sábado, 13 de fevereiro de 2010

FORA MARCELO DOURADO!

Não dá pra não voltar a falar de BBB10 quando depois de uma semana destas Marcelo Dourado chegou ao cúmulo de dizer que AIDS é uma doença de Gays.
Ou seja, a vitória desse cara seria a vitória da desinformação, do preconceito e do que há de mais velho e ultrapassado na nossa sociedade.
Por isso, começo aqui a campanha FORA MARCELO DOURADO!


Segue abaixo texto escrito por Susan no blog DE CARA PRA LUA




Depois que recebeu o colar vermelho da Maroca e passou a irritação inicial, Marcelo Dourado fez questão de avisar a seu grupo que não havia mudado seu voto no Dicesar, que Maroca não tinha passado a ser o seu alvo. A votação de domingo será muito esclarecedora, se Lia, Cadu, Fernanda e Dourado votarem na Dimmy está sacramentada sua aliança. Marcelo Dourado conseguiu muitas vitórias neste jogo, conseguiu reverter o preconceito pelo fato dele ser um ex-BBB, tanto junto ao público onde tem a maior torcida da net quanto dentro da casa onde estabeleceu sua liderança no grupo de aliados que ele conquistou e na iniciada, agora um pouco estremecida, amizade com Morango.
O incomodo do Dicesar e Serginho com ele continua, mas talvez seja respaldado em outra seara. Quando eu ouvi Marcelo Dourado afirmando, no papo que teve na piscina com Lia, Serginho e Lena, que a insinuação de homossexualidade feita pela Lena seria motivo para gerar violência eu comecei a pensar até onde Dicesar está errado em sua opinião sobre Dourado, até onde sua implicância foi gratuita. Uma vez deitado na cama com Morango, Dicesar afirmou que Dourado era a encarnação do tipo de homem que a vida inteira o havia repelido e agredido. Quando Dourado se mostra tão intolerante em suas posições ele lança a dúvida se a rejeição do Dicesar partiu do nada.
O problema é que Dourado se mostra um grande jogador, cometeu poucos deslizes, talvez o maior dele seja a aliança com Lia, Cadu e Fernanda, pois do jogador no papel de cavaleiro solitário e excluído ele passa à liderança numa velada articulação de votos que vem sendo feita por Lia. Mas tem sido o cara mais sincero em sua relação com a galera da casa, o mais centrado. Só perde o rumo quando o assunto é homossexualidade. O público da net vem exaustivamente repetindo que Dourado não é obrigado a aturar as bichices de Serginho e Dicesar. É verdade, ele realmente não é obrigado, mas pode pagar o ônus por suas atitudes, por suas palavras, pelo mau humor excessivo, pela rejeição explícita.
Afinal de contas ele concordou em participar de um jogo de convivência onde suas atitudes seriam analisadas e julgadas pelo público. E onde ele não teria controle do tipo de pessoas que estaria participando, esse é o grande desafio do programa, conviver com pessoas desconhecidas e aprender a aceitar as diferenças. Assim como disse Bial, saber se adaptar às situações propostas pela convivência. Não dá para fazer um muro na casa e colocar Marcelo Dourado de um lado e Tia Dimmy e Serginho do outro. Assim como Dicesar e Serginho pagam por sua intolerância com Dourado. E acabaram, por conta de suas reclamações e provocações constantes, criando no público uma pré-disposição com eles de tal maneira que deram um espaço imenso para Dourado montar sua tenda no BBB.
Nesse trio eu não livro a cara de nenhum dos três. Marcelo Dourado não é um pobre coitado perseguido, tampouco Serginho e Dicesar, mas existe entre eles uma tensão cuja responsabilidade não pode ser atribuída apenas aos papos picantes e posturas exageradas dos homossexuais assumidos da casa. Existe em Dourado uma imensa repulsa por tudo que se relacione ao universo gay. Ele diz que aceita, mas suas atitudes não condizem com suas palavras. É mais ou menos como dizer que eu não sou racista desde que minha filha não queira se casar com um negro.
Marcelo Dourado pode aproveitar essa oportunidade para aprender e mudar? Pode, mas tem que sair do discurso, além do fato que Marcelo não é nenhuma criança, é homem feito, com trinta e sete anos, que já deveria ter aprendido algo mais sobre tolerância na vida. Mas tudo isso é inerente ao jogo, o problema é que ele não acontece isolado, o jogo BBB é reflexo da vida que levamos aqui fora. E preocupa-me esta espécie de baluarte hetero que está sendo atribuído ao Dourado. Isso traz à tona uma avalanche de preconceitos que vem paulatinamente sendo enfrentados e combatidos na sociedade.
Uma vitória de alguém que repudia tão acintosamente esse universo, essa cultura, pode não mudar o mundo, mas significa um verdadeiro retrocesso, é um indício, um termômetro de nossa sociedade, no pior sentido. Muitos me dirão: Susan o BBB não é lugar de discussões sérias. É verdade, mas meu coração engajado sofre ao ver jogadas no lixo tanta discussão e debate sobre a beleza da diversidade. Além disso, existe um limite para o que seja esse divertimento, pois quando pode influenciar a sociedade de uma maneira negativa, que é o caso, pois Marcelo está sendo visto por milhões de pessoas, isso perde a graça e deixa de ser brincadeira, passa a ser um papo muito sério.
Tanto que a Rede Globo ao colocar no ar as declarações de Dourado sobre a AIDS fez questão, nas palavras de seu apresentador, de negar qualquer vínculo da emissora com a opinião emitida por Dourado. Uma pena que não tenham dito ao vivo quais são os perigos de se transar sem camisinha, pois nem todo espectador da TV aberta possui acesso à internet para buscar as informações corretas sobre a transmissão da doença. Afirmações como as feitas pelo Dourado são muito graves, pois podem levar pessoas a infectar outras por falta do uso de preservativo. Dourado ou qualquer outro que passe essa idéia adiante está prestando um desserviço à sociedade.
E, por favor, não me falem em preconceito contra o heterossexualidade, isso não existe, pois vivemos numa sociedade onde ser hetero é dominante, é o aceitável, é o “normal”. Assim como não existe preconceito contra os brancos, pois não existe nenhum tipo de empecilho colocado pela sociedade ao acesso a bons empregos, escolas, locais públicos pelo fato da pessoa ser branca. No entanto existe aqui no Brasil de maneira velada e em outros países de maneira explícita toda essa carga em cima da raça negra. O mesmo problema é enfrentado pelos homossexuais. Portanto são contextos sociais bem distintos. Fazer gracinhas pelo fato de alguém ser “branco azedo”, não tem o mesmo peso de chamar alguém de "crioulo safado".
Quando algumas pessoas entram no sistema de comentários do DCPL e ofendem a mãe do Cazuza porque ela atreveu-se a escrever em seu blog uma crítica às afirmações do Dourado sobre a AIDS, eu começo a ficar temerosa de que esse tipo de sentimento arraigado de intolerância e preconceito aproveite essa brecha para mostrar sua cara. Acaba que a intolerância é corroborada quando se aceita Dourado, minimizando sua idéias preconceituosas sobre a homossexualidade apenas em nome de uma possível vitória do candidato, pois é responsabilidade de todos que são informados e esclarecidos discutir e combater essa falta de informação.
Mas os fãs do Dourado não precisam ficar preocupados, pois grande parte do público, infelizmente, pensa como ele. E a maneira afetada e caricata de Dicesar e Serginho, sua personalidade fraca, sua falta de conteúdo não ajudam, não combatem essa rejeição que nós seres humanos temos com aqueles que são diferentes. Só existe uma pedra no caminho da possível vitória do Marcelo Dourado, se a sociedade conseguir identificar em suas atitudes, em suas idéias controversas, o preconceito imenso, o cheiro de um mundo velho e ultrapassado que deveria de vez ser descartado. Mas como o tempo é pouco e a disposição do público parece que inexiste, Marcelo Dourado caminha a passos largos para a conquista de muito dinheiro. Afinal de contas, thats entertainment!

Nenhum comentário:

Postar um comentário