Aos poucos invado o muro
Agarro-me às paredes duras,
fixas, impermeáveis...
As pedras gélidas de concreto
Causam-me ânsia, receio, dor
Não sei por onde começar.
Onde se encontra aquele
que tanto lutou para derrubar paredes?
O mundo volta à seu início
Vazio, Indecifrável.
Olho a minha volta e não sei
Onde estou, Quem sou?
Bato, Grito, Empurro
Nada se modifica.
Faço sem vigor, sem a crença
necessária de que não os necessito.
Olho para aquele muro,
Desesperançoso.
O mundo começa a tragar-me
Sou mais um na multidão.
Paro! Canso!
Minhas pernas bambas, meus ombros estirados
Recosto-me à parede e
Subitamente
Sinto minha mão a penetrar.
Será possível?
Uma mão
Outra mão
Mãos tocam as minhas
Trazem-me para dentro do muro
E agora, moldo-me a ele.
Transformo-me, aos poucos, num pedaço de concreto.
Algumas partes deste muro estão muito distantes.
Conseguirei eu alcançá-las?
Quero ser mais uma parte deste muro de concreto?
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