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Na próxima sexta, 19, termina a telenovela Avenida Brasil. Enorme sucesso, este fenômeno televisivo causou espanto na mídia por, pela primeira vez, atingir e cativar o público masculino e o feminino juntos.
As explicações para isso são muitas e não conseguirei aqui listá-las todas, mas a principal receita de sucesso desta novela é ela ser a antítese do politicamente correto.
O público tá de saco cheio de ficção certinha e em Avenida Brasil o autor João Emanuel Carneiro reverteu e inverteu tudo.
- Carminha apanha quando apronta, a despeito da Lei Maria da Penha.
- Todos os personagens quando tem um problema enchem a cara, afogam as mágoas no álcool.
- A poligamia de Cadinho é aceita e assumida por suas 03 mulheres e pela comunidade.
- A evangélica que era atriz pornô se desconverte e abandona a religião pra voltar a vida de prazer.
- A mais gostosa se assume como maria chuteira e faz disso seu trunfo pra pegar todo mundo.
- Mas ela ainda faz mais e tenta ( e consegue por um tempo) atrair sexualmente um gay.
- Roni, o gay em questão, consegue seu namorado no esquema casamento a 3.
e por aí vai...
Avenida Brasil traz então uma questão que deve e precisa ser debatida: ficção precisa ser politicamente correta?
É claro que tem os caga-regras que acham que deve (ver aqui a crítica do Leonardo Sakamoto). Talvez se ele assistisse a toda a novela, como assume que não faz, entenderia que Carminha de ingênua não tem nada, mas isso é outra história...
Por fim, essa questão da novela que trago ao debate é a central razão de seu sucesso e não o retrato da nova classe C, como alguns acham. Tem muita novela que tenta retratar essa camada social e não consegue exatamente por tratá-la da forma mais burguesa existente no Brasil. Não adianta colocar os personagens na favela se eles agem como moradores de ipanema.
O que está em jogo é o retrato ficcional de uma sociedade que, na prática, é cheia de moral às avessas, onde os valores conservadores não penetram com tanta força e onde o prazer e o impulso falam mais alto do que a razão. E quem somos nós para julgá-los?
PS: Eu acharia ruim se a novela fizesse apologia a violência doméstica, por exemplo, ou outras questões sociais complexas, mas não é o caso em Av Brasil.
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