Para começo de conversa: sou fã da Virada Cultural.
Acho um evento fantástico. Qualquer festa que incentive a ocupação artística da cidade e ofereça shows gratuitos de Ron Ayers, White Denim, Raul de Souza & Zimbo Trio, Man or Astro-Man? e tantos outros, merece aplausos.
Sempre prestigiei a Virada Cultural. Se estiver em São Paulo dias 5 e 6 de maio, irei com certeza.
Mesmo com todos os problemas – falta de educação do público, imundície nas ruas, gente que não consegue se divertir sem destruir patrimônio da cidade – é um evento imperdível.
Meu problema com a Virada Cultural é um só: acho que ela deveria ser a cereja do bolo da programação artística da cidade, e não o bolo em si.
Explico: se um dos objetivos de shows gratuitos na cidade é valorizar as ruas e promover sua ocupação com atividades culturais, não seria mais lógico ter uma programação que se estendesse ao longo de todo o ano?
Imagine se, a cada fim de semana, um bairro da cidade fosse “ocupado” por shows, peças, filmes, concertos, etc.? Não seria uma maravilha?
Isso ajudaria a criar o hábito na população de visitar diferentes regiões da cidade para aproveitar as atrações.
Acho bem mais saudável do que espremer centenas de eventos numa noite só.
A Virada Cultural, ao concentrar uma infinidade de atrações em 24 horas, promove um verdadeiro frenesi na cidade, lotando hotéis e incentivando o turismo.
Mas, sinceramente, não vejo como isso estabelece algum tipo de conexão permanente das pessoas com as ruas.
A impressão que tenho é exatamente a oposta: como a festa só dura uma noite e só se repetirá daqui a um ano, o público pouco se importa com a sujeira deixada, e trata a cidade como um bem descartável. É triste, mas é fato.
Minha sugestão seria manter a Virada Cultural em um final de semana, reduzindo seu tamanho, e criar uma programação permanente de atrações por vários bairros da cidade.
Assim, a Virada Cultural seria a coroação, o auge da programação artística da cidade. E não a sua totalidade.
POR ANDRE BARCINSKI
fonte: http://andrebarcinski.blogfolha.uol.com.br/2012/04/17/virada-cultural-deveria-ser-a-cereja-nao-o-bolo/
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