Um bom e bonito debate foi travado ontem no curso de serviço social da Unifesp Baixada Santista..
A partir do texto de Suzana Albornoz, O trabalho na balança de valores (clique aqui pra ler), fizemos algumas ponderações interessantes.
Por um lado, é verdade que o conceito de trabalho mudou ao longo da história e hoje é muito mais complexo do que há alguns anos atrás. Entre os intelectuais há cada vez mais gente levando em conta que o trabalho não é só uma forma de gerar renda. Ele está ligado a satisfação pessoal, ao prazer físico e ou estético e que, outras atividades além do labor, também podem ser consideradas parte do trabalho.
No entanto, é preciso criar diálogos entre o mundo intelectual e o mundo real, pois este está impregnado e incorporado do pensamento do trabalho como utilidade, como geração de renda e do velho conceito protestante de que "o trabalho dignifica o homem".
O serviço social preocupado com a emancipação do indivíduo tem de buscar caminhos para quebrar esses conceitos arraigados. O que se vê no mundo real é muita gente indo na onda do trabalho que Marx aponta como "alienado". São, a todo instante, oferecidos cursos de pedreiro, marcenaria, auxiliares de escritório e outros do gênero que tem como função desenvolver a mão-de-obra barata que está cada vez mais escassa para a burguesia.
E, assim, se reproduz o ciclo de pobreza, pois o indivíduo "apto" a ser marceneiro voltará a marginalização caso o mercado pare de investir em marcenaria. Ao passo que o indivíduo emancipado saberia buscar outras alternativas caso o seu trabalho de marcenaria fosse mudando de direção.
Um exemplo mais didático:
Suponhamos que há 2 décadas atrás, fossem oferecidos aos pobres curso de digitação. O que estariam fazendo estas pessoas hoje?
Por isso, é preciso ter a dimensão do coletivo e do que garanta a autonomia do cidadão, e não somente o do resultado imediato. O trabalho responsável deve saber dialogar como o valor dominante, mas na perspectiva de modificá-lo, ou ao menos, o de questioná-lo.
O trabalho alienado pode ser oferecido como necessidade urgente, mas precisa estar atrelado a um processo emancipador, ou será, mais uma vez, a política do Pão e Circo.
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