quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Lisboa à flor da pele.

Sentir a cidade.
Esta é uma expressão que poucos entendem, especialmente por duas razões: ou estamos na nossa e nem a percebemos mais ou estamos fazendo turismo.
E fazer turismo nem sempre é o melhor jeito de conhecer o mundo. É claro que quando vou à uma cidade visito os pontos turísticos, tiro as mesmas fotos que quase todos que lá visitaram tiraram, bla, bla bla.
Mas o que eu gosto mesmo é de sentir a cidade.

Foi o que fiz desta vez em Lisboa. Uma das coisas que ficou na minha cabeça quando fiz a minha primeira viagem à Europa à passeio (clique aqui e aqui para ver como foi) foi a sensação de que tudo foi tão rápido que não deu para sentir as cidades.
Desta vez não. Oito dias foram suficientes para:
 - perceber que em Lisboa come-se bem em qualquer lugar.
 - ter a certeza de que tomar um bom vinho todos os dias é pré-requisito.
 - saber que nos restaurantes locais pode se comer muito e pagar pouco. Ex: eu, Angelica e Nuno fomos a um restaurante desses chamado "Panças". Comemos um bacalhau a loureiro gigante, que dava pra 4 pessoas, bebemos e pagamos somente 11 euros cada um.
 - observar que Lisboa é uma cidade de dia e uma de noite. A noite existe e é muito agitada, mas seus lugares combinam mais com a luz do dia.
- conhecer lugares culturais maravilhosos como o Armazem 13 e o Centro Cultural Belem. 
- ir ao estádio e descobrir que há sim muitas facilidades em ir ver um jogo aqui: ingresso fácil de comprar, cadeira numerada, vista excelente. Mas também tem a correria de qualquer estádio: dificuldade de entrar, caos no trânsito, barraquinhas de comida e bebida do lado de fora.
- transportar-se com facilidade pra qualquer lado, inclusive deliciosas cidades ao redor (30 a 40 minutos de Comboio): Sintra e Cascais.
- por fim, descobrir pessoas interessantíssimas e outras lindas, abrindo às portas pra muita gente que ainda verei nessas férias.

Quer ver mais fotos: (clique aqui)

Lisboa  (Álvaro de Campos)Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores... 
À força de diferente, isto é monótono. 
Como à força de sentir, fico só a pensar. 

Se, de noite, deitado mas desperto, 
Na lucidez inútil de não poder dormir, 
Quero imaginar qualquer coisa 
E surge sempre outra (porque há sono, 
E, porque há sono, um bocado de sonho), 
Quero alongar a vista com que imagino 
Por grandes palmares fantásticos, 
Mas não vejo mais, 
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras, 
Que Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
A força de monótono, é diferente. 
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo. 

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Brindemos!

"Ah, bem melhor seria 
Poder viver em paz 
Sem ter que sofrer 
Sem ter que chorar 
Sem ter que querer 
Sem ter que se dar 


Mas tem que sofrer 
Mas tem que chorar 
Mas tem que querer 
Pra poder amar 


Ah, mundo enganador 
Paz não quer mais dizer amor 


Ah, não existe coisa mais triste que ter paz 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais 


O tempo de amor 
É tempo de dor 
O tempo de paz 
Não faz nem desfaz 


Ah, que não seja meu 
O mundo onde o amor morreu 


Ah, não existe coisa mais triste que ter paz 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais "


Que o meu tempo seja o tempo de viver, de experimentar, de ousar e de arriscar.
Porque a paz e a segurança são tempos de dor, mas uma dor que não me satisfaz.
E a vida é uma só. E é pra ser vivida, em toda a sua intensidade, paixão , amor e fervor.
Sim, há que sofrer, há que chorar, mas há que viver.


Um brinde a vida!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Rua Javry, 1924.

Cidade de São Paulo, 1925.
Muito difícil para a nossa geração imaginar o que era essa cidade nesta época.
O país era desindustrializado. Isso significa que a base da sua economia era agrária e comercial. Já existiam sim algumas fábricas aqui e acolá, mas não com a força dos anos 30.
São Paulo tinha cerca de 600 mil habitantes e muitos terrenos desabitados.
Foi num destes terrenos, na rua Javry, 117 que Rodolfo Crespi, dono de uma fábrica, cedeu um terreno para que um clube de futebol recem-criado pudesse praticar o esporte em condições mais dignas.


Fico imaginando este terreno cheio de gente aos domingos, tomando alguma dose e se divertindo vendo o esporte que começava a se popularizar na cidade.



Mas, somente em 1930 o clube, fundado em 1924, muda de nome e escolhe as cores do seu uniforme.
Nasce ai, um dos tradicionais clubes de futebol do Brasil: o Juventus da Mooca.


domingo, 6 de novembro de 2011

A aceitação e a subserviência frustando o profissional.

Bom, antes de começar esse texto é preciso que eu diga: toda a reflexão contida nele é do trabalho realizado na vida artística, bem antes da vinda para a África e, por isso, não há nenhuma relação com o que estou fazendo aqui.


Quem trabalha com arte, seja ela corporal ou não, tende a acreditar que ela nos transforma na medida que nos oferece o conhecimento e o senso crítico capaz de nos tirarmos da letargia e da paralisia em que nos encontramos.
A arte, quando é arte, tem esse poder. 
Um poder de nos conectar com os nossos valores e nos fazer reavaliá-los e mudar seus rumos. 
Sou daqueles que acreditam na razão como a única forma de saber e ver o mundo.
Não é por menos que me inspiro em grandes artistas como Brecht, Saramago, Almodovar, David Lynch entre outros.


Obviamente que a razão sozinha não é capaz de nada. A pessoa precisa também sentir, lidar com as emoções, com as relações e com a sensibilidade de um contato, uma beleza, um "átimo de visão".
Ou seja, a grande arte é aquela que alia estética e conteúdo.
Também tenho a ciência de que essa é uma das formas de pensar a arte. Há outras, com também resultados muito belos e interessantes.
Pois bem. Mas, a partir do momento que me descobri esse artista, que vai nessa busca, eu tinha dois caminhos a seguir: ou buscava estar sempre conectado a pessoas com esse pensamento para poder atuar e interpretar um personagem acreditando no que eu fazia, ou eu mesmo difundiria essa ideia a partir do que vivi ou vou vivendo.


E nos passos que a vida leva acabei optando pela segunda. Dediquei parte da vida a fazer essa difusão. 


Obviamente, tive grandes resultados: pessoas que resolveram seguir o mesmo caminho, àquelas que foram buscar o conhecimento e a criticidade em outras áreas e, até mesmo, pessoas que passaram a se dedicar intensamente ao trabalho social, até mesmo fora do Brasil.


No entanto, e aí está o principal motivo desta reflexão, tive grandes frustrações.
E a principal delas é saber que instrumentalizei pessoas para fazerem da arte, ou do meio artístico, melhor dizendo, ferramenta de doutrina, ideologia alienante e difusora de valores exatamente opostos ao que acredito. Pessoas que têm voltado o seu conhecimento para neutralizar o pensamento alheio por meio da aceitação e subserviência a algo abstrato.


Terei escolhido a pior das opções? Devo mudar o rumo como artista? 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Futebol perdendo o encanto

5 razões porque tenho cada vez menos me interessado por futebol:
1. Um monte de jogador meia boca acha que é craque
2. Neymar concorrendo ao melhor do mundo
3. A seleção brasileira com um pseudo-técnico conseguiu piorar o que já era ruim nos 4 anos pré copa 2010
4. Meu time cada vez pior, com um presidente incompetente só fazendo merda
5. Só um time jogando um futebol decente, e nem tanto, no mundo.

Trecho de Mia Couto

Estou me deliciando com o livro: Antes de nascer o mundo, do Moçambicano Mia Couto.
Segue um dos lindos trechos que já li na boca da personagem Marta, uma branca que está na cidade:
"É isso que essas negras têm que nunca podemos ter: elas são sempre o corpo inteiro. Elas moram em cada porção do corpo. Todo o seu corpo é mulher, todo o seu tempo é feminino. E nós, brancas, vivemos numa estranha trnasumância: ora somos alma, ora somos corpo. Acedemos ao pecado para fugir do inferno. Aspiramos à asa do desejo para, depois, tombarmos sob o peso da culpa"


Para comprar clique em: http://compare.buscape.com.br/antes-de-nascer-o-mundo-mia-couto-8535914765.html

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Os sonhos e a realidade.

Hoje acordei com vontade de escrever. Eu ainda estava deitado na cama, refazendo na memória os sonhos da noite, quando recebi um telefonema que deixou o dia agitado e suspenso no ar, mas que não vem ao caso.


Aí passei o dia querendo escrever algo no blog, mas sem saber exatamente o que e eis que me veio a ideia de escrever sobre sonhos.


É impressionante, mas se não deixei passar algum dia por distração, desde que mudei de país não teve uma noite que não tive sonhos agitados. Alguns confusos, outros coerentes, mas todos calcados em pessoas reais com histórias não reais.


Muitas vezes são desejos de acontecimentos. Sem saber estamos desejando tanto uma coisa que ela se materializa na nossa cabeça e o sonho vira o acontecimento daquilo.


Outras vezes são nossos medos que se materializam. Tu não queres de jeito nenhum que aquilo aconteça e, infelizmente, tu "vives" aquilo com muita realidade na noite.


O mais importante é tentar depois pensar no que aquilo representa pra ti.


Porque tu desejas aquilo? Se ti queres tanto, porque não vais atrás?


E quando o tema é o medo, por que aquilo te amedrontas? O que naquilo realmente não te faz bem?


Sei que não há respostas. Nem os meus amigos psicólogos as terão.


Mas que sonhar mexe bastante com a gente, disso eu não tenho dúvida.

sábado, 29 de outubro de 2011

Brasil e África, um só continente.

Quando eu olhava o mapa do mundo eu pensava: que grande viagem imaginar que um dia só havia um continente e que eles se separaram.


Semana passada, quando cheguei em Varela, cidade no norte da Guiné-Bissau já na divisa com o Senegal percebi que a viagem era minha de não acreditar.

Na estrada

Varela é um daqueles paraísos terrestres "onde a gente a natureza feliz (vivem) sempre em comunhão".

Era como se eu estivesse chegando numa das maravilhosas praias ao norte da Bahia, onde já estive tantas vezes e tantas vezes já me encantei.


Ou então, ali perto de Pipa (RN) com as falésias ao fundo da costa.

Um lugar tão familiar e querido que por pouco uma lágrima não escorreu pelo rosto. Mas não lágrimas de tristeza ou de saudade, mas de encantamento e alegria por estar ali.

Só que não era tudo.


Esse elemento da natureza que definitivamente me transforma e seduz.

(curioso que escrevendo isso me lembrei de que quando eu tinha 18 anos estava viajando pela costa brasileira com a minha amiga Theda Cabrera e, antes de partirmos ela fez meu mapa astral. E na leitura que fez, me disse que eu devia tomar sempre cuidado com o mar, pois eu me seduzo fácil por ele e posso perder o limite. Nunca mais esqueci isso, e sempre tomo cuidados)
Mas, voltando a Varela, o mar tem a temperatura de uns 20º, ou seja, maravilhoso e relaxante. 

Além disso, passamos o dia (eu, Cintia Gusson e Joaquim Ventura) com 4 crianças locais divertidíssimas e lindas, que o tempo todo nos fez cia e nós a eles.

Para finalizar esse paraíso, que infelizmente, só durou 24h, a pousada:

A "mana Fa" como eles chamam a dona é uma portuguesa, casada com um italiano e que ali se instalou. Ela criou uma pousada com estilo "minha casa", com pequenos bongolôs dormitórios típicos de cidade praiana, como sempre fui na minha infância e adolescência. Seu marido é o cozinheiro e fez taliateli e spagueti original, deliciosos.

Alguém duvida que depois disso fiquei radiante?

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A felicidade nas coisas simples.

Cada um se sente feliz da maneira que lhe convém.


Uns ficam radiantes quando vão ao shopping center. Outros quando compram um carro novo ou um sapato chique é como se tivessem chegado ao céu.


Para mim, a felicidade está no contato com a natureza. Principalmente, se há água abundante correndo, seja rio ou mar.






Não há preocupação, tristeza, solidão, medo ou frustração que não seja superado quando estou em lugares assim.


Foi exatamente como me senti chegando a Quinhamel, lugarejo perto de Bissau. O lugar é muito normal: um rio, árvores, gente pescando com rede e muitos pássaros. Mas a paz que senti quando sentei de frente ao rio, colado ao barco de um pescador e fiquei ali, contemplando-o e ouvindo os sons da natureza é o que me faz ter a certeza de que, com mais ou menos dificuldade, acabo sempre fazendo as escolhas certas.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A amizade continua sempre que quiseres.


Essa postagem começa clicando aqui...


...  O que tenho visto é que a distância não rompe os laços de amizade quando eles são fortes e sinceros. E digo isso sem medo de ser piegas.


Na verdade, o tempo só filtra quem realmente foi importante ou não. Mas isso não quer dizer que a amizade por si só se manterá viva.


É preciso um esforço enorme em mantê-la cotidiana, ainda que o cotidiano nos tenha afastado.


E é nesse ponto que muitas amizades se perdem, pois não é um trabalho fácil rearranjar sua vida para incluir nela de volta aquelas pessoas tão boas que um dia você já conviveu.


Numa época que o virtual é tão forte e o apelo ao trabalho incessante tão intenso, organizar a vida pra fazer dela momentos de prazer e felicidade constantes é complexo.


Tenho um prazer enorme em saber que 2011 foi um ano de retomada de muitas dessas amizades.


Fe, Iva, Clau, Su, Ju voltaram com força total ao meu dia-a-dia. Outros continuam sempre presentes, mesmo com minha mudança de endereço e trabalho, como Mag,Pati, Deia, Li, Line, Gu, Juli entre outros tantos que não vou poder citar todos, que continuam fazendo parte cotidianamente da minha história.


E você, tem batalhado pra manter ao seu lado quem realmente importa?

Nisso eu acredito

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A amizade sobrevive à distância?

Já escrevi aqui algo próximo a esse tema, mas como à pouco conversava sobre isso com uma amiga resolvi desenvolver novamente o tema.


Tenho 33 anos e já vivi bastante coisa. Especialmente porque não sou uma pessoa acomodada ou que gosta de um cotidiano entendiante. 


E nessas andanças de diversos empregos, projetos, faculdades, escolas, cidades e países conheci muita, mas muita gente interessante e que, cada um a seu tempo, teve suas pessoas especiais onde laços fortes de amizade foram criados.


Pois bem. Os laços que criamos são circunstâncias que a vida nos traz. Conhecemos uma pessoa na faculdade e durante 4 ou 5 anos convivemos todos os dias com ela. Ou entramos num projeto que dura 6 meses, mas onde você fica tão imerso nele que foi como se durasse o tempo do outro.


Mas, de repente, a circunstância encerra seu ciclo: você se forma, o projeto acaba etc...
Com isso vem a distância porque, afinal, a vida não para e você vai criar novos laços em outros lugares.


Essa distância rompe os laços de amizade que pareciam tão sólidos? Terão sido superficiais os encontros da vida?
A vida, aliás, é de fato efêmera?


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Campanha anti-homofobia

Minotauro e Anderson Silva

domingo, 16 de outubro de 2011

Manda ella.

Dilma Rousseff era un misterio, incluso para muchos de quienes la votaron como presidenta de Brasil hace un año. La mayoría pensaba que era una creación de su predecesor, el gran Luiz Inácio Lula da Silva, y que su imagen, poco sentimental y nada sonriente, ocultaba a una simple gestora, que tendría que pedir ayuda para mantenerse en el poder. Han pasado solo 10 meses desde que tomó posesión y Dilma, como se la conoce popularmente, ha conseguido algo que parecía imposible: sin cambiar su estilo, serio y nada complaciente, disfruta de un 71% de popularidad y nadie, ni dentro ni fuera, tiene la menor duda sobre...
quién manda en Brasil.
La presidenta no ha dulcificado su imagen ni su manera de trabajar, frente a quienes le advertían de que la sociedad brasileña valoraba sobre todo el carisma y la proximidad de sus líderes. Dilma sigue teniendo fama de genio fuerte, de exigir un trabajo extenuante a sus colaboradores, de callarles con una mirada y de gustarle muy poco las fotos en familia. Y, sin embargo, la biografía de Dilma Rousseff, que cumplirá 64 años en diciembre, siempre ofrece sorpresas. Por ejemplo, se ha llevado a su madre, la "verdadera Dilma", como se llama a sí misma, una mujer de 86 años, y a la hermana de su madre, la tía Arilda, de otros tantos, a vivir con ella en la residencia oficial de Planalto, como haría cualquiera de los millones de mujeres que se hacen cargo de sus parientes mayores, tengan o no hermanos, y tengan o no mucho trabajo.
La presidenta brasileña llega habitualmente a su despacho a las 9.15 y se va pasadas las nueve de la noche, pero los fines de semana, siempre que puede, se va a Porto Alegre, a ver a su única hija, Paula, y a su único nieto. Gabriel, un simpático rubito de 10 meses, apareció junto a su abuela el pasado 7 de septiembre durante el desfile del Día de la Independencia, que ella presidía por primera vez, pero no hay disponibles más que unas pocas fotos de agencia. En muchas ocasiones, Dilma coincide en Porto Alegre con el padre de Paula, su segundo marido, el gran amor de su vida, al que puso en la calle el día que descubrió que estaba esperando un hijo con otra mujer, pero con el que, con el paso de los años, ha vuelto a reanudar una buena amistad.
Algunas de las personas que asistieron al mismo desfile del Día de la Independencia profirieron gritos contra la corrupción y, en pequeños grupos, se lanzaron a lavar, con agua y jabón, las entradas de los cercanos ministerios. Pero los gritos no iban contra Dilma Rousseff, sino que eran, por el contrario, manifestaciones de aliento para la presidenta. Uno de los elementos que comienza a caracterizar el mandato de Dilma Rousseff es, precisamente, la lucha contra la corrupción a altos niveles. En menos de 10 meses, cuatro ministros de su Gobierno, implicados en casos de corrupción, han tenido que dejar sus cargos. "La presidenta no hace nada para proteger a los acusados de corrupción, como podía pasar antes. Les deja caer sin pestañear", asegura un diplomático brasileño, que no oculta su admiración.
Dejar caer al ministro Palocci, un gran amigo de Lula, que la había acompañado durante toda la campaña, fue complicado. Pero todavía más sustituirlo por alguien poco conocido, una mujer, la senadora Gleisi Hoffmann, de 48 años, con fama de ser tan dura y seria como ella misma. Tampoco fue fácil enseñarle la puerta de salida a ministros que pertenecen a otros partidos, que forman parte de la coalición de gobierno y que son imprescindibles para la buena marcha de la legislatura. En esos otros casos, Dilma no tuvo más remedio que dejar en manos de los propios partidos los nombres de los sucesores. "¿Por qué Dilma, de cuya integridad y entereza nadie duda, se somete a esa clase de juego? Porque así se juega la política en Brasil", escribió el periodista Eric Nepomuceno. Dilma Rousseff necesita el apoyo no solo de su partido (el Partido de los Trabajadores, PT) sino también, y sobre todo, del Partido Movimiento Democrático Brasileño, el famoso PMDB, donde muchos sitúan un importante foco de corrupción.
La gran pregunta que se formulan hoy muchos brasileños es si la presidenta seguirá adelante con esa limpieza. Ella explicó en una ocasión el sentido de esa lucha, que no es solo ético, sino también pragmático: "Tenemos que responder a las demandas de un país emergente profesionalizando el servicio público, promoviendo a las personas de acuerdo con su mérito". "Ningún país ha alcanzado un elevado nivel de desarrollo sin reformar el servicio público", insistió recientemente. En Brasil, todo el mundo sabe que esa reforma pasa necesariamente por bajar los niveles de corrupción y la gran mayoría apoya los pasos que va dando en ese camino, entre ellos, la batalla que acaba de lanzar contra lossupersalarios de políticos y altos funcionarios, que pueden superar los 25.000 euros mensuales en un país donde un salario normal ronda los 300 euros.
Dentro de esta línea se puede inscribir su resistencia total a cualquier proyecto que pretenda reglamentar desde el poder el control de los medios de comunicación. En el 4º congreso de su partido, el PT, el pasado mes de septiembre, hubo serios intentos de promover una ley "para la reglamentación social de los medios", inspirada en otras leyes que han ido surgiendo en los últimos tiempos en la vecina Argentina y en otros países latinoamericanos. "No conozco otro control de los medios que el control remoto de la televisión", zanjó la presidenta.
En solo 10 meses, Dilma Rousseff ha introducido bastantes cambios, muchos de ellos discretos, con su habitual estilo serio y, a veces, incluso hosco. Ya nadie recuerda que la noche de su victoria electoral prácticamente todos los medios brasileños hablaron de "la victoria de Lula", ignorando a la propia vencedora. La única elegante fue Marina Silva, la exministra que dirige el movimiento ecologista, que la saludó como "la presidenta de todos los brasileños" y le deseó suerte. "Es seguro que Dilma no habría podido ganar las elecciones sin el apoyo, militante y entregado, de Lula, pero también lo es que para gobernar Brasil no basta solo con ese apoyo. Hace falta mucho más", reconoce un miembro de su Gabinete.
Si bien es cierto que Dilma Rousseff no ha cambiado de carácter según subía los peldaños del poder, también lo es que su aspecto físico ha sufrido una notable transformación, sobre todo a raíz de padecer un cáncer linfático, felizmente superado. Las fotos demuestran que la presidenta brasileña lleva un corte de pelo mucho más moderno del que lucía hace unos pocos años, de un color algo más claro; que ha corregido su fuerte miopía para suprimir las grandes gafas de su juventud, y que, como muchas compatriotas, ha recurrido a la cirugía estética para eliminar arrugas y ojeras. Tomó posesión vestida de blanco y ahora frecuenta trajes de chaqueta de corte formal, pero de vivos colores.
"No es fácil ser la primera mujer en dirigir tu país. No es fácil gobernar un país emergente, más difícil todavía si es un país tan enorme y globalmente relevante como Brasil. Brasil está viviendo un momento único, una gran oportunidad que requiere un líder con experiencia sólida y firmes ideas. Dilma ofrece precisamente esa virtuosa combinación. Y además es una mujer valiente, que se enfrentó a una dictadura militar y que dedicó su vida a construir una alternativa democrática", comenta Michelle Bachelet, otra mujer que fue presidenta de su país, Chile, y que alcanzó también índices de popularidad equivalentes a los de su colega brasileña.
Es bien sabido que la sorprendente biografía de Dilma Rousseff incluye en su juventud una etapa como miembro de un grupo armado, lo que la llevó a ser detenida y torturada y a permanecer más de dos años en la cárcel. Curiosamente, son los dos únicos presidentes latinoamericanos en ejercicio que han pasado por una experiencia semejante, Dilma Rousseff y el uruguayo José Mujica, exdirigente de los tupamaros, quienes mejor aceptan que los movimientos armados latinoamericanos cometieron graves errores, reivindicando, al mismo tiempo, a aquellos de sus compañeros que perdieron la vida en los años de plomo.
Los dos presidentes, al igual que la propia Michelle Bachelet, que no fue guerrillera, pero que también fue detenida y torturada, han renunciado a impulsar la revisión de las leyes de amnistía que, en los tres países, amparan a los responsables de la dictadura y que provocan las criticas de organizaciones de defensa de los derechos humanos. Tanto la presidenta brasileña como Mujica defienden en su lugar la creación de comisiones de la verdad, como la que se acaba de abrir en Brasil, que establezcan los terribles hechos de la dictadura y ayuden a descubrir el destino de los desaparecidos.
La independencia de Dilma Rousseff es uno de los rasgos que más apoyo están logrando, incluso en algunos sectores de la oposición, bastante descompuesta tras el fracaso de José Serra como candidato del Partido de la Social Democracia Brasileña (PSDB). La presidenta ha hecho públicamente algunos gestos de reconocimiento del expresidente Fernando Henrique Cardoso, que ahora no oculta su interés por su trabajo. Dilma ha propiciado un mayor acercamiento en las siempre problemáticas relaciones con Estados Unidos, cambiando la política respecto a Irán, ha aceptado un recorte presupuestario de 50.000 millones de dólares nada más tomar posesión y ha parado el "contrato del siglo" para la renovación de la fuerza aérea, un proyecto muy cercano a Lula. Todo ello sin que se resquebraje su extraordinaria relación personal con su mentor, que está cumpliendo lo que prometió y desarrolla una intenta actividad internacional, lejos de los asuntos internos. "La amistad y comprensión entre los dos es real y muy profunda. Pueden discrepar en ocasiones, pero Lula siempre la respaldará y Dilma siempre le admirará y le respetará", asegura un representante de Itamaraty.
Quienes la rodean afirman que es consciente del enorme poder que tiene como presidenta de la República y que no tiene grandes problemas para ejercerlo. Defiende la intervención del Estado en la economía y la continuidad de los planes sociales para lograr arrancar de la miseria a los millones de brasileños que todavía no han conseguido saltar a la pequeña clase media. La demostración de ese poder tendrá su hora de la verdad cuando haya que fiscalizar el desarrollo de las enormes obras que se llevan a cabo para el Mundial de fútbol de 2014 y para los Juegos Olímpicos de 2016, que se celebrarán, por primera vez en la historia, en Río de Janeiro. Para entonces deberá haber revalidado su mandato en unas nuevas elecciones. Si todo sigue como ahora, nadie dudará de quién será la candidata. -

sábado, 15 de outubro de 2011

Neymar, o cai cai


Medo e aflição

Era uma sexta-feira, mais precisamente dia 30 de setembro de 2011, às 18h em Bissau.
Após deixar uma amiga no hotel e ao término de uma semana bem tensa, fui dirigindo a embaixada do Brasil onde encontraria um vendedor de tecidos africanos.


Quando ía fazer a curva na praça principal da cidade, o carro que estava na minha frente parou no meio da rua. Como isso não é incomum aqui, pois os carros param na contramão, no meio da rua, em qualquer lugar, eu desviei e segui adiante.


Vi então que as pessoas olhavam em direção ao palácio destruído na guerra civil e ao andar mais alguns metros observei que alguns militares faziam alguma cerimônia no local.


Pensei:
- droga, não vou poder passar ali agora, mas não vou parar meu carro no meio da rua que nem eles fazem. 




Virei entao para pegar a primeira rua à direita e não passar na cerimônia.
Neste instante vem na frente do meu carro um homem que manda eu parar o carro e começa a gritar algo em crioulo.


Pensei:
- não posso passar nessa rua.


Abri a janela e disse:
Só falo português, mas vou sair daqui.


Engatei a ré e ele segurou o carro gritando algo como: - não mexa esse carro daqui. E me mandou descer do carro, em português.


Começou a berrar comigo que eu estava desrespeitando a bandeira nacional e que como já se viu eu movimentar o carro enquanto estava sendo feita à cerimônia. Que se eu vi que o carro na minha frente parou eu devia ter parado também.


Tentei argumentar que não conheço os costumes locais e que estava à pouco tempo na guiné e pedia desculpas porque eu não tinha tido a intenção de desrespeitar nada.


O homem continuou berrando. Eu então disse que trabalhava para a embaixada e que faria uma ligação.
Ele disse que eu não ligaria coisa nenhuma. Já com as pernas bambas e bem apavorado eu respondi:
- Vou sim fazer a ligação para o embaixador esclarecer a situação com o senhor. 


Liguei e prontamente recebi o retorno no embaixador que perguntou se havia alguma autoridade presente, mas como não havia, ele iria até o meu encontro.


Mais calmo, eu encostei no carro a espera do embaixador. Neste instante vem a tropa que fazia a cerimônia em minha direção e o homem que parou o meu carro deu outro berro (tipo tropa de elite) de que eu tinha que ficar em posição de sentido (militar) o que fiz, me achando ridículo naquela submissão.


Enfim, chegou então o embaixador brasileiro com um oficial do exército brasileiro e o motorista guineense que logo esclareceram a situação e fomos embora.


Por muitos momentos eu senti de fato medo de dali não mais conseguir sair...

domingo, 9 de outubro de 2011

Um mês de adaptação.

Antes de mais nada, quero dizer que custou-me muito escrever esta postagem.


Mas, parece, finalmente posso falar das emoções de estar na Guiné pela 2ª vez e, desta vez, de uma maneira tão intensa.


Para os mais desavisados (a culpa é de vocês que somem da minha vida e não sabem o que estou fazendo...rs), estou aqui a trabalho. Após 8 anos e meio na Fundação Gol de Letra pedi pra sair.


Sem falsa modéstia e também sem arrogância, nesse período fui muito competente nas múltiplas funções que lá desempenhei e tenho muito orgulho de ter saído de lá tendo um ótimo relacionamento com as 3 principais coordenações da casa: Sóstenes, Patrícia e Olga.






Esses três sempre confiaram no meu trabalho e mesmo nos momentos difíceis que lá passei (quem não passa, não é, trabalhando tanto tempo num mesmo lugar?) recebi os seus apoios.


Enfim, graças então à minha competência e ao meu bom relacionamento com eles é que fui indicado a representar 4 instituições brasileiras no projeto educacional aqui na África. A saber: ABC - Agência Brasileira de Cooperação, Ministério da Educação - BR, Fundação Gol de Letra e Instituto Elos.


Não vou descrever aqui as múltiplas funções que exerço, mas sim contar um pouco do como está sendo esta experiência pessoal: difícil!


Primeiro, e talvez principalmente, porque sou branco. O branco aqui tem uma simbologia: é o explorador, o carrasco que sempre destruiu essa terra. Mas, ao mesmo tempo, representa o dinheiro, coisa rara na 5ª população mais pobre do planeta.


Com isso, fica difícil sair à rua sem ser interpelado pelo já tradicional no Brasil: - Tio, me dá um real?!


Fora que, muitas vezes, eles são hostis porque acham que tenho a obrigação de dar o que eles me pedem.


Claro que isso não é em todos os lugares. No bairro onde trabalho sou muito bem recebido e acolhido pelos jovens que lá estão.


Com tudo isso, a reação natural do ser-humano é se fechar e, apesar de ter 2 grandes parceiros brasileiros aqui comigo, o isolamento e a saudade de tudo fica um pouco mais forte.


Se hoje escrevo sobre isso é porque, na verdade, as coisas estão mudando um pouco. Tenho caminhado mais nas ruas, falado com algumas pessoas fora do projeto e, o que me deixou mais tranquilo, ontem fui a uma partida de futebol Guine-Bissau x Angola e pela primeira vez não fomos abordados como estrangeiros.


Estou bastante confiante que este segundo mês aqui vai ser diferente, pois vou relaxar ainda mais e tentar, de fato, interagir com o povo, como sempre faço nos lugares que visito.