Era uma sexta-feira, mais precisamente dia 30 de setembro de 2011, às 18h em Bissau.
Após deixar uma amiga no hotel e ao término de uma semana bem tensa, fui dirigindo a embaixada do Brasil onde encontraria um vendedor de tecidos africanos.
Quando ía fazer a curva na praça principal da cidade, o carro que estava na minha frente parou no meio da rua. Como isso não é incomum aqui, pois os carros param na contramão, no meio da rua, em qualquer lugar, eu desviei e segui adiante.
Vi então que as pessoas olhavam em direção ao palácio destruído na guerra civil e ao andar mais alguns metros observei que alguns militares faziam alguma cerimônia no local.
Pensei:
- droga, não vou poder passar ali agora, mas não vou parar meu carro no meio da rua que nem eles fazem.
Virei entao para pegar a primeira rua à direita e não passar na cerimônia.
Neste instante vem na frente do meu carro um homem que manda eu parar o carro e começa a gritar algo em crioulo.
Pensei:
- não posso passar nessa rua.
Abri a janela e disse:
Só falo português, mas vou sair daqui.
Engatei a ré e ele segurou o carro gritando algo como: - não mexa esse carro daqui. E me mandou descer do carro, em português.
Começou a berrar comigo que eu estava desrespeitando a bandeira nacional e que como já se viu eu movimentar o carro enquanto estava sendo feita à cerimônia. Que se eu vi que o carro na minha frente parou eu devia ter parado também.
Tentei argumentar que não conheço os costumes locais e que estava à pouco tempo na guiné e pedia desculpas porque eu não tinha tido a intenção de desrespeitar nada.
O homem continuou berrando. Eu então disse que trabalhava para a embaixada e que faria uma ligação.
Ele disse que eu não ligaria coisa nenhuma. Já com as pernas bambas e bem apavorado eu respondi:
- Vou sim fazer a ligação para o embaixador esclarecer a situação com o senhor.
Liguei e prontamente recebi o retorno no embaixador que perguntou se havia alguma autoridade presente, mas como não havia, ele iria até o meu encontro.
Mais calmo, eu encostei no carro a espera do embaixador. Neste instante vem a tropa que fazia a cerimônia em minha direção e o homem que parou o meu carro deu outro berro (tipo tropa de elite) de que eu tinha que ficar em posição de sentido (militar) o que fiz, me achando ridículo naquela submissão.
Enfim, chegou então o embaixador brasileiro com um oficial do exército brasileiro e o motorista guineense que logo esclareceram a situação e fomos embora.
Por muitos momentos eu senti de fato medo de dali não mais conseguir sair...
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