas.
O documentário começa no Rio de Janeiro, na favela Cidade de Deus, local em que

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Mulher de Papel - A Representação da Mulher Pela Imprensa Feminina Brasileira

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A homofobia muitas vezes ocorre pela associação feita entre gays e mulheres.
Numa sociedade machista abdicar da posição de homem para "parecer mulher" é uma afronta.
Então, para começar, a indicação vai para o livro "Mulher de Papel - A Representação da Mulher Pela Imprensa Feminina Brasileira".
Nele, Dulcilia Schroeder Buitoni docente de mestrado em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero - SP (
http://casperlibero.edu.br/mestrado/corpo-docente-do-mestrado/ )
analisa a a representação da mulher na imprensa feminina brasileira.
Da mocinha casadoira e pouco alfabetizada de 1880 à celebridade siliconada de 2001, meninas, jovens e adultas estiveram e
estão sob a influência poderosa da mídia impressa especializada. Baseando-se no contexto sociocultural de cada época,
a autora mostra que a mulher ainda tem muito que fazer para deixar de ser representação e virar realidade.
A reprodução de páginas e capas - resultado de extensa pesquisa iconográfica - permite visualizar as transformações
na construção dos modelos de mulher. O livro compõe um grande mosaico da imprensa feminina, sendo fundamental para
estudantes, pesquisadores e todos que se interessam pelas relações entre gênero e comunicação.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O professor e sua função política

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Daniel Cerqueira*


Diante das políticas neoliberais implantadas nas últimas décadas na América Latina e Caribe, a figura do professor-obstáculo (EVANGELISTA;SHIROMA, 2007) é uma das mais importantes formas de resistência e um fator impeditivo de reformas que visem deslegitimar o docente e a educação numa perspectiva emancipadora.

Desde a “Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990)” que a educação é vista como política de promoção de equidade social. Apoiada e financiada pelo Banco Mundial, projetos de redução da desigualdade social, por meio da universalização do acesso à educação, vem sendo implementados, especialmente na região citada. No entanto, [...]os projetos do Banco (1995) deverão privilegiar a distribuição de livros e de outros pacotes instrucionais, assim como o treinamento dos professores para a adequada utilização dos mesmos(BIRD apud FONSECA, 1998, p.18).

Ou seja, verifica-se, assim, uma orientação para uma educação onde o professor/docente é o instrumento facilitador do manuseio de produtos ideologicamente pensados para a manutenção do capitalismo e da qualificação de mão de obra barata ou de umexército industrial de reserva” (MARX, 1867).

Para isso, toda a educação básica deve ser reformulada e pensada para inculcar a competitividade e a meritocracia nos ambientes educacionais. O conceito de qualidade de educação fica imediatamente atrelado às questões das avaliações que padronizam e desregionalizam o ensino e ignoram os processos de ensino-aprendizagem.

Na visão produtivista, o ensino público não atende, por falta de estímulo, as necessidades da demanda por trabalho. A proposta que formula é de que a rede escolar esteja sujeita às regras do mercado, de modo que os diretores e os professores tenham interesse em formar ganhadores, pois esta seria a melhor forma de eles próprios ganharem o jogo concorrencial. Cada escola seria julgada pelo “mercado”, isto é, pelos alunos ou seus pais, em função da qualidade de seu produto, avaliada pelo maior ou menor êxito dos seus ex-estudantes na vida econômica e social. E a escola avaliaria seus professores pelos mesmos critérios. (SINGER, 1996, p.8)

Surgem, assim os sistemas apostilados, os bônus por produtividade, o Saresp, o Ideb, o Enem... Abandona-se a ideia de uma formação integral do sujeito, preconizada no Brasil principalmente por Paulo Freire, com vista à uma consciência crítica e a emancipação pelo conhecimento. A avaliação tecnicista ganha força em detrimento da formativa.

A avaliação formativa pode ser integrada a um processo classificatório, ao mesmo tempo em que oferece condições para potencializar as dimensões reflexiva e cooperativa indispensáveis a uma avaliação numa perspectiva emancipatória. (ESTEBAN, 2008, p12)

Na educação infantil, a perspectiva do educar e do cuidar defendida pelos movimentos liderados por professores, têm dificuldade de implementação e efetivação, na medida em que este setor da educação básica não consegue se desvencilhar de uma política compensatória. uma complexificação deste item, na medida em que a dicotomia assistência social/ pedagogia obscurece o debate do papel social destes espaços educativos e reforça estereótipos onde assistência e assistencialismo são confundidos.

De maneira geral, o que podemos observar é que 

as propostas para educação da infância não se 

pautam nos princípios de direito e igualdade. Estes 

são substituídos pelos princípios da equidade e 


competitividade. E, como pontuado, a educação – 

e, por extensão, a educação para a pequena 

infância - é inserida numa nova ordem, afastando-

se de sua função social emancipatória, sendo 

preconizada como uma política focal de combate à 

pobreza. (CAMPOS, 2009, p37)



Podemos considerar a citação de Campos permeada desta confusão dicotômica. Tem-se a impressão de que ambas, pedagogia e assistência social, não podem caminhar juntas. Talvez por receio de que uma substitua a outra, ou pela dificuldade dos docentes em compreender a assistência social como uma política de garantia de direitos básicos (entre eles, o da educação pública) por meio da emancipação cidadã. É recente a transferência oficial das creches de uma política de assistência social, e no caso brasileiro, uma assistência social que pouco conseguiu definir seu projeto político a partir do movimento de reconceituação da segunda metade do século XX (IAMAMOTO; CARVALHO,1988), para uma política educacional.

O mesmo não se pode dizer a respeito do ensino fundamental. Passado seu momento de implementação, na segunda metade do século XIX, o novo século lutou para a universalização do acesso. Os anos 30 foram importantes neste sentido com o movimento da Escola Nova e que culminou no Manifesto dos Pioneiros e na defesa da ampliação do sistema educacional. Embora estudos recentes apontem para umaescola para todosonde otodosreferia-se a classe média e a elite urbana brasileira (VEIGA, 2004).

Os Projetos do Banco Mundial e dos Organismos Internacionais quebram este paradigma e, a partir da regularização do fluxo (idade/ano escolar), a década de 1990 obtêm finalmente o sucesso esperado.

Atribuo importância significativa à 

universalização do acesso ao ensino fundamental, 

posto que esta faz com queas contradições 

mudem de lugar, passando a concentrar-se na 

expansão das etapas posteriores a este e na 

qualidade da educação básica, notadamente do 

ensino fundamental. (OLIVEIRA, 2007, p.666)


Aqui, a luta do professor-obstáculo concentrar-se-à na qualidade, seja a partir da valorização da profissão docente, do aperfeiçoamento do currículo ou da luta política por legislações que contribuam para a formação do sujeito (como exemplo, temos a lei 10.639/06 que implementa o ensino da história e da cultura africana nas escolas).

Por fim, as etapas posteriores da educação básica no Brasil passam por rápidas e intensas transformações nos últimos anos. O ensino técnico/profissionalizante, o ensino superior e a educação de jovens e adultos são os que mais sofrem os impactos das políticas neoliberais.

Do ponto de vista prático,[...], os educadores brasileiros do ensino médio e da educação profissional, assim como a própria sociedade, não incorporou como sua a concepção de ensino médio integrado na perspectiva da formação omnilateral e politécnica. Ao contrário, predomina, ainda, de um lado, a visão sobre o ensino médio profissionalizante como compensatória e, de outro, a defesa de um ensino médio propedêutico, sendo a profissionalização um processo específico e independente. É permanente a demanda pelo ensino superior, talvez por ser o único canal acessível de mobilidade social para os segmentos desfavorecidos da população. (CIAVATTA;RAMOS, 2011, p.35)

Paradoxalmente, são nessas etapas que observamos com mais vigor o professor-obstáculo e seu poder de resistir às reformas. De um lado, os órgãos oficiais, impulsionados pelo capital, tentam adequar a educação básica à visão mercadológica e conseguem grande adesão de professores formados para atender ao seus interesses. Do outro, os professores-obstáculos, organizados em sindicatos e movimentos sociais, que insistem na resistência, ora com sucesso, ora com reveses.

Esta constante tensão entre as políticas públicas e os professores é, no entanto, de extrema relevância para o fortalecimento da educação básica na perspectiva defendida neste texto.

Estudos sobre a formação integrada evidenciam as dificuldades, mas não a impossibilidade de sua implantação, desde que apoiados por um projeto firme e coerente para sua realização, que supõe: a superação da mentalidade conservadora dos padrões pedagógicos vigentes, assim como de posições políticas adversas ao discurso da formação integrada e da educação emancipatória que tenha base na crítica à sociedade de mercado; gestão e participação democrática nas instituições educacionais; estudo e qualificação conceitual e prática dos professores; envolvimento do quadro docente permanente e transformação dos vínculos precários de trabalho para proporcionar a todos os professores condições materiais (instalações, laboratórios etc.) e condições dignas de trabalho, salariais, de carreira e compromisso com as instituições. (CIAVATTA;RAMOS, 2011, p.36)



Bibliografia


CAMPOS, R. A educação das crianças pequenas como estratégia para a contenção da pobreza: análise de iniciativas dos organismos internacionais em curso na América Latina. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.1, p.29-39 , jan.-jun. 2009.
CIAVATTA, M. & RAMOS, M. Ensino Médio e Educação Profissional no Brasil: dualidade e fragmentação. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 5, n. 8, p. 27-41, jan./jun. 2011.
ESTEBAN, M.T. Silenciar a polissemia e invisibilizar os sujeitos: indagações ao discurso sobre a qualidade da educação. Revista Portuguesa de Educação, Minho (Portugal), 21(1), pp. 5-31, 2008.

EVANGELISTA, Olinda e  SHIROMA, Eneida Oto. Professor: protagonista e obstáculo da reforma. Educação e Pesquisa, vol.33, n.3, pp. 531-541, 2007

FONSECA, M. O Banco Mundial como referência para a justiça social no terceiro mundo: evidências do caso brasileiro. Rev. Fac. Educ. vol.24 n.1 São Paulo Jan./Jun. 1998.

IAMAMOTO, Marila Villela; CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Cortez, 1988.

MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. Livro Primeiro: o processo de produção do capital. 5.ed. Tradução de Reginaldo Santana. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1980. VERSÃO ORIGINAL: 1867

OLIVEIRA, Romualdo Portela. Da universalização do ensino fundamental ao desafio da qualidade: uma análise histórica. Campinas, Educação e Sociedade, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 661-690, out. 2007.
SINGER, P. Poder, política e Educação. Revista Brasileira de Educação, n. 1, p.5-15, Jan/Fev/Mar/Abr 1996.

UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990). Disponível em <http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso: 09/set/2013


VEIGA, Cynthia Greive. Manifesto dos pioneiros de 1932: o direito biológico à educação e a invenção de uma nova hierarquia social. In: XAVIER, Maria do Carmo (org). Manifesto dos pioneiros da educação: um legado educacional em debate. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.


VENTURA, J.  Educação ao longo da vida e organismos internacionais: apontamentos para problematizar a função qualificadora da Educação de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos, vol. 1, 1, p. 29-44, 2013.

*Daniel Cerqueira é educador e pesquisador da produção de homofobia em ambientes educativos e das políticas públicas de combate à ela.