"Os movimentos lésbico e gay não são simples movimentos em defesa do direito humano básico de escolher a quem e como amar. São também expressões poderosas de identidade sexual e, portanto, de liberação sexual. Esses movimentos desafiam algumas das estruturas milenares sobre as quais as sociedades foram historicamente construídas: repressão sexual e heterossexualidade compulsória.
[...} No entanto, as forças de transformação desencadeadas pelos movimentos em busca da identidade sexual não podem se restringir à simples tolerância e respeito pelos direitos humanos. Elas põesm em ação uma crítica corrosiva sobre o que é considerado sexualmente normal e sobre a família patriarcal. Este desafio é particularmente assustador para o patriarcalismo [...]
Por isso, o desenvolvimento futuro dos movimentos de liberação sexual não será fácil. Ao trocar a defesa dos direitos humanos pela reconstrução da sexualidade, da família e da personalidade, os movimentos tocam nos centros nervosos da repressão e da civilização, e serão pagos na mesma moeda. [...] Mesmo assim, se a experiência vivenciada no último quarto de século tiver algum valor indicativo para o futuro, o poder da identidade se reveste de mágica quando tocado pelo poder do amor."
Castells, Manuel. O poder da identidade . Volume II
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Para quem milita no movimento LGBT é revoltante, em 2013, ainda se deparar com isso. Eram 7h da manhã quando passa na TV TEM de Sorocaba uma matéria sobre teste gratuito de doenças sexualmente transmissíveis, na cidade de Tatui. Enquanto a matéria acontece, observe o cartaz da Campanha colado no Posto de Saúde.
Eu só conseguia pensar:
ainda hoje, um cartaz reforçando o preconceito, a ideia do grupo de risco?
Porque a pessoa chega no posto de saúde e vê esse cartaz. Qual a mensagem subliminar?
Aids = doença de gay.
INACREDITÁVEL!
Mas você pode até tentar argumentar: você tá viajando? Ninguém mais pensa isso!
Pois bem...
Numa dinâmica realizada há duas semanas com adultos, uma personagem era identificada como menino gay e os demais precisavam conversar com ela para que ela sentisse pelas reações quem ela era.
Após algum tempo de dinâmica eu pergunto:
-E aí, descobriu quem você é?
- Devo ser algo grave.
- Por quê?
- Primeiro disseram pra eu ser feliz como eu era e depois mandaram eu usar camisinha.
- Então, quem você acha que é?
- Uma pessoa com Aids.
Voltando à campanha. Eu entro no sítio pra saber da campanha e qual não são as minhas outras surpresas:
1. é uma campanha financiada pelo governo federal.
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Preconceito. Esta é uma palavra difícil de se entender o significado até se passar por um.
Ele é devastador da psiqué humana e é, em muitos casos, a explicação para uma série de atitudes agressivas que vemos por aí.
Esse filme que a GNT transmitiu é uma porrada forte no estômago. Não somente por tratar do racismo nos E.U.A , mas porque essa situação pode ser extendida ao preconceito contra gays, idosos, crianças com deficiência, etc...
Se hoje falamos tanto de bullying, precisamos entender como se dá esse processo na mente do bulinado.
Por isso,
ver esse filme é de suma importância.
Tive contato com ele numa aula de psicologia social e ele revela muitas coisas, mas a principal para mim é:
"Não fazer nada é estar de acordo com o opressor"
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A internet parece ter tomado o lugar dos antigos guetos urbanos e se tornado passagem quase obrigatória para gays no processo de autodescoberta
Historicamente, em geral, homens e mulheres mantiveram seus anseios homoeróticos em segredo, o que lhes dava a sensação de serem únicos e viverem o fardo de um desejo secreto sem ter com quem compartilhar temores e sofrimentos. Alijadas do espaço público, sexualidades marginalizadas foram se restringindo a locais de encontros e espaços reduzidos das grandes cidades, restando pouca ou nenhuma opção para a maioria dos homo-orientados que viviam – e ainda vivem – em cidades médias, pequenas, na zona rural ou mesmo na periferia das metrópoles. A despeito das polêmicas e imprecisões, esses territórios foram chamados, inicialmente, de guetos.
Segundo os antropólogos Júlio Assis Simões e Isadora Lins França, nos anos 90, no Brasil, o gueto – ou “meio” – começou a dar lugar a um circuito comercial complexo e geograficamente amplo. A partir de 1997, a internet comercial iniciou o processo de expansão no Brasil, transferindo, ampliando e até mesmo recriando o espaço para a socialização de sexualidades dissidentes. A rede ampliou códigos do universo lésbico e gay metropolitano (sobretudo de São Paulo e do Rio de Janeiro) para o resto do país e o inseriu no circuito internacional.
Hoje, a internet parece ter tomado o lugar dos antigos guetos urbanos e se tornado passagem quase obrigatória para homossexuais no processo de autodescoberta, em seus
contatos sexuais ou amorosos e na criação de redes de apoio. Afirmações como “sou fora do meio” ou “procuro alguém fora do meio (como eu)” são recorrentes nos anúncios sexuais, na apresentação em bate-papos on-line ou mesmo nos perfis de redes de relacionamento e reafirmam a perspectiva de que os pontos de encontro de culturas sexuais não hegemônicas seriam marginais, perigosos e, sobretudo, denunciariam uma identidade “socialmente perseguida”. Um olhar mais atento sobre essas autoapresentações revela também que a rede é tida como forma de socialização “limpa”, capaz de manter a crença de que a vida social é (ou deveria permanecer) heterossexual.
A necessidade de encontrar alguém para falar de seu desejo – seja para criar uma relação amorosa ou fazer amigos, seja simplesmente para compartilhar dores – converte a internet no mais novo meio de controle da sexualidade. Ao colocar o sexo em palavras, a rede se distancia das “regras” que marcavam o antigo “meio”, ou seja, o silêncio sobre o que se fazia. Mas que não se imagine tratarse de um avanço, pois a web, ao trazer o sexo ao discurso, faz também com que os internautas ampliem o papel da sexualidade em sua vida e na própria forma como se compreendem.
No primeiro volume de sua História da sexualidade, o filósofo e historiador francês Michel Foucault (1926-1984) explorou em detalhes o fenômeno histórico que trouxe a sexualidade para o discurso desde a técnica cristã da confissão até a psicanálise. Segundo ele, o dispositivo histórico da sexualidade se caracteriza pela inserção do sexo em formas de regulação baseadas em uma rede de discursos. No presente, não seria exagero afirmar que a internet é um dos meios sociais de controle sexual.
Entrar na web para falar do próprio desejo constitui um exercício subjetivo que pode reforçar a impressão de que tudo não passa de “sexualidade”, pensamento reconfortante para homens que são incentivados desde a infância a separar amor de sexo. O reconforto dessa divisão estaria na aceitação de sua vida amorosa se fosse construída como heterossexual (e quiçá reprodutiva) no espaço público da vida familiar e do trabalho e como homo-orientada apenas em segredo, desvinculada da afetividade ou do compromisso duradouro.
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Nesta noite de quinta-feira, 12, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) lança a campanha nacional pelo casamento igualitário no clube Galeria Café, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Com o apoio de artistas e intelectuais, o político deseja aprovar uma emenda constitucional que torna o casamento um bem de todos e que todos (gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e heterossexuais) tenham acesso fácil a este direito, hoje ainda entendido por alguns cartórios como quase que exclusivamente heterossexual.
Jean Wyllys no site criado para a campanha diz: “A proibição do casamento aos homossexuais [...] priva-nos a gays e lésbicas de uma longa lista de benefícios sociais e nos exclui de uma celebração que tem efeitos ordenadores em nossa cultura.”
E coloca uma questão importante: “Estamos falando de uma forma de discriminação do mesmo tipo que [já foi] a exclusão das mulheres ao direito ao voto, a proibição do casamento inter-racial, a segregação de brancos e negros, a perseguição contra os judeus. Da mesma maneira que hoje não há mais ‘voto feminino’, mas apenas voto, nem há mais ‘casamento inter-racial’, mas apenas casamento, chegará o dia em que não haja mais ‘casamento homossexual’, porque a distinção resulte tão irrelevante como resultam hoje as anteriores e o preconceito que explicava a oposição semântica tenha sido superado.”
Está aí a raiz da questão de igualdade perseguida pelos princípios dos Direitos Humanos. Realmente, cada vez mais fará menos sentido o termo casamento gay, por isso o nome casamento igualitário é mais do que apropriado, ele já carrega ideologicamente a ideia de igualdade para quem queira apenas casar, seja qual orientação sexual ou identidade de gênero.
“Com a PEC (projeto de emenda constitucional) proposta pelo deputado, tudo ficará mais fácil, principalmente para quem não tem dinheiro para contratar serviços de advocacia” como informou ao Blogay a assessoria do deputado.
Além do site e de um abaixo-assinado(clique aqui para assina já!) , o político teve uma sacada de mestre na era das celebridades. Jean Wyllys chamou famosos para participar da campanha, assinar a petição e participar de um vídeo dizendo porque é à favor do casamento igualitário. Com certeza é uma maneira inteligente de chamar a atenção e a simpatia para a questão.
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De vez em quando escrevo aqui textos que, creio, podem provocar a reflexão de educadores e arte/educadores(clique aqui para ver o que já publiquei).
Hoje escrevo sobre um tema muito presente na minha experiência de arte-educador e que gerou um desejo de me especializar na temática como vertente de trabalho: a homofobia e os direitos sociais.
A fase da pré-adolescência e adolescência é o momento mais fácil de se detectar a orientação sexual dos educandos. E em algumas crianças, os sinais são gritantes.
É incrível como em quase todos os ambientes, rico ou pobre, formal ou informal, os educadores e cordenadores não sabem como lidar com essa informação, muitas vezes reproduzindo discursos preconceituosos e reafirmando atitudes homofóbicas dos demais colegas de turma da criança.
Sendo assim, para começar a tratar desse tema no blog reproduzo um trecho do TCC de Marcelo Ricardo Prata, do curso de Serviço Social da PUC-RJ que chama: Serviço Social e Homossexualidade.
1.3 – A homofobia na escola
A escola, depois da família, é o segundo grupo social mais importante para os indivíduos, já que é neste complexo grupo que o sujeito aprimora seusconhecimentos trazidos de casa e passa a conhecer outros universos. Em setratando de civilização brasileira, avançamos muito pouco com relação às idéiassobre o corpo, a alma e a sexualidade inculcadas no século XVI. A situação é ainda mais acentuada quando fazemos referência às questões de ordem sexualno âmbito da educação escolar. Este tema é, em geral, visto com olhar “enviesado”, estreito, apesar da sociedade democrática ter escolhido a partir doséculo XVIII, as instituições de ensino, em todos os níveis, para acolher as
grandes questões que inquietam o meio social. A homossexualidade é tema que educadores, sejam diretores, coordenadores ou professores, com ou sem pósgraduação, fazem questão de silenciar, causando assim, a exclusão de váriosmeninos e meninas do núcleo escolar. Para melhor entendermos o conceito de exclusão, recorro a Sposatti, que nos mostra que:
“Exclusão social é a impossibilidade de
poder partilhar da sociedade e leva a
vivência da privação, da recusa, do
abandono e da expulsão, inclusive com
violência de uma parcela significativa da
população, por isso, a exclusão social
não é só pessoal, não se trata de um
processo individual, embora atinja
pessoas, mas de uma lógica que está
presente nas varias formas econômicas,
sociais, culturais e políticas da sociedade
brasileira. Esta situação de privação
coletiva é que está se entendendo por
exclusão social”.
(SPOSATTI, Adaiza. Mapa da Exclusão/inclusão
social na cidade de São Paulo. EDUC,
São Paulo, 1996, p. 05.)
Não seria oportuno, no âmbito da educação escolar, uma reflexão sobre o assunto? Poderíamos continuar indiferentes à problemática da sexualidade.
Diriam, assim, alguns educadores: “Se não sou homossexual, o que tenho a ver com os que o são?”. Exatamente, por se ter nossa orientação sexual resolvida, devemos ter uma preocupação com aqueles que, sendo crianças ou adolescentes, estão se definindo sexualmente para a vida?
Ao fazer referência às escolas públicas, a questão da homossexualidade sofre com um preconceito muito acentuado. Nas escolas privadas, pouco se discute, pouco se fala, pouco se reflete, gerando, não poucas vezes, comportamentos sutilmente agressivos de professores com relação aos alunos homossexuais, sejam meninos ou meninas. Nestas escolas privadas, aceita-se o matriculado, mas não se tolera o educando com tendência homossexual. A diferença entre escola pública e privada, nesse particular, é que, naquela, não há o princípio de tolerância.
É na escola que meninos e meninas aprendem ou apreendem o convívio social com o resto da sociedade, já que a educação escolar não pode ser vista como o único meio de aprendizado, mas a continuação e aprimoramento dos saberes passados pelo convívio familiar, principalmente quando se pensa em educação e relação com o corpo. Para completar esta afirmação é preciso definir e conceituar Educação, segundo Brandão:
“Não há uma forma única, nem um modelo único de Educação a escola não é o único lugar onde ela acontece e, talvez nem seja o melhor, o ensino escolar, não é essa a sua única pratica e o professor profissional não é o seu único praticante”. (BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação?
26ª edição, Editora Brasiliense, Coleção
Primeiros Passos, São Paulo, 1991. p.09.)
As últimas pesquisas sobre sexualidade na escola revelam dados preocupantes, dignos de serem urgente e amplamente debatidos. Dados estes que precisam ser reconstruídos na direção da transformação da sociedade, combatendo (e não reproduzindo) as diversas formas de exclusão. Uma direção em que o eixo é a promoção da cidadania: o respeito às diferenças, à convivência democrática com a diversidade, rumo à inclusão e a uma maior justiça social. Apresento a seguir, o perfil dos professores brasileiros, de escolas públicas e privadas, nas 27 Unidades da União, segundo pesquisa feita pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em parceria com o Ministério a Educação:
81% declararam ser mulheres
18,5% declararam ser homens
59,7% declararam ser inadmissível que uma pessoa possa ter
experiências homossexuais
21% declararam não desejar ter como vizinhos homossexuais
(UNESCO. IN: Folha de PE, 25/02/2004.)
O referido índice de intolerância surpreende e preocupa, considerando dentre outras questões, o “poder” de influência dos professores, que nos jovens chega a ser maior que a dos próprios pais. Outra pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade” realizada pela Unesco no ano de 2000, em 14 capitais (dentre estas, Recife), com 16.422 alunos, 3.099
educadores e 4.532 pais e mães de alunos(as) de 241 escolas, revelam que:
27% dos alunos declararam que não gostariam de ter homossexuais como colegas de classe. 35% dos pais(os homens mais preconceituosos: chegando a 60% em Recife) e mães de alunos declararam que não gostariam que seus filhos tivessem homossexuais como colegas de classe. 15% dos alunos declararam que consideram a homossexualidade doença (UNESCO. IN: Folha de PE, 25/02/2004.)
Estes últimos dados indicam, que mesmo aparentemente liberais, os jovens dessa geração também têm seus traços de intolerância. Neste tocantepresenciamos no cotidiano escolar alunos humilhando outros só porque são
homossexuais, reproduzindo a “homofobia” ainda muito presente na nossasociedade, contribuindo assim para a exclusão social e a injustiça de quem as
sofre.
A homofobia, aversão a pessoas que têm atração sexual por pessoas do mesmo sexo, tem sido enfrentada pelo Governo Federal através do
Programa Brasil sem homofobia , lançado em maio de 2004, que possui uma variedade de
ações para promover o respeito à diversidade sexual, como por exemplo, o direito à Educação, que visa promover valores de respeito à paz e a nãodiscriminação por orientação sexual.
No âmbito da educação escolar, precisamos acirrar as reflexões e ações, poisnão podemos continuar tratando com “invisibilidade” a sexualidade que estápresente na escola com toda a sua complexidade e diversidade, pois ainda nos
defrontamos com posturas machistas, sexistas, preconceituosas e indiferentes no cotidiano escolar, tais como: “se não sou homossexual, o que tenho a ver com os que são?”; uma travesti que prefere usar seu nome feminino, em vez do de batismo, e o professor insiste em chamá-la pelo nome de batismo. E onde fica o respeito em não tratá-la como ela prefere (como se reconhece).? E a professora que não aceita o aluno de brinco na escola? E a professora que solicita nas entrelinhas das inquietações apontadas nas capacitações sobre sexualidade, “receitas” para corrigir as “tendências homossexuais dos(as) alunos(as)? Ainda com a idéia de que a orientação sexual é uma opção, de que é aprendido, de que você pode educar uma pessoa para ser heterossexual ou homossexual. Para além da situação extrema do assassinato, muitas outras formas de violência vêm sendo apontadas, envolvendo familiares, vizinhos, colegas de trabalho ou de instituições públicas como a escola, as forças armadas, a justiça ou a polícia, os números da violência são alarmantes, conforme nos mostra Mott:
“A violência letal contra homossexuais - e mais especialmente contra travestis e transgêneros - é, sem dúvida, uma das faces mais trágicas da discriminação por orientação sexual ou homofobia no Brasil. Tal violência tem sido denunciada com bastante veemência pelo Movimento GLTB, por pesquisadores de diferentes universidades brasileiras e pelas organizações da sociedade civil, que têm procurado produzir dados de qualidade sobre essa situação. Com base em uma série de levantamentos feitos a partir de notícias sobre a violência contra homossexuais publicadas em jornais brasileiros, os dados divulgados pelo movimento homossexual são alarmantes, revelando que nos últimos anos centenas de gays, travestis e lésbicas foram assassinados no País. Muitos deles, como Édson Néris, morreram exclusivamente pelo fato de ousarem
manifestar publicamente sua orientação
sexual e afetiva”.
( MOTT, Luiz. Os homossexuais.
As vítimas principais da violência.
IN: G.Velho, Alvito(orgs.). cidadania e
violência. Editora UFRJ/Editora
2FGV, 1996. p. 50.)
Muitas vezes os professores não apenas silenciam, mas colaboram ativamente na reprodução de tal violência, já que muitos não gostariam de ter alunos homossexuais, mas alguns consideram que as brincadeiras não são manifestações de agressão, naturalizando e banalizando expressões de preconceito e, esquecendo-se da violência simbólica imbutida no discurso. Não podemos falar em violência escolar, sem definirmos em algum momento o que é e, que representa a violência, como nos mostra Costa:
“Violência é o emprego desejado da agressividade com fins destrutivos. Agressões físicas , brigas, conflitos podem ser expressões de agressividade humana, mas não necessariamente expressões de violência, a ação é traduzida como violência pela vítima, pelo agente ou pelo observador. A violência ocorre quando há o desejo ou intenção de destruição”
(COSTA, Jurandir Freire. IN: FUKUI, L.
Segurança nas escolas. IN: Zaluar, Alba
(org.). Violência e educação.
Editora Cortez, São Paulo, 1992, p. 103.)
A violência no âmbito escolar não pode ser reduzida apenas ao plano físico. Neste ambiente plural as agressões vão desde um apelido “inocente” até chegar às agressões físicas de fato.
A idéia da a violência física associada com a criminalidade faz com que a violência simbólica passe despercebida pelos
bancos escolares. Também não podemos deixar de mencionar, que a violência ocorrida no espaço escolar vem de fora dele, por causa das questões sociais, já que em muitos casos, algumas crianças que passaram ou que ali estão sofrem ou sofreram por violência anterior a escolar. Nunam define três tipos de violência doméstica que acabam se repetindo no espaço escolar:
“Agressão física pode ser caracterizada
por qualquer comportamento, que utilize
força física, cuja conseqüência são
danos corporais ou destruição de
propriedade; a violência psicológica
tende a se manifestar através de
intimidação, humilhação, ameaças,
agressões verbais, isolamento social e
dependência financeira forçada e a
agressão sexual está relacionada a atos
sexuais não-consensuais ou que visam
humilhar o parceiro com relação a seu
corpo, desempenho sexual ou
sexualidade”.
(Nunan, Adriana. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
ENTRE CASAIS HOMOSSEXUAIS: O
SEGUNDO ARMÁRIO? 2003. Rio de Janeiro.)
Quando falo em escolarização formal penso no sistema educacional que não consegue lidar com casos tão específicos quanto os dos homossexuais masculinos e femininos; travestis ou transgêneros, apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecerem que:
“Se a escola que se deseja deve ter uma
visão integrada das experiências vividas
pelos alunos, buscando desenvolver o
prazer pelo conhecimento, é necessário
que ela reconheça que desempenha um
papel importante na educação para uma
sexualidade ligada à vida, à saúde, ao
prazer e ao bem-estar, que integra as
diversas dimensões do ser humano
envolvidas nesse aspecto”
(BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade
cultural, orientação
sexual. Brasília, MEC, SEF, 1997. p. 80.)
O ambiente escolar é responsável pelo grande número de jovens agredidos por causa de sua orientação sexual, já que as crianças não têm em suas famílias acesso ao diferente, ao plural e, ao entrarem para a escola excluem de seus meios tudo aquilo que não lhes parece normal em âmbito familiar. Não raro encontramos um menino ou uma menina sendo “massacrados” por piadinhas e apelidos maldosos, simplesmente por não estarem cumprindo seus papéis
sociais: menino joga bola e, menina brinca de boneca. O que não corresponde a esta realidade está fora da normalidade e é errado. Esta intolerância se mostra mais agressiva e mais visível, quando o adolescente homossexual começa a
demonstrar sinais claros de se tornar um possível travesti ou transgênero na idade adulta como nos mostra Mott, acerca da homossexualidade adolescente:
‘’Geralmente, quando ainda estão cursando o ensino fundamental, por volta dos 13 ou 14 anos, as jovens travestis começam os processos de hormonização, depois vem a siliconização e o preconceito. A família, principalmente no Nordeste, não aceita e o garoto é expulso de casa. O único meio de vida é a prostituição. Costumo comparar a travesti a uma ilha, só que ao invés de estar cercada de água por todos os lados está cercada pela violência”
A homossexualidade dentro da escola é tratada do mesmo modo como é tratada fora dela, ou seja, a partir dos papéis sociais/sexuais impostos pela sociedade a homens e mulheres na vida cotidiana. As relações de poder também estão presentes no imaginário popular no que diz respeito à sexualidade humana, já que o poder está relacionado à masculinidade, enquanto ao feminino cabe a delicadeza e a sensibilidade. Neste ambiente, podemos observar que as relações sexuais também passam pelo crivo social dos papéis sexuais/sociais. A idéia de que o homossexual ativo é aquele que domina a relação e, o passivo é o que se deixa dominar (o que exerce no caso dos homens o papel da mulher) ocorre em inúmeras sociedades. Neste Brasil que chamamos – ou pelo menos achamos ser – livre de preconceitos não seria diferente: a regra social é quem dita o que homens e mulheres devem cumprir para que sejam aceitos por ela, imprimindo sua marca machista nos sujeitos, conforme nos mostra Fry:
‘O menino é chamado de bicha, não simplesmente porque se supõe que ele goste de manter relações homossexuais, mas porque ele é “efeminado
(desempenha o papel feminino) e porque se mantiver um relação homossexual desempenhará um papel femininamente passivo. O rapaz que desempenha o papel masculino e que poderia ser o parceiro sexual da bicha(por tanto mantendo uma relação homossexual), é chamado de homem ou de machão.”
Por isso, é importantíssimo ao se falar de homossexualidade, falarmos dos papéis sociais aos quais homens e mulheres são submetidos em nossa sociedade. Ao homem, cabe a virilidade e o sustento da casa e, às mulheres a delicadeza e o cuidado com a casa - mantendo-a sempre limpa e organizada,
bem como a educação dos filhos. No âmbito escolar, o aluno “passivo” sempre é punido e o “ativo” permanece sempre como o machão, já que a passividade é um traço extremamente feminino. Esta movimentação é o que denominamos a divisão sexual da sociedade. A escola deve cumprir seu papel como educador, porém as culturas, as religiões e os gêneros devem ser respeitados e discutidos em grupo. Ela precisa pregar a tolerância e não a intolerância, como podemos observar com este presente trabalho. Professores e profissionais da área devem abrir seus olhos, livrando-os da cortina imposta pela sociedade burguesa moralista e trabalharem a favor da ética e do respeito ao próximo, sem distinções.
É neste contexto contraditório de papéis sociais/sexuais que aparece a violência contra homossexuais, já que para sociedade, o correto, o certo, o normal é que um homem aja socialmente – refiro-me a atitudes - como o homem ditado por ela e se relacione sexualmente com uma mulher e vice-versa, o contrário está caracterizado como anormal, errado.
O cantor gospel americano Theory Hazit está causando polêmica entre a comunidade evangélica, devido ao lançamento dosingle “Concealed Sorrow”, que retrata a história real de um adolescente gay. A letra da música e o clipe baseiam-se nesta história, contada porTony Campolo, que lamentou o bullying de seu ex-colega de classe,Roger. O jovem gay cometeu suicídio, assim como o personagemNicky, de Hazit.
O rapper defende sua música: Eu escrevi Concealed Sorrow na esperança de que a Igreja ouça, veja, e pratique o amor de Cristo à todos os que lutam. A música dividiu opiniões entre os setores evangélicos norte-americanos. Os críticos a classificaram de “apelativa”; já as igrejas mais proguessistas acreditam que a introdução desta temática (o bullying homofóbico) é importante.
Theory Hazit, o rapper que iniciou sua carreira no começo dos anos noventa, lançou um videoclipe para a canção, dirigido por Donald W. Martin Jr. O vídeo apresenta o isolamento e a violência que Nicky e outros renegados da sociedade enfrentam, e a “falta de mãos de ajuda dos cristãos para alcançá-los”.
Costumo sempre abordar aqui temas de comportamento, preconceito, educação, etc...
Este videozinho é sensacional para esclarecer algumas coisas.
Afinal, o que é natural e o que não é?
Veja bem como a criança assimila a informação, se diverti, entende a partir da lógica humanitária do amor entre as pessoas e tranquilamente aceita como parte da vida ao dizer: "vou jogar ping pong. Vocês podem vir também."
Quando se debate o que é nato ou inato, o que se aprende, o que é uma questão de hábito, cultura e educação deve se levar em conta a reação dessa criança e usá-la como parâmetro, pois é assim que somos. O preconceito e a intolerância existe por uma dificuldade de assimilarmos novas informações e introjetarmos situações "novas" como"naturais".
Mais um ataque de intolerância na cidade. Por sorte, dessa vez os agressores foram presos em flagrante. Até quando veremos isso... (clique aqui para continuar)
Mas desta vez não é o enlouquecido trânsito que habitualmente paraliza a cidade. Tão pouco alguma greve ou uma enchente de dias chuvosos de janeiro.
O que parará a cidade de São Paulo neste domingo é a 15ª edição da Parada Gay.
Um evento de extrema importância, não só pela movimentação financeira, como insistem em dizer os jornalões do país, mas porque foi graças a elas que milhares de jovens puderam afirmar sua sexualidade e dizer: "eu existo".
Se hoje temos no Brasil um deputado que luta ativamente pela causa LGBT ou se todas as telenovelas retratam personagens gays e lésbicas ou ainda, se tanto se fala em kit anti-homofobia e em PLC122, é, na minha opinião, pela força que o movimento ganhou apenas dizendo "eu existo e somos milhões".
No entanto, nem tudo são rosas e purpurinas. Há dois anos que a Parada tem se transformado em um evento onde milhares de adolescentes, que não estão nessa batalha, seja por orientação ou simpatia, vão para beberem acima do necessário e causarem agressões, violência, tumultos e roubos.
A primeira cena dessa chocante reportagem de Roberto Cabrini é numa dessas Paradas! (se tiver estômago veja a matéria inteira).
Por isso, tenho dúvidas se estarei amanhã lá e, consequentemente, tenho dúvidas se vale a pena continuar com as paradas. A marcha anti-homofobia que rolou na Paulista, neste caso, deveria ser um passo adiante agora que o movimento ganhou visibilidade. Não sei direito, mas é como estou pensando neste momento.
Na matéria exibida neste sábado no SPTV,
a polícia militar ressalta que haverá um esquema forte de segurança. Oxalá tudo dê certo.
E você, vai na PArada? Acha que ela deve continuar acontecendo?
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Pra quem combate o preconceito e a discrimicação essa é uma entrevista que deve ser vista. Com isso, na semana da maior Parada LGBT do mundo farei um especial sobre o tema. Confira!
Esta é São Paulo, reduto da violência, da intolerância, do fascismo brasileiro e, agora, da homofobia. A mesma cidade que abriga a maior parada gay do mundo produz isso:
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A prisão desses FDPs foi decretada. Só um se entregou os outros
Do uol... Um dos menores acusados de agredir cinco pessoas na avenida Paulista, na região central de São Paulo, se entregou no final da tarde desta quinta-feira na vara da Infância e da Juventude, de acordo com a assessoria de imprensa da Fundação Casa.
O menino, de 17 anos, estava acompanhado de familiares e do advogado. Depois de passar por uma audiência com o juiz, ele foi levado para a unidade de atendimento inicial da Fundação Casa e, em seguida, seria levado para uma unidade de internação provisória.
Os outros quatro menores, cuja apreensão foi determinada pela Justiça na última terça-feira (23), ainda não se entregaram. Eles são considerados foragidos, já que não foram localizados pelo oficial de Justiça responsável pela apreensão.
Segundo o delegado-assistente do caso, Renato Felisoni, o oficial de Justiça foi informado de que eles não são vistos lá há vários dias. "Eles estão tentando não ser pegos", disse o delegado.
Um dos advogados de um dos meninos de 16 anos, Davi Gebara Neto, disse que não sabe onde está seu cliente. Os outros defensores não foram localizados.
Os meninos são acusados pela polícia de serem os responsáveis pela agressão a cinco pessoas, em quatro ataques diferentes, no último dia 14.
Jonathan Lauton Domingues, 19, que também é acusado das agressões, deve ter a prisão preventiva pedida pela polícia até sexta-feira (26).
INTERNAÇÃO
A 1ª Vara da Infância e Juventude de São Paulo decretou na segunda-feira (22) a internação na Fundação Casa (antiga Febem) dos quatro adolescentes envolvidos nas agressões. A internação foi pedida pela promotora da Infância e Juventude Ana Laura Lunardelli. O caso está sendo investigado pelo 5º DP (Aclimação) e ainda não há denúncia formal. Cabe recurso à decisão.
O advogado Alexandre Dias Afonso, que defende um dos meninos, afirmou que vai recorrer da decisão. De acordo com ele, os adolescentes cumprem todos os requisitos necessários para responderem em liberdade.
O delegado Renato Felisoni, responsável pelo caso, disse que deve entregar o inquérito sobre o caso para o Ministério Público na próxima sexta-feira (26). A polícia já havia informado que irá indiciar os jovens sob suspeita de lesão corporal gravíssima e formação de quadrilha, mas o delegado disse acreditar que há elementos suficientes para que a Promotoria os denuncie (acuse formalmente) também por tentativa de homicídio.