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domingo, 15 de maio de 2011

Avante Latino America!

quer ver o que já
postei sobre
America Latina?
Momento histórico e importante para a América Latina
Mês que vem o Peru realiza o segundo turno das eleições. 
De um lado Humala, do outro, Keiko Fujimori, filha de Alberto, o ditador que deu um golpe na década de 1990. É incrível imaginar que estes depoimentos do vídeo são de casos tão recentes. Prisões, torturas e, pasmem, um plano nacional de ESTERILIZAÇÃO FORÇADA!
Avante Peru!



Latino America esta una vez mas en un momiento historico. La segunda vuelta en Peru pone de un lado, Humala y , del otro, Keiko Fujimori, la hija del dictador Alberto. 
Este video es increible sino por la fuerza de los depoimentos pero tanbien  por saber que tan cerca en el tiempo, la decada de 1990, aun habia prisiones, toturas y, que se yo, un plan de ESTERILIZACION FORZADA!
Avante PERU!

terça-feira, 29 de março de 2011

Encontro com Milton Santos

Encontrar com Milton Santos é sempre um privilégio. Digo isso porque tenho algumas pessoas em minha vida que dizem admirar o fato de que sonho um mundo diferente e faço o que posso para isso.

Não é nada perto do que este homem fez.Não à toa, ele é hoje a referência acadêmica de dez entre dez cursos e ongs que querem mudar o mundo.


Veja aqui um pedaço e baixe o filme completo.



download do filme completo:
http://www.megaupload.com/?d=6CDIMPTI


Aproveite e clique em mais informações para ler o texto do Cineasta Silvio Tendler sobre os 10 anos sem MS






Silvio Tendler

No inicio de 2001 entrevistei o professor Milton Santos. A riqueza do depoimento do geógrafo me obrigou a transformá-lo no filme "Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá". Lá pelas tantas o professor critica a "neutralidade" dos analistas econômicos dizendo que eles defendiam os interesses das empresas que serviam.
Dez anos depois o cineasta Charles Ferguson em seu magnífico filme "Inside Job" esmiúça em detalhes a fala de Milton Santos e revela a promiscuidade nos Estados Unidos entre bancos, governo e universidades. Revela a ciranda entre universitários que servem a bancos e empresas financeiras, vão para o governo, enriquecem nesse trajeto, não pagam impostos, escrevem pareceres milionários para governos estrangeiros induzindo a adotarem políticas que favoreçam o sistema financeiro internacional. Quebram aplicadores e fundos de pensão incentivando a investirem em papéis, que já sabiam, com antecedência, micados. E quando são demitidos das instituições financeiras partem com indenizações milionárias. Acertadamente este filme ganhou o Oscar de melhor documentário de 2011.
Na outra ponta da história está o filme "Biutiful" do Mexicano Alezandro Gonzalez Iñarritu, rodado em Barcelona e narra a vida dos fodidos, das vitimas do sistema financeiro internacional: africanos e chineses que vão para a Espanha para escapar da fome e do desemprego e se submetem a condições de vida sub-humanas. O trabalho do ator Javier Bardem rendeu o prêmio de melhor ator do Festival de Cannes de 2010.
São filmes para ninguém botar defeito e desconstroem as perversidades do mundo em que estamos vivendo.
Em discurso recente em Wisconsin, solidário aos trabalhadores que lutam contra novas gatunagens, o colega estadunidense Michael Moore declarou:
"Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.
Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revistaFortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer".
E arrematou com maestria e indignação:
"...Falei com o meu coração, sobre os milhões de nossos compatriotas americanos que tiveram suas casas e empregos roubados por uma classe criminosa de milionários e bilionários. Foi na manhã seguinte ao Oscar, na qual o vencedor de melhor documentário por "Inside Job" estava ao microfone e declarou: "Devo começar por salientar que, três anos depois de nossa terrível crise financeira causada por fraude financeira, nem mesmo um único executivo financeiro foi para a cadeia. E isso é errado. "E ele foi aplaudido por dizer isso. (Quando eles pararam de vaiar discursos de Oscar? Droga!)"
Esse ano celebramos os dez anos da morte do professor Milton Santos. Quem quiser ler "Por uma Outra Globalização" do Professor Milton Santos encontrará um diagnóstico perfeito do processo de globalização que gestou as mazelas descritas em "Inside Job" e "Biutiful". Quem quiser reencontrá-lo em "Encontro Com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá", estará celebrando a vida e o pensamento de um dos maiores pensadores do Século 20, capaz de ter antecipado muito do que estamos vivendo hoje. Sempre com seu sorriso nos lábios e o olhar que revelavam sua clarividência desde o primeiro momento em que começava a se manifestar.
Silvio Tendler é cineasta, diretor de Os anos JK, Jango Utopia & barbárie, entre outros documentários.
Crônica originalmente publicada na edição 420 do Brasil de Fato.






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terça-feira, 10 de novembro de 2009

A direita tem nome: DEM


Tem gente que não entende o que é ser de DIREITA.
Direitista é todo aquele que considera a tradição, o conservadorismo, a moral, os bons costumes valores que devem ser seguidos por todos, querendo ou não.
Quem é a direita do Brasil?
Um deles é o povo do DEM (Kassab, Rodrigo Maia, etc..). Vou postar assim que estiver on, mas o que fez o prefeito Ézio Spera da cidade de Assis SP proibindo que as pessoas fiquem na rua e que o CQC mostrou nessa segunda é a prova de que a direita tem nome sim nesse país.










CARTA À GEISY

Publicado por: Ana Paula Padrão

Acabo de ler, aliviada, a decisão do reitor da Universidade Bandeirante, a Uniban, que revogou comunicado do conselho da própria universidade de expulsão da aluna Geisy Arruda.
Achei que só me restasse esperar, vestida com minha burca, comprada no Afeganistão, a chegada dos Talebans tupiniquins. Ora, se estavam devidamente cacifados por uma instituição de ensino que deveria alimentar e disseminar na sociedade a tolerância, o respeito e outros valores democráticos, os jovens donos da moral certamente invadiriam em seguida o sambódromo para cobrir as Evas e acabar com aquela pouca vergonha.
De qualquer maneira, é preciso pensar sobre o que levou o conselho de uma universidade, que se supõe formado de pessoas esclarecidas e cultas, a acusar a aluna Geisy de ter tido uma “atitude provocativa, que buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar”. Se é assim, pensei comigo ao ler o texto, já em antecipação aos novos tempos: o que seria das praias brasileiras, quando os arautos dos bons costumes se alastrassem, primeiro pelas demais universidades, depois pelos prédios públicos, até chegarem aos locais de aglomeração popular, gritando às mulheres, chicote nas mãos, que se cubram em nome da ética?





Sim, em nome da ética, foi como justificou o conselho da Uniban a atitude de seus alunos, descrita pela nota oficial por eles divulgada, como uma “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”.
Um arrepio percorreu minha espinha. Certamente seria eu cosiderada – por eles, os justiceiros da dignidade – inadequada aos padrões desejáveis. Não que eu saia por aí de vestido cor-de-rosa curto – meu implacável senso crítico me diz que já passei da idade. Mas um corpo docente que não admite conviver com uma saia alguns centímetros acima dos joelhos, o que achará então de uma mulher que utiliza seus melhores atributos – a inteligência, a capacidade de articulação, a cultura – para com isso declarar-se independente do julgamento de um homem que diga a ela com que roupa ir aonde quer que seja?
Ler a delirante nota do conselho da Uniban faz meu estômago revirar. A aluna Geisy Arruda, que cumpria com suas obrigações curriculares e pagava suas mensalidades em dia teria sido expulsa “em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos da dignidade acadêmica e à moralidade”. Se é isso que eles escrevem, imagino o que pensam e comentam entre si sobre uma aluna que tem todo o direito de fazer suas próprias escolhas.
Ninguém tem que achá-las bonitas, corretas, louváveis, exemplares. Mas, se já não estamos mais na idade do obscurantismo, nem em Cabul, todos temos sim, que respeitá-las. Se foi esse sentimento que motivou o reitor da Uniban a reavaliar a decisão de seu conselho, loas a ele! Mas que a história toda é assustadora pela quantidade de preconceito envolvida, não há dúvida.

domingo, 25 de outubro de 2009

Eleições uruguaias



Acompanhe aqui no blog neste domingo, 25, a cobertura das eleições presidenciais no Uruguay.


21h54
Como pesquisa sempre aponta o que os donos do dinheito querem, ainda acredito que Pepe pode levar essa em primeiro turno, assim como Morales "surpreendeu" na Bolívia.


21h26
Tradução abaixo







Encuestadoras plantean panorama incierto sobre balotaje (periodico El Pais)





Sin dar numeros, las diferentes encuestadoras comenzaron a dar indicios de cuales serán los resultados de la elección del día de hoy.
Óscar Botineli, de Factum, manifestó que "se va asentando que habrá balotaje".
También destacó que el Partido Nacional y el Frente Amplio "tienen una pérdida porcentual de votos con respecto a las elecciones de 2004".
Además destacó que hay un "crecimiento extraordinario" del Partido Colorado.
La baja en la votación del Frente Amplio se explica según Bottinelli en un desajuste muy grande entre la aprobación de la gestión y figura de Vázquez y la tendencia al voto hacia el Frente Amplio. "La aprobación del presidente no llega al nivel de traducirse en voto efectivo", expresó el politólogo.
Bottinelli también se refirió a la situación del Partido Independiente, aunque explicó que todavía los datos no permiten saber llega a los niveles proyectados en la encuesta
En cuanto a Luis Eduardo González de la empresa Cifra, dijo que No se puede decir si todavía si hay segunda vuelta.
"No sabemos si el Frente está votando un poco más o un poco menos que el 50%. Tampoco sabemos si tiene mayoría parlamentaria", dijo González
Además, el director de Cifra, manifestó que "la elección es muy parecida a la 2004, El Partido Nacional está votando un poquito por debajo de lo que votó en 2004 y el Partido Colorado mejor".
En cuanto a los plebiscitos, se manejan conceptos similares a los que muestra Botinelli.
Ignacio Zuasnabar, de Equipos Mori, dijo que "el Partido Colorado habría votado sustancialmente más que lo que pronosticaban las encuestas semanas anteriores".
En cuanto al Partido Nacional afirmó que según boca de urna "votó menos que las elecciones pasadas".
Por su parte, el Frente "se mantiene en lo previsto cercano al 47 y 48%".
Institutos de pesquisa dão como incerta a ida para o segundo turno.


Sem dar números, os diferentes institutos de pesquisa começaram a dar indícios de quais serão os resultados da eleição no dia de hoje.
Oscar Botineli, da Factum, declarou que "aparentemente haverá segundo turno".
Também destacou que o partido nacional e a frente ampla "têem uma perda percentual de votos em relação as eleições de 2004".
Ainda destacou que há um "crescimento extraordinário" do partido colorado.
A diminuição da votação na frente ampla se explica, segundo Botineli na diferença entre a aprovação da gestão e da figura de Vásquez e a tendência de voto na Frente Ampla. "A aprovação do presidente não chega a transferir os votos", expressou o cientista político.
Botineli também se referiu a situação do Partido Independente, ainda que não seja possível confirmar no momento os números das pesquisas.
No entanto, Luis Eduardo Gonzalez, da empresa Cifra, disse que não é possível ainda afirmar que haverá segundo turno.
"Não sabemos se a Frente Ampla terá um pouco mais ou um pouco menos de 50% e também não sabemos se terão maioria parlamentar", disse González.
Porém, o diretor da Cifra declarou que "a eleição é muito parecida com a de 2004. O Partido Nacional terá um pouco menos de votos que em 2004 e o Partido Colorado um pouco mais".
Já sobre os plebiscitos, ambos têem a mesma expectativa.
Ignacio Zuasnabar, da equipe Mori, disse que " o Partido Colorado foi votado substancialmente mais do que as pesquisas das últimas semanas previam".
Também para Ignacio, o Partido Nacional "foi menos votado que nas últimas eleições".
"A Frente Ampla terá conforme o previsto ente 47 e 48%.


17h59
Depois de votar, Pepe volta pra sua chácara e trabalha a terra, como sempre faz.
Dá-lhe PEPE!



14h25

Segundo as pesquisas, a dúvida é se haverá ou não segundo turno.






12h18

Prova de fogo da esquerda uruguaia (revista Caros Amigos)


Depois de viver a experiência do primeiro governo de esquerda da sua história, o povo uruguaio vai às urnas, no dia 25 de outubro, para escolher o novo presidente. Fotos Fania Rodrigues
Por Fania Rodrigues
Um ex guerrilheiro lidera as intenções de voto para as eleições presidenciais do Uruguai. O que seria impossível na América do Sul dos anos 1970, quando muitos países viviam em plena ditadura militar, ainda soa estranho, mesmo se tratando de um dos mais democráticos países da América Latina. José “Pepe” Mujica, hoje com 74 anos, é o candidato a sucessor do primeiro governo de esquerda da história do Uruguai, que chegou ao poder em 2005, quando foi eleito Tabaré Váquez, da Frente Amplio, um partido de coalizão que reúne diferentes forças políticas de linha marxista.

^ “El Pepe”, como é conhecido, começou sua militância política ainda na década de 1960, quando ingressou no Movimiento de Liberación Nacional - Tupamaros (MLN-T), uma organização política uruguaia composta por distintos movimentos da esquerda radical, que atuou como guerrilha urbana, entre 1960 e início da década de 1970. Preso quatro vezes, no total Mujica passou quase 15 anos de sua vida encarcerado. O último período de detenção durou 13 anos, entre 1972 e 1985, vivendo em condições precárias, sofrendo tortura e isolamento. Marcado pelos seis balaços da época do enfrentamento
armado e pelos anos de cadeia, quando ganhou a liberdade, beneficiado pela lei de anistia, Mujica levou sua luta para as vias eleitorais. Criou o Movimento de Participação Popular (MPP), dentro da Frente Amplio, e no ano de 1994 foi eleito deputado federal por Montevidéu e depois em 1999 senador, cargo que ocupa desde então. Agora, no próximo dia 25 de outubro vai enfrentar a mais dura das batalhas da sua vida: o veredicto do povo através das urnas.

Ministro da Pecuária, Agricultura de Pesca, entre 2005 e 2008, Pepe Mujica não era o favorito do atual presidente, Tabaré Vásquez, para a sua sucessão. Vásquez nunca escondeu sua preferência por Daniel Astori, ex-ministro de Economia e Finanças de seu governo. Derrotado nas internas da Frente Amplio, realizadas em 28 de junho desse ano, Astori aceitou o convite de Mujica para ser seu vice.

Polêmico, contraditório, herói para uns e perigoso para outros, Pepe é inteligente e culto, não usa gravata, não gosta de assessores, fala o que pensa e muitas vezes comete gafes. Faltando 40 dias para as eleições ele deu uma extensa entrevista para o jornal argentino La Nación, em que fez algumas declarações no mínimo desastrosas para um candidato a presidência e quase causou um incidente diplomático. Disse que “o problema de Hugo Chávez é que ele fala demais. Tem que falar menos”. Sobre a Argentina afirmou: “Não sei qual é a ideologia dos Kirchner. Parece que são progressistas, mas também são peronistas. No Uruguai é difícil para nós entendêlos”. E não parou por aí. Falou que “a justiça tem odor de vingança” e que nela não crê.

Depois admitiu que também fala demasiadamente. Nessa mesma semana, o jornalista uruguaio Alfredo García lançou, no dia 13 de setembro, o livro Pepe Coloquios, com 14 entrevistas de Mujica, em 28 horas de conversas gravadas. O livro virou polêmica, teve repercussão internacional e esgotou em poucos dias. Nele o presidenciável faz mais declarações sobre os Kirchner, a quem define como “patota” (gangue, em português) e chama o governo e os ruralistas argentinos de “burros”.

No entanto, isso em nada mudou o cenário político. Mujica e Astori continuam liderando as pesquisas, com 45% das intenções de votos. Mas as eleições não estão ganhas. Mais quatro partidos estão na disputa, entre eles o Partido Nacional (Blanco), Colorado, Assembleia Popular e Partido Independente. Mas apenas os candidatos de dois deles possuem chances reais de vencer as eleições: José “Pepe” Mujica, da Frente Amplio, e Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional, que possui 32% das intenções de votos.

O Uruguai possui uma direita organizada e com tradição política. “O Partido Nacional é muito antigo, criado em 1836, assim como o Colorado, criado em 1825, um dos primeiros do mundo. São partidos de direita que historicamente tiveram em seu cerne o liberalismo e a democracia”, observa o cientista político Adolfo Garcé, professor e pesquisador do Instituto de Ciência Política da Universidade da República de Montevidéu.

Luis Alberto Lacalle >> , de 68 anos é um político experiente. Ex-presidente uruguaio, governou o país entre 1990 e 1995 e foi um dos grandes responsáveis pelo processo de consolidação da democracia. Assumiu o governo com 49 anos, sendo considerado um dos mais jovens presidentes que o Uruguai já teve. Isso porque ingressou na política em 1958, quando tinha apenas 17 anos.

Advogado, cientista social e jornalista, Lacalle é um intelectual respeitado. Também foi deputado nacional e senador. Opositor à ditadura militar, em agosto de 1978 recebeu uma garrafa de vinho enviada por um desconhecido, com um bilhete que dizia “brindar pela Pátria em sua nova etapa” e assinado com a sigla “MDN”. Garrafas iguais foramenviadas também aos legisladores do Partido Nacional, Carlos Julio Pereyra e Mario Heber. Muitos acreditaram que era pelos rumores de que o país estava prestes a sofrer um golpe dentro do próprio regime. No entanto, a motivação era outra. Os vinhos
estavam misturados com um potente veneno. Lacalle não provou a bebida, alertado por sua esposa que achou tudo muito suspeito. Mas a companheira de Mario Heber, Cecilia Fontana, experimentou e morreu logo em seguida. O caso nunca foi esclarecido e há suspeitas inclusive de haver ligação com a morte, em 1976, do ex-presidente brasileiro João Goulart, que também pode ter sido envenenado.

Semelhanças e diferenças
José “Pepe” Mujica é uma figura muito polêmica, que encontra muita resistência em uma parte da sociedade e é muito querido entre os pobres e pouco aceito pelos ricos. “As pessoas sentem carinho por Mujica, muitas o admiram pelos anos que esteve na luta revolucionária. O respeitam pelo modo como vive, por sua coerência. Porque a ele não importa dinheiro, nem conforto. Vive em uma chácara a 20 km do centro da cidade, tem uma casa humilde e cultiva suas próprias flores. Não é como os políticos clássicos que têm grandes carros e um luxuoso apartamento em um bairro lindo. Mujica tem um carro muito velho e usa roupas velhas. As pessoas gostam dele e o consideram um homem honesto e sensível. Acreditam, sobretudo os pobres, que ele compreende seus problemas”, analisa Adolfo Garcé.

Com Lacalle é diferente. “O respeitam e acreditam que ele entende os problemas do mundo, que é um homem culto e bem informado. Todo mundo sabe que Lacalle pode ser um presidente que resolve muitos entraves. Tem aspecto de presidente. Fala como um presidente. Tem uma casa linda em Carrasco, um dos lugares mais caros de Montevidéu. É um homem que as pessoas sentem que as pode representar”, compara o cientista político. O que se sabe é que a competição entre Mujica e Lacalle é muito dura no terreno retórico. Mujica fala da corrupção dos anos 1990, do governo de Lacalle, que por sua vez fala da violação dos direitos humanos cometida pela guerrilha urbana que Mujica integrou. Para o pesquisador da Universidade da República de Montevidéu, Adolfo Garcé, ao mesmo tempo em que confrontam não estão se contrapondo com dois projetos de país completamente distintos. “José Mujica está fazendo uma campanha de centro-esquerda e Lacalle de centro-direita, sem grandes conflitos de interesses”.

Essa, no entanto, é a crítica mais feroz tanto ao governo de Tabaré Vásquez, quanto à candidatura de Pepe Mujica. Pois a Frente Amplio, assim como o PT do presidente Lula, saiu da esfera ideológica que sempre a norteou e vem atuando mais como progressista ou centro-esquerda.

Fania Rodrigues é jornalista

sábado, 1 de agosto de 2009

Fábrica ocupada em SP. Outro mundo é possível.

Nem consigo acreditar que este vídeo e esta matéria estão no site uol, da reacionária direita deste país. Enquanto não descubro as razões, vale a pena ver este pequeno registro e pensar no pouco que se valoriza o capital humano dentro deste sistema de acúmulo de capitais.


Única fábrica ocupada do Brasil rema contra a maré e quer estatização

Rodrigo Bertolotto
Do UOL Notícias
Em Sumaré (SP)
No Uruguai, a lista inclui uma confecção de ternos. Na Argentina, as mais de 60 empresas ocupadas pelos trabalhadores contam com sorveterias, hotéis, jornais, fábricas de empanada e até uma escola maternal e um hospital israelita.
Na Venezuela de Hugo Chávez, que anuncia expropriações às dúzias, multinacionais, como a japonesa Mitsubishi e a norte-americana Cargill, viraram os alvos. Já no Brasil uma indústria em Sumaré, município vizinho a Campinas (SP), é a única representante dentro do Movimento de Fábricas Ocupadas, uma espécie de versão industrial do MST.
A Flaskô, produtora de reservatórios e tonéis plásticos, foi tomada por seus funcionários em junho de 2003, após o pedido de falência devido ao acúmulo de dívidas do grupo comandado pelos irmãos Anselmo e Luis Batschauer. Os dois controlavam esse quinhão do conglomerado Hansen, que chegou a deter 47 empresas, incluindo a Tigre, líder latino-americana de tubos e conexões.

Boa parte das dívidas da Flaskô correspondia aos salários atrasados e aos diversos direitos trabalhistas (férias, FGTS e INSS) dos próprios trabalhadores. À época, outras duas fábricas dos irmãos Batschauer (a Cipla e a Interfibra) já estavam ocupadas em Joinville (SC) após meses de atraso no pagamento e greve dos trabalhadores.
Sem contar as que viraram cooperativas, cerca de 40 indústrias no Brasil já estiveram sob gestão operária por algum tempo. Mas acabaram fechadas ou sob administração judicial, como aconteceu com a dupla de empresas catarinenses.

O mesmo interventor designado pela Justiça para sanear a administração da Cipla e da Interfibra, Rainoldo Uessler, quis entrar em julho de 2007 na Flaskô, mas foi enxotado. "A peãozada ficou revoltada e botou o cara para fora", resume Osvaldo Costa Neto, que cuida do setor de expedição e atende pelo apelido de Shaolin. "Ele saiu com o terno amarrotado. Teve que receber uns sopapos para se tocar", completa Aldemir Tavares - ou Dema, o coordenador de vendas.

Os 58 funcionários decidiram em assembléia a expulsão do interventor. E
é na base do voto que eles decidem tudo no dia-a-dia. O faturamento gira em torno a R$ 180 mil: R$ 60 mil vão para pagar a energia elétrica, R$ 60 mil para a matéria-prima e outros R$ 60 mil para a folha de pagamento. Nessa situação, quando uma máquina quebra e seu conserto custa R$ 30 mil, o jeito é deixá-la de lado.

Quando a conta de luz vem alta, os trabalhadores abrem mão de parte do salário para que não cortem o fornecimento, como aconteceu há dois anos quando, a produção foi paralisada por conta de uma dívida dos antigos patrões - uma negociação com a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) parcelou o que era devido.

"Sem luz, as máquinas não funcionam, e a fábrica se acaba. Então é melhor apertar o cinto da gente", define Eliseu Domingues, que trabalha há 16 anos na firma e é agora líder de produção. A situação é definida por Wanderci Bueno, liderança da ocupação: "Como não temos capital de giro, vendemos o almoço para comprar a janta."
Com microfone em punho, Bueno liderou neste mês a passeata dos empregados pelas ruas de Campinas até a sede regional da Procuradoria da Fazenda para impedir a decisão de que 97% do faturamento da Flaskô sejam usados para pagar a dívida com a União, o que, na prática, inviabiliza a fábrica. Reforçados por estudantes de medicina, sem-teto e desempregados, o cortejo barulhento desfilou com faixas com os dizeres como "Ocupar, Resistir, Produzir" ou "Estatização das Fábricas Ocupadas".

A conquista imediata foi ganhar tempo, como aconteceu com os 208 leilões de equipamentos e instalações que conseguiram impedir com o mesmo método. "Para cada protesto é um dia de trabalho perdido. Mas é o jeito de manter a Flaskô em funcionamento", crava Edvaldo Sobrinho, com um boné são-paulino na cabeça e dez anos de trajetória como operador de máquina na indústria agora ocupada.

Cada adiamento é uma solução paliativa. O desfecho sonhado por eles, mas pouco provável, seria virarem funcionários públicos, após uma estatização da fábrica com gestão operária. Não querem virar cooperativa, o que significaria arcar com as dívidas e ficar sem os direitos trabalhistas atrasados.

Os trabalhadores foram até Brasília para pedir em audiência pública aos deputados que criem uma lei que permita que as indústrias quebradas sejam encampadas com ajuda do poder público e passem para as mãos de seus trabalhadores, o que já acontece na Argentina liderada pelo casal Kirchner e na Venezuela de Hugo Chávez. No encontro, estava presente representante do ministério do Trabalho.

O governo Lula, porém, não acena com algo parecido. "Na campanha de 2002, ele encontrou o pessoal da Cipla e prometeu apoio. Agora ele virou as costas", se queixa Bueno. A onda de privatizações do governo FHC (1995-2002) foi freada no governo petista. Lula, contudo, não foi para o lado da estatização ao gosto atual de Chávez ou ao estilo do regime militar brasileiro, de 1964 a 1985, quando 70% da economia estava nas mãos do Estado.

Sem o apoio de Lula, foi saudar outro patrono: uma comitiva da Flaskô foi em junho para Caracas participar do 2º Encontro Latino-Americano de Fábricas Recuperadas pelos Trabalhadores, que aconteceu mês passado (a terceira edição está marcada em 2010 para Buenos Aires).

Lá, o governo venezuelano anunciou a nacionalização de mais 20 indústrias. Operador de máquina, Manuel Carvalho voltou entusiasmado da nação vizinha: "Se fecharem aqui, vou mudar para lá. Chávez é nosso aliado." O operário uniformizou a família com os souvenires do "socialismo do século 21": ele e a mulher portavam camisetas chavistas (R$ 10 cada) e o filho enfeitava a cabeça com um boné de beisebol com "república bolivariana" bordada na frente (R$ 3).
Em 2006, Chávez entrou no enredo brasileiro, fornecendo matéria-prima em troca de know-how. A Venezuela vendeu polímeros feitos a partir de seu petróleo, base para formar os utensílios que as indústrias ocupadas produziam. Em troca, os brasileiros ajudaram a montar a Petrocasa, uma indústria de módulos plásticos para casas populares.

Por meio da Cipla, a Flaskô recebeu 56 toneladas de matéria-prima caribenha. A fonte secou quando a Polícia Federal entrou na Cipla após a Justiça Federal de Santa Catarina determinar que a administração ficaria na mão do interventor Uessler. Até ali, a fábrica catarinense se mantivera graças ao contrato com a Mercedes-Benz, para quem fornecia a estrela de três pontas que dá fama a marca.

À época, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) classificou essa conexão entre Caracas e Joinville como "ingerência em assuntos internos brasileiros".

Um discurso de esquerda perpassa pelas faixas de protesto ("Socialismo ou Barbárie"), no gabinete de Pedro Santinho, coordenador do conselho da Flaskô (com pôsteres de Marx e Lênin), mas nas entrevistas fica claro que é dentro do sistema capitalista que buscam a sobrevivência. "A gente pode gerenciar o que produz, mas na hora de ir para o mercado temos as mesmas dificuldades que os executivos, os patrões", conta Antônio Araújo, o Toninho, um ferramenteiro que luta para que os equipamentos não virem sucatas dentro da planta fabril.

Análises, pesquisas e trabalhos acadêmicos feitos na Argentina, onde a crise econômica crônica a partir de 2001 fez 10 mil pessoas atuarem em fábricas ocupadas, mostrou que o pragmatismo é a tônica. Apesar de uma certa ideologia anticapitalista, a
preocupação principal é a manutenção do emprego, e o triunfo que encontraram foi uma "humanização" do ambiente, com mais espaço para decisão, melhoria no refeitório e uso do espaço para atividades sociais e culturais nos finais de semana, por exemplo.

Um levantamento feito pelo Instituto Gino Germani, da Universidade de Buenos Aires, apontou que 90% dos trabalhadores de "fábricas recuperadas" (expressão usada nos países de fala espanhola) eram contra a ocupação de fábricas produtivas.
A própria Flaskô utiliza uma espécie de "terceirização do bem", nas palavras de Dema: 70% de seu movimento é uma prestação de serviço, com empresas parceiras entrando com o insumo e requisitando mão-de-obra especializada e o maquinário da indústria de Sumaré.

Os salários obedecem a hierarquia do tempo dos patrões, e os reajustes determinados pelo sindicato dos químicos foi aplicado. Sem engenheiros ou executivos circulando no chão de fábrica, os ordenados vão de R$ 1.000 a R$ 2.000, por uma carga horária de 30 horas semanais.

A crise entre o final do governo de Fernando Henrique Cardoso e o começo do comando de Lula fez pipocarem fábricas ocupadas no país, mas um refluxo aconteceu com a bonança econômica dos anos seguintes. A crise global detonada em 2008 poderia ser o prenúncio de nova leva de ocupações fabris. Entretanto, a Flaskô segue sozinha no Movimento das Fábricas Ocupadas, e em meio a sua pendenga jurídica.

Por um lado, os irmãos Batschauer foram condenados a três anos de prisão em regime aberto por sonegar impostos à União e por tomarem a contribuição previdenciária dos seus funcionários.

Por outro, um oficial de Justiça foi à casa do coordenador Santinho para penhorar seus bens pela dívida na empresa, mas como só encontrou uma TV e uma geladeria, saiu de mãos abanando. A Procuradoria da Fazenda cobra por dívidas que passam dos R$ 126 milhões.

A batalha de ações inclui também o interventor e os líderes ocupantes, em processos cruzados em que o papel de réu e acusador são invertidos. No meio de tantos leilões, passeatas, juízos e ameaças, o futuro da Flaskô é incerto. O único que se sabe é que o presente é vermelho, tanto na contabilidade quanto na ideologia.