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domingo, 4 de abril de 2010

Poesia 2003: Simples


Simples          por Dani Ciasca
Pobres Coitados!
  Encarcerados,
Passam a viver em função
  Desta vil palavra:
Humildade!
Ser humilde é aceitar,
conformar-se, acomodar-se.
É olhar para o futuro
Aceitando o presente.
É enxergar ao redor
e confortar-se com o que possui.
É pensar que o pouco é muito
O nada é suficiente.
A ignorância é uma virtude!?
Por quê?
Por que tentam imputar em nossas cabeças
um defeito como virtude?
Àqueles a quem a humildade interessa,
tentam confundir-nos
Fazer-nos pensar que é
irmã gêmea da simplicidade.
Não é!
Sede simples, sincero,
educado, atencioso.
Olhe para o futuro
e vede nele
o resultado
de vossas ações!
Joguai fora todo
e qualquer resquício
desta HUMLIDADE,
Espúria, suja, sangrenta!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Poesia 2003: prisioneiro





Prisioneiro
                    (Dani Ciasca)

Tendes a maturidade a brilhar em vosso cabelo,
A sabedoria nas enfatuadas palavras que dizeis,
E no entanto, olhais para a cidade e as pessoas
Que nela vivem, sobrevivem
Como quem olha uma folha seca ao chão.
Culpado.

De todos os caminhos que podíeis escolher
Ao longo da vida a seguir seu curso,
Escolhestes o mais doloroso.
O que vos levastes a solidão pungente,
Dilacerante, por vezes cruel.
Culpado.

No tempo que fôreis menino
Quisestes romper barreiras.
Optar pelo imponderável,
Absurdo.
E tivestes a audácia de desafiar
As regras, o seguro.
Culpado.

Entre soltar o grito que vos afligíeis
Lutar pelo dificultoso e ser, quem sabe,
O responsável pela mudança,
Preferistes calar-vos e seguir adiante.
Culpado.

Sois culpado.
Sois culpado porque vos culpa a culpa.
A culpa de não serdes o que vossos pais sonharam,
O que vossos amigos esperaram,
O que vossos patrões exigiam.

O que é a culpa senão a nossa
Incapacidade de sermos nós mesmos?

Tivestes medo de que vos culpasse
Pelo fracasso alheio
E não percebestes que o maior culpado
De todos os vossos males é a culpa
Que sentistes.

Culpado.
Culpado.
Culpado.
Culpado.








terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Aqui esta-se sossegado

Aqui está-se sossegado,
Longe do mundo e da vida,
Cheio de nao ter passado,
Até o futuro se olvida,
Aqui está-se sossegado.

Tinha os gestos inocentes,
Seus olhos riam no fundo.
Mas invisíveis serpentes
Faziam-a ser o mundo.
Tinha gestos inocentes.

Aqui tudo é paz e mar.
Que longe a vista se perde
Na solidao a tornar
Em sombra o azul que é verde!
Aqui tudo é paz e mar.

Sim, poderia ter sido...
Mas vontade nem razao
O mundo tem conduzido
A prazer ou conclusao.
Sim, poderia ter sido...

Agora nao esqueco o sonho.
Fecho os olhos, oico o mar
E de ouvi-lo bem, suponho
Que veio azul a esverdear.
Agora nao esqueco e sonho.

Nao foi proposito, nao.
Os seus gestos inocentes
Tocavam no coracao
Como invisíveis serpentes.
Nao foi proposito, nao.

Durmo, desperto e sozinho.
Que tem sido a minha vida?
Velas de inútil moinho -
Um movimento sem lida...
Durmo, desperto e sozinho.

Nada explica nem consola.
Tudo está certo depois.
Mas a dr que nos desola,
A mágoa de um nao ser dois
Nada explica nem consola.

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Poesia 2003

Três meses   (Dani Ciasca - 15/05/2003)

Aos poucos invado o muro
Agarro-me às paredes duras,
fixas, impermeáveis...
As pedras gélidas de concreto
Causam-me ânsia, receio, dor
Não sei por onde começar.

Onde se encontra aquele
que tanto lutou para derrubar paredes?

O mundo volta à seu início
Vazio, Indecifrável.
Olho a minha volta e não sei
Onde estou, Quem sou?

Bato, Grito, Empurro
Nada se modifica.
Faço sem vigor, sem a crença
necessária de que não os necessito.

Olho para aquele muro,
Desesperançoso.
O mundo começa a tragar-me
Sou mais um na multidão.
Paro! Canso!

Minhas pernas bambas, meus ombros estirados
Recosto-me à parede e
Subitamente
Sinto minha mão a penetrar.

Será possível?

Uma mão
        Outra mão
Mãos tocam as minhas
Trazem-me para dentro do muro
E agora, moldo-me a ele.

Transformo-me, aos poucos, num pedaço de concreto.
Algumas partes deste muro estão muito distantes.
Conseguirei eu alcançá-las?
Quero ser mais uma parte deste muro de concreto?

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mais poema: 2003!




Angústia por Dani Ciasca (nov/2003)

Andastes por aí
  a procurar-vos
    e não encontreis

A cada passo,
  cada olhar,
    cada gesto
Sentistes vontade de chorar,
  desistir e parar

Sois covarde,
  Ou a inquietude de vossos pensamentos
      soterrou vossas sensações?

Perdeste-vos,
Livre,
Neste universo de mágoa e solidão

E agora, não sabeis como prosseguir
Para onde olhar,
Porque chorar

Fizestes de vossas esperanças
  um mar de frustrações

Caminhais no limiar
  do amor e da dor
E tendes de escolher
  para que lado cair

E depois, curadas as cicatrizes
  e amarradas as dores
    em laços parcos de calor,
Levantardes e segui-vos

Sois homem!

Estas dúvidas,
  Inquietações
    E sofrimentos
São para vós
  como o sangue libidinoso
    que percorre-vos.






domingo, 22 de novembro de 2009

Poesia 2003


Prognóstico
(Dani Ciasca)


Posto que sois
Uma profusão de pensamentos
Dúvidas e inquietações,
Sede o que vos cabe.


A parcimônia de atitudes
Que demonstra vosso caráter,
É a certeza insuportável
Da fraqueza que representais
Ante vossa necessidade vital.


Gritai!
Sofrei por tudo que rejeitam
Àqueles que desprezam
As dores alheias.


Levantai vossos olhares cansados
À espera do tempo que virá.
E que será,
Como o que passa por vós,
A angústia vazia de ações.


E, assim, ao entrardes nessa nova era
Com passos firmes.
Assegurai-vos do caminho
Que vossos pés guiam.




Regozijai-vos da vitória
Antes que vos arrependeis,
Não por ser aquilo que sois,
Mas porque não fôreis
O que mais necessitais.