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Gosto de escrever sobre futebol. Provavelmente porque sou um torcedor fanático que adora acompanhar de tudo (menos os estaduais).
E, às vezes, algumas ideias de profº Pardal me fazem viajar em mudanças e se elas seriam possíveis.
A atual diz respeito à queda da qualidade dos jogos e não é original minha, já ouvi de outras pessoas. É quase um consenso dizer que o futebol é hoje um jogo de força física, em detrimento das jogadas espetaculares comuns na metade do século 20 (para os puristas, tendo a abandonar os números romanos).
A Espanha, maior sensação do futebol atual é um time de toque de bola. Eles envolvem o adversário com toques rápidos e finalizações precisas. Mas, você, dificilmente, verá num jogo da Espanha aquele jogador com ginga, ou que faça um jogada individual de drible ou arranque.
Com raras exceções os jogos de clubes ou seleções terminam com no máximo 3 gols. É pouco, especialmente porque as jogadas não são bonitas de se ver.
O que fazer?
Parece que uma solução viável, de fácil implementação e que, inclusive ajudaria os clubes financeiramente seria a redução dos atuais 11 jogadores para 10. O campo ganharia espaço para as jogadas e os jogadores perderiam a força na marcação, a favor do espetáculo.
Sei que no futebol as mudanças de regra são quase impossíveis. Porém, essa não interfere na politicagem e nem custa para ninguém, muito pelo contrário.
Por essas dificuldades, talvez uma ideia seria mandarmos emails para a Fifa dando essa sugestão. (http://pt.fifa.com/contact/form.html) Assim como, compartilhar nas redes sociais essa proposta e ganhar o apoio de jornalistas e da opinião pública.
Como lhe parece?
quinta-feira, 23 de maio de 2013
sábado, 11 de maio de 2013
A inclusão do combate à homofobia e da promoção das múltiplas sexualidades como conteúdos a serem trabalhados e avaliados pelo professor, no dia-a-dia da educação infantil.
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Daniel Cerqueira*
Introdução
No Brasil, as regras/condutas sociais são regidas pela chamada “heteronormatividade ”. Nela, o menino
precisa constantemente reafirmar sua masculinidade para não ser considerado gay
ou mulher (JUNQUEIRA,
2009). A mulher e, por associação, o gay, são associados à
fragilidade e a uma posição inferior diante dos enfrentamentos do
dia-a-dia.
A homofobia entra no cotidiano escolar em diversas
perspectivas : das atitudinais às factuais. No estudo, “Diversidade
Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas”, Rogério Diniz
Junqueira diz :
Mesmo
diante da dificuldade de dissuadir racionalmente alguém embebido de ódio
homofóbico, uma sociedade democrática e suas instituições (inclusive a escola)
devem envidar esforços para coibir e impedir que a selvageria intolerante cause
ulteriores sofrimentos e para diminuir os efeitos que ela possa ter (até mesmo
na alimentação do desprezo e do ódio em relação a outros grupos). (JUNQUEIRA,
2009.p.29)
A criança de 0 a 5 anos e 11 meses
está vivendo suas primeiras socializações e serão elas fundamentais para a
produção de conceitos e comportamentos das mesmas. (BERGER e BERGER, 1977). Por
isso, o trabalho com projetos pedagógicos é importante para
favorecer a criação de estratégias de
organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da
informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno dos problemas
ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a
transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em
conhecimento próprio. (VENTURA; HERNÁNDEZ, 1998, p, 61)
Por meio do Plano de Ação Pedagógica
apresentado a seguir, o tema do combate à homofobia e a promoção das múltiplas
sexualidades será trabalhado seguindo os aspectos a serem levados em conta na
construção do projeto, de acordo com Ventura e Hernádez (1998), que são:
1.
A
escolha do tema
2.
A
atividade do docente após a escolha do projeto
3.
A
atividade doa alunos após a escolha do projeto
4.
A
busca de fontes de informação
Além disso, este artigo também propõe
aos educadores pensar num processo de avaliação e planejamento que contemple o
combate à homofobia e a promoção das múltiplas sexualidades, a partir da
educação infantil.
Repensar e reelaborar
comportamentos.
O brincar e o brinquedo são premissas
para uma educação infantil de qualidade. Desde a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) 9.394/96 até os “Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças”, esta
ação e este instrumento são valorizados e esperados no ensino de crianças de 0
a 5 anos e 11 meses. Porém, a construção de comportamentos homofóbicos podem se
constituir já nesta fase, por meio do brincar e do brinquedo.
As escolas e as educadoras
muitas vezes incentivam, cotidianamente, estereótipos de gênero.
Gênero, segundo Scott é um elemento constitutivo das relações sociais
fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, que fornece um meio de
decodificar o significado e de compreender as complexas conexões entre as
várias formas de interação humana. É a
construção social que uma dada cultura estabelece ou elege em relação a homens
e mulheres. (FINCO;SILVA;DRUMOND, 2011, p, 61)
Das meninas espera-se carinho, afeto,
contato interpessoal e generosidade. Dos meninos, atenção, precisão, firmeza,
impessoalidades e rigidez. “Se espera das meninas que se mantenham distantes
das brincadeiras violentas, barulhentas, que elas prescindam de movimentos
amplos”, “se esses comportamentos partissem dos meninos, seriam considerados
claro “afastamento” da matriz heterossexual”. (BELO e FELIPE, 2009, p.149)
O mesmo ocorre
com relação ao brincar. Há brincadeiras definidas por gêneros e, qualquer
desvio delas, gera estranhamento e reação dos pais, mas, também, das educadoras
em geral. Estas vão transformando o brincar e o brinquedo em “instrumentos
pedagógicos”. Eles são, portanto, “um instrumento de poder que é acionado
constantemente para definir/produzir determinadas formas de gênero”. (id. p.
150)
Cabe à escola mudar esses parâmetros heteronormativos. Como fazer isso?
Em primeiro lugar, o tema do combate à homofobia deve pautar as reuniões dos
profissionais da escola e seu projeto político pedagógico. Não apenas por ser
tema de luta dos movimentos sociais, mas porque o comportamento homofóbico gera
violência e fere os direitos humanos. Porém, no âmbito do processo de
ensino-aprendizagem (no caso da educação infantil, no âmbito do cuidar/educar)
é o educador o responsável por planejar, conduzir e aferir as atitudes dos
educandos. Embora pesquisas tenham
demonstrado que grande parte da homofobia na educação parte do educador
(JUNQUEIRA, 2009), este não será objeto de estudo deste artigo. Este versará
sobre a inclusão do combate à homofobia na escola a partir da concepção
construtivista de referencial psicopedagógico e de sua inclusão na avaliação da
aprendizagem realizada na escola pelo educador desta linha.
Nesta
perspectiva, será necessário ao educador levar em consideração os conteúdos
conceituais, procedimentais, factuais e atitudinais em seu planejamento e
avaliação. “Quando a formação integral é a finalidade principal do ensino e,
portanto, seu objetivo é o desenvolvimento de todas as capacidades da pessoa e
não apenas as cognitivas, muitos dos pressupostos da avaliação mudam.” (ZABALA,
1998, p.197)
Em “Avaliação Educacional: caminhando
pela contramão”, Freitas (2012) ressalta que a avaliação do ensino-aprendizagem
passa por um processo formal e informal. No formal temos as “práticas que
envolvem o uso de instrumentos de avaliação explícitos” e no informal os
“juízos gerais sobre o aluno, cujo processo de constituição está encoberto e é
aparentemente assistemático e nem sempre acessível ao aluno” (1994 apud PINTO; FREITAS, 2012, p. 27). O problema é que, “quanto mais elementar é o
nível de ensino, mais contínua e difusa é a presença da avaliação”
(FREITAS,2012, p.17).
Assim, o
papel do educador torna-se primordial neste processo. Por meio da avaliação
inicial ele aferirá quais destes comportamentos que giram em torno da
heteronormatividade estão presentes no cotidiano das crianças. Em seguida, o
planejamento deverá, segundo Freitas, organizar o ensino-aprendizagem em dois
núcleos ou eixos interligados: objetivos/avaliação e conteúdo/método. Neste
processo, a avaliação não é meramente estatística e, por isso, medida somente
no final do processo. Ela é reguladora, ou seja, dá base para o planejamento e
orienta durante o percurso o que está funcionando e o que precisa ser
replanejado. Nesse sentido, ela deve compreender no mínimo três fases: avaliação
inicial, monitoramento e avaliação final.
No tocante ao combate à homofobia e a
promoção das múltiplas sexualidades, o educador centrará seus esforços nos
conteúdos atitudinais e nos procedimentais. Para os primeiros, as crianças
precisarão vivenciar situações conflitantes que permitam a observação dos
comportamentos de cada um dos meninos e meninas e, com isso, romper com ideias
pré-estabelecidas como: “brincar de boneca é coisa de menina”, “o menino tem de
ser forte”, “ somente meninas andam de mãos dadas”, “mulheres cuidam de
crianças, homens conquistam o dinheiro”, etc...
Para o desenvolvimento de suas capacidades, às
crianças deverão “estabelecer e ampliar cada vez mais as relações
sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista
com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e
colaboração”. (GUARULHOS, 2010 p, 29)
Por meio de sequencias didáticas
elaboradas, principalmente, a partir do brincar e dos brinquedos, o educador
fará a ampliação dos conceitos de gênero, dos papeis sociais de cada um, das
possibilidades múltiplas de identidades sexuais, de relações afetivas e de
profissões determinadas por gênero e, assim, acompanhará situações onde os
procedimentos sofrerão ou não modificações.
Diante disso, faremos um exemplo de
sequência didática para a educação infantil. Durante quatro dias, as crianças
vivenciarão atividades de uma hora cada, com essa temática, divididas da
seguinte maneira.
1.
Faz-de-conta.
2.
Jogo
das cores
3.
Como
eu me sinto quando...
4.
Brinquedos
de todos
No faz-de-conta, uma série de
adereços e figurinos serão dispostos para que as crianças vivenciem diversos
papéis sociais. Caberá às educadoras e aos educadores presentes incentivar que
na brincadeira elas vivenciem experiências consideradas socialmente como
masculinas e femininas, sem distinção de gênero. Nesse sentido, Finco, Silva e
Drumond são claros ao afirmarem que: “A possibilidade de experenciar
sentimentos fortes e contraditórios, colocar-se em múltiplos papéis, de exercitar o poder, dizer o indizível, viver o
inimaginável, na interação com o outro, alarga as fronteiras entre a fantasia e
a realidade colaborando significativamente na construção das identidades das
crianças”. (p, 77)
As cores são
importantes recursos de trabalho para a questão de gênero na educação infantil.
Por isso, o segundo dia de atividades ficará reservado para o
trabalho com elas. Na área externa, as crianças poderão se pintar com as cores
que mais gostam e os meninos e as meninas incentivados a diversificarem as
cores de cada um, sem estereótipos.
A terceira
atividade é a da conversa, pois as crianças tem muito que dizer. “Quando eu me
sinto quando...” busca trabalhar na criança o hábito em expor seus sentimentos diante
de situações cotidianas que muitas vezes são naturalizadas.
Seja na atividade das cores, ou
nesta, o intuito é o de produzir uma pedagogia que veicula atitudes e
hábitos, descaracterizando os estereótipos de comportamento que fomentam
preconceitos e desigualdades de oportunidades entre meninos e meninas.
Por fim, uma
atividade com brinquedos para desnaturalizar as ideias preconcebidas de que
eles são definidores de gêneros. No primeiro momento, todos brincarão de cuidar
da casa, dos filhos (por meio dos bonecos e bonecas) e de como podem ser
compartilhadas as tarefas domésticas por todos os moradores de um mesmo local.
Assim como, os brinquedos, supostamente masculinos, serão compartilhados por
todos neste momento lúdico do cuidar/educar.
Neste Plano
de Ação Pedagógica, todas as atividades descritas serão registradas por fotos,
vídeos e relatos dos educadores sobre as vivências partilhadas. Este material
comporá a matriz avaliativa e precisará contemplar estas situações e
procedimentos para que, durante o processo de ensino-aprendizagem, ela possa
ser utilizada como instrumento de reformulação de novas ações.
A partir de uma
concepção que contempla como finalidade fundamental do ensino a formação
integral da pessoa, e conforme uma concepção construtivista, a avaliação sempre
tem que ser formativa, de maneira que o processo avaliador, independentemente
de seu objeto de estudo, tem que observar as diferentes fases de uma
intervenção que deverá ser estratégica. (ZABALA, 1998, p.201)
Conclusão
Combater à homofobia na educação
infantil e promover as múltiplas sexualidades é tarefa para duas frentes de
ação: a organização do trabalho pedagógico da escola e a organização do
trabalho pedagógico da sala de aula (FREITAS, 2012). A construção das
identidades de gênero e das identidades sexuais começa cedo na vida das
crianças e a educação infantil tem fundamental importância neste processo.
[...] a escola
torna-se, no que se refere à sexualidade, um local de ocultamento. Mais do que
isso, a escola cria uma homofobia compartilhada com a família e com outros
espaços sociais, expressando uma certa ojeriza às sexualidades que não se
enquadram na heterossexualidade
normativa, “como se a homossexualidade fosse contagiosa” (2001, LOURO apud BELO
e FELIPE, 2009, p.151)
O educador, na perspectiva deste artigo,
necessita imbuir-se deste tema e incluir no seu processo de avaliação e
planejamento instrumentos de ação para reverter este quadro e contribuir com
relações societárias menos violentas e mais humanizadas.
Bibliografia
BELLO, Alexandre Toaldo & FELIPE, Jane. Construção
de Comportamentos Homofóbicos no Cotidiano da Educação Infantil. In: JUNQUEIRA,
Rogério Diniz
(org). Diversidade Sexual na Educação: problematizações
sobre a homofobia nas escolas. Brasília :
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, UNESCO , 2009.
BERGER, Peter L.
e BERGER, Brigitte. Socialização: Como ser um membro da sociedade
in: Sociologia e sociedade: Leituras e introdução à sociologia (compilação de textos por) Marialice Mencarini Foracchi (e) José de souza Martins. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1977
in: Sociologia e sociedade: Leituras e introdução à sociologia (compilação de textos por) Marialice Mencarini Foracchi (e) José de souza Martins. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1977
BRASIL.
LEI Nº
9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>
. Acesso em: 25 abr. 2013.
CAMPOS,
Maria Malta e ROSEMBERG, Fúlvia.
Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos
fundamentais das crianças. 6.ed. Brasília : MEC, SEB, 2009.44 p.
FREITAS, Luiz Carlos de. Avaliação
educacional: caminhando pela contramão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
FINCO, Daniela; SILVA, Peterson Rigato da;
DRUMOND, Viviane. Repensando
as relações na Educação Infantil a partir da ótica de gênero. In:
GEPEDISC - Culturas Infantis. Culturas
Infantis em creches e pré-escolas:
estágio e pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1ª. ed., 2011.
GUARULHOS, Proposta Curricular, Quadro de
Saberes Necessários. Secretaria
Municipal de Educação. Guarulhos, 2010.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Homofobia nas Escolas: um problema de todos. In: JUNQUEIRA, Rogério Diniz (org). Diversidade Sexual na Educação:
problematizações sobre a homofobia nas escolas.
Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO , 2009. p.13-52.
VENTURA, Monteserrat; HERNANDEZ, Fernando.
Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares. In:
A organização do curriculo por projetos de trabalho: o conhecimento é um
caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998, 224p.
*Daniel Cerqueira é educador e pesquisador da produção de homofobia em ambientes educativos e das políticas públicas de combate à ela.
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ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998, 224p.
*Daniel Cerqueira é educador e pesquisador da produção de homofobia em ambientes educativos e das políticas públicas de combate à ela.
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