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domingo, 4 de outubro de 2015

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência.

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Para as noveleiras e os noveleiros de plantão há uma perplexidade em entender porque a novela A Regra do Jogo, da rede globo de televisão tem a pior audiência da história de uma novela dita do "horário nobre" na rede de televisão que sempre deteve o maior poder econômico no Brasil.

Escrevo então como comunicador para que possamos refletir sobre esse fenômeno.





Em primeiro lugar nunca fez tanto sentido pensar na frase que sempre acompanhou as telenovelas. Algo como: "Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência." A telenovela sempre teve, merecidamente, um lugar pesado na crítica dos intelectuais da comunicação e da sociologia. Isso se dava, principalmente, por ela retratar uma imagem falsa do país onde só haviam ricos e classe média, ninguém trabalhava ou passava necessidade. Como a televisão aberta era o único meio de televisão e com o largo alcance que ela teve nos anos 80 e início dos 90 com praticamente todas as casas possuindo pelo menos um aparelho, esse retrato falso tornava-se manipulador de uma sociedade que não condizia com a realidade. Muito embora o maior problema sempre esteve nesse embate ficção x realidade, pois esta confusão era geradora da manipulação ideológica advinda da telenovela. Uma obra de ficção realista e que raras vezes explorava a fantasia, o lúdico ou o absurdo como linguagem gerava na verdade uma realidade ficcionada.


Eis que o Brasil mudou radicalmente nos anos 2000. Ampla parcela da população teve acesso a internet e aos canais pagos e as novas gerações foram migrando para outros veículos e outras formas de entretenimento. Soma-se a isso a penetração intensa das chamadas "séries" estadunidenses, ou de outros países, ganhando preferência entre os jovens e adultos dos 30 aos 40 anos. 


Ora, como linguagem, as séries são muito mais segmentadas do que as telenovelas. Elas tratam de temas específicos para públicos específicos. Sex and The City, por exemplo, era uma série voltada ao público feminino. Game of Thrones, público jovem. Married With Children, famílias de classe média. E assim por diante. 

Por outro lado, principalmente depois de Avenida Brasil, as classes populares e os bairros da periferia começaram a ser tratados e retratados mais próximos da realidade. Aparentemente isso se deu pela necessidade de reconhecimento e visibilidade dos mais pobres, o que quebrou radicalmente o paradigma dos anos 80 e 90 que foi sintetizado pelo carnavalesco Joaozinho Trinta: "Quem gosta de pobreza é intelectual. Pobre gosta de ver luxo e riqueza" (a frase exata não é essa, mas tá aproximada)

O pobre em ascensão também quer se ver representado na tela.

Por esse breve relato vê-se que o quebra-cabeças para entender a tal "baixa audiência" da novela é bem mais complexo do que dizer que há uma rejeição às novelas da Globo desde Babilônia ou atribuir essa queda ao sucesso da novela bíblica da record. 

O que me parece mais concreto é dizer que chegamos numa nova era da televisão brasileira onde as tvs abertas deverão cada vez mais segmentar seus públicos e apostar nessa segmentação para sobreviver. Acabou a era do monopólio global sobre o gosto do telespectador e nada irá recuperar isso porque é impossível agradar a todos. 20 pontos no ibope é um sucesso nessa nova era.


As pessoas que consideram A Regra do Jogo uma novela violenta não passarão a gostar dela se os capítulos ficarem cheios dos núcleos de humor. Assim como os que têm vibrado com a marca policial da novela, que começou mais parecida com uma série, inclusive com a inovação de títulos que conduzem a leitura dos capítulos, desistiriam de acompanhá-la se essa trama for diminuída. A direção da Globo precisa decidir: pra quem será essa novela?

E apostar nisso para fortalecê-la na sua audiência e no público que irá acompanhá-la por isso. 


(Nos próximos dias escreverei uma postagem sobre alguns porques de Verdades Secretas ser vista como sucesso e A Regra do Jogo como fracasso sendo que ambas tem a mesma pontuação de audiência)


terça-feira, 16 de outubro de 2012

A razão do sucesso de Avenida Brasil.

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Na próxima sexta, 19, termina a telenovela Avenida Brasil. Enorme sucesso, este fenômeno televisivo causou espanto na mídia por, pela primeira vez, atingir e cativar o público masculino e o feminino juntos.
As explicações para isso são muitas e não conseguirei aqui listá-las todas, mas a principal receita de sucesso desta novela é ela ser a antítese do politicamente correto.

O público tá de saco cheio de ficção certinha e em Avenida Brasil o autor João Emanuel Carneiro reverteu e  inverteu tudo.
- Carminha apanha quando apronta, a despeito da Lei Maria da Penha.
- Todos os personagens quando tem um problema enchem a cara, afogam as mágoas no álcool.
- A poligamia de Cadinho é aceita e assumida por suas 03 mulheres e pela comunidade.
- A evangélica que era atriz pornô se desconverte e abandona a religião pra voltar a vida de prazer.
- A mais gostosa se assume como maria chuteira e faz disso seu trunfo pra pegar todo mundo.
- Mas ela ainda faz mais e tenta ( e consegue por um tempo) atrair sexualmente um gay.
- Roni, o gay em questão, consegue seu namorado no esquema casamento a 3.
e por aí vai...
Avenida Brasil traz então uma questão que deve e precisa ser debatida: ficção precisa ser politicamente correta?
É claro que tem os caga-regras que acham que deve (ver aqui a crítica do Leonardo Sakamoto). Talvez se ele assistisse a toda a novela, como assume que não faz, entenderia que Carminha de ingênua não tem nada, mas isso é outra história...
Por fim, essa questão da novela que trago ao debate é a central razão de seu sucesso e não o retrato da nova classe C, como alguns acham. Tem muita novela que tenta retratar essa camada social e não consegue exatamente por tratá-la da forma mais burguesa existente no Brasil. Não adianta colocar os personagens na favela se eles agem como moradores de ipanema. 
O que está em jogo é o retrato ficcional de uma sociedade que, na prática, é cheia de moral às avessas, onde os valores conservadores não penetram com tanta força e onde o prazer e o impulso falam mais alto do que a razão. E quem somos nós para julgá-los?

PS: Eu acharia ruim se a novela fizesse apologia a violência doméstica, por exemplo, ou outras questões sociais complexas, mas não é o caso em Av Brasil.

 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Avenida Brasil põe em risco a credibilidade ao defender teses religiosas.

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A novela Avenida Brasil entrou no último sábado, 28/07, numa temática muito perigosa. A novela, que vem ganhando cada vez mais popularidade e respeitabilidade junto à crítica pode ver tudo desabar em busca de agradar a audiência.


Engana-se quem pensa que estou falando da vingança de Nina em Carminha.



O problema em questão é o casamento de Suelen e Roni que coloca uma tese conservadora, preconceituosa e preocupante em cena:


"Todo gay só é gay porque nunca teve mulher ou o problema do homosexual é falta de testosterona".


Uma tese defendida pelos evangélicos e demais homofóbicos para aumentar a intolerância.


A ciência cada vez mais tem tratado o assunto de maneira oposta, deixando clara que a homossexualidade é uma orientação determinada por vários fatores, sendo que nenhum deles inclui o biológico (caso do hormônio testosterona).


Essa tese defendida pelos religiosos inclui outras afirmações como a recente imagem que circula pelas redes sociais onde uma senhora afirma que nunca encontrou na bíblia nenhuma referência a homossexuais. querendo com isso dizer que isto não é normal.




 O mais preocupante disso tudo é que a novela quer agradar a massa e a massa amaria acreditar nessa tese. O autor João Emanuel Carneiro, que tão bem tem escrito essa novela e, aliás, feito uma das mais interessantes novelas dos últimos tempos ao lado de A favorita e Cordel Encantado, pode jogar por terra toda a credibilidade da crítica se insistir nessa história e ir contrário a todas as lutas pelos direitos humanos que cada vez mais são maltratados com casos frequentes de violência homofóbica (clique aqui para ver os casos).

 
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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Zeca Carmargo e Avenida Brasil

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Nem toda unanimidade é burra


por ZECA CAMARGO


Pense comigo: se todos concordassem com a frase “clássica” – enunciada por ninguém menos que um dos nossos maiores escritores, Nelson Rodrigues -, ela própria resumiria um pensamento burro. Concorda? Sei que esse jogo logístico pode parecer um pouco pesado para começar o post de hoje – e prometo não me alongar na dissecação dele. Uso a citação apenas como uma defesa. Sim, porque eu mesmo estou aqui hoje para elogiar um trabalho que assim que estreou já se tornou uma unanimidade: o de João Emanuel Carneiro, em “Avenida Brasil”- a nova novela das 21h. Ou eu deveria dizer “o novo filme das 21h”?
A dúvida tem fundamento: quando assisti ao primeiro capítulo na última segunda-feira, por mais de uma vez eu tive a sensação de que o que eu estava vendo estava mais para a linguagem do filme do que a da novela. Não em detrimento do próprio formato da teledramaturgia brasileira – cuidadosamente construído ao longo de décadas -, mas mais como uma genial elevação de patamar sugerida pelo autor, como se mais uma vez ele quisesse reinventar o gênero. Coisa que, claro, já está conseguindo.
(Aos cínicos de plantão, é com certa relutância e certo constrangimento que eu devo deixá-los à vontade para achar que existe uma arma na minha cabeça me obrigando a escrever algo bom sobre a nova atração maior da emissora onde eu trabalho. Os elogios que vou fazer a seguir – frutos do enorme prazer que o acompanhamento dos três primeiros capítulos de “Avenida Brasil” me deu – não são mais do que as considerações de um grande fã de novelas, uma paixão que já deixei claro em vários momentos aqui mesmo neste blog. Blog este, que vive de cultura pop – especialmente cultura pop que agrada este que vos escreve. E “Avenida Brasil”, adivinhe, cai exatamente nesta categoria. Agora, se vocês acham que isso faz parte de um complô para, hum, alavancar a audiência – diga-se, de um produto que prescinde disso (sem falar que o “poder de tiro” deste modesto espaço é ínfimo se comparado a outras ferramentas que a própria TV poderia usar para isso) -, vá em frente. Elabore sua “teoria conspiratória” num comentário aqui mesmo, ou então saia twittando sua “descoberta”. Aos que já me conhecem de longa data e sabem do meu compromisso com o que é escrito aqui, vamos em frente. Vai ser um prazer).
Eu falava então sobre a proeza de João Emanuel em associar a linguagem de cinema à de novela, sem prejuízo de nenhuma das partes. Mais de uma pessoa com quem conversei na terça-feira – e algumas que viram o capítulo comigo na segunda – admitiram que várias vezes se esqueciam de que aquilo era uma novela. A captação – que já foi recurso de algumas outras produções (notoriamente aquelas reservadas para o horário das 18h) – certamente colaborava para esse diferencial. Mas havia ainda a iluminação – certamente mais elaborada. E os enquadramentos. E a profundidade dos personagens. Eu poderia me estender aqui por cada um desses aspectos da novela, mas, para não ir muito longe, vou ficar apenas naquele que eu considero mais crucial para o sucesso da novela, e que melhor define o grande trunfo do autor: a capacidade de João Emanuel de confeccionar um ótimo roteiro.
Digamos que você não viu a estreia de “Avenida Brasil”, e alguém chega até você contando sobre um capítulo sensacional que viu outro dia numa novela. “Teve final de campeonato”, descreve esse alguém, “madrasta malvada desmascarada, um golpe revelado, um pedido de casamento e até uma armadilha para um homem que tem duas mulheres”. Nossa! – pensaria você: isso é um enredo digno de um ótimo final de novela. Pois João Emanuel jogou tudo isso no primeiro capítulo de “Avenida Brasil”. E sem a menor preocupação de ficar sem assunto dali em diante. Sua história começa já no meio – sem alienar nem um pouco quem vê. Como ele consegue isso? Bom, primeiro dispensando os canais tradicionais de apresentação de personagens. Por exemplo, não precisamos suportar dezenas de capítulos nos convencendo de que fulana é boazinha para depois nos surpreendermos com sua “guinada” para o mal. Em uma das primeiras cenas – e em menos de cinco minutos -, Carminha (magistralmente interpretada por Adriana Esteves) disse ao que veio: acaba com a vida da enteada para em seguida se fazer passar por madrasta dedicada quando o pai Genésio (Tony Ramos, em uma participação especial) chega em casa.
Economizando a atenção – mas não a inteligência – do telespectador, o autor ainda usa outro truque para eletrizar um primeiro capítulo. No lugar de nos enrolar com dúvidas sobre as intenções – e a intensidade amorosa – do craque que decide a tal final do campeonato, Tufão (Murilo Benício, apostando na veia cômica que sempre faz muito bem), para com Monalisa (Heloísa Périssé, ainda colhendo os elogios por sua atuação em “Dercy de verdade”), o roteiro resolve tudo rapidinho: da promessa incerta de um namoro ao pedido de casamento, em pouco mais de dois blocos! E para registrar sua heroína nos corações e mentes de quem está assistindo, João Emanuel não hesita: “descaradamente” nos apresenta a adorável Rita (vivida nessa fase inicial da novela, que se passa em 1999, pela não menos adorável Mel Maia), a enteada de Carminha.

Por chamadas na programação, “vazamentos de informação” (wikileaks do entertenimento!), e mais um bom boca a boca, sabemos que cada um desses personagens vai ter um desdobramento forte e elaborado. Mas, para que esperar um punhado de capítulos para jogar o telespectador no olho do furacão? Como fez em “A favorita”, João Emanuel não tem nenhuma restrição quanto a desmontar as estruturas convencionais – lembra-se quando, nessa sua novela anterior, um assassinato importante era desvendado antes mesmo de chegarmos à metade da duração prevista da história no ar? A aposta esperta do autor é a de que o público – e seja ele de que classe for – é mais inteligente do que podem sugerir as histórias convencionais. Num incansável e tentador desafio, é como se ele estivesse oferecendo um lugar numa carrinho prestes a descer numa acidentada montanha russa – para citar Bette Davies em “A malvada”, é como se ele sussurrasse no nosso ouvido: “Fasten your seatbelts, it’s going to be a bumpy night” (ou, em português, “Apertem seus cintos, vai ser uma noite turbulenta”). Vai resistir? O prejuízo será seu.
A citação à Bette Davis não é tão gratuita quanto você possa presumir. João Emanuel traz a herança de bons roteiros clássicos de Hollywood na bagagem – o que nem chega a ser uma novidade (Gilberto Braga, por exemplo, recorreu brilhantemente a “Alma em suplício”, “Mildred Pierce” no original, para construir um de seus maiores sucessos, “Vale tudo”). Mas ele não faz disso sua única fonte de inspiração. Como observou bem uma amiga que assistia ao capítulo de ontem comigo, com as dramáticas cenas no lixão – onde Rita é deixada por Carminha, depois da morte de Genésio -, a referência é diretamente literária: Charles Dickens. (E, ao observar isso fiquei pensando nos comentários sobre o “esforço” de “Avenida Brasil” em falar tão diretamente com a classe C… Será que o criador de “Oliver Twist”, “A pequena Dorrit” e “Grandes esperanças”, entre outros, já tinha essas preocupações na Inglaterra vitoriana? Eu, claro, divago…).
E além de todas essas referências, tem o talento pessoal de João Emanuel, já comprovado em vários trabalho anteriores – em um dos meu primeiros posts, eu já estava aqui declarando-me fã do autor. E é justamente por esse “conjunto” da obra, que nós sabemos que podemos esperar reviravoltas – e muitas -, em “Avenida Brasil”. Não estou falando de mudanças gratuitas de rumo, quando personagens, sem nenhuma explicação, “aprontam” algo inesperado – um velho recurso desesperado, um remendo para a falta de imaginação, que até mesmo Hollywood parece não se importar mais de usar, e que está mais para a leviana pantomima circense do que para a coerência de uma história que deveria ser bem contada para agradar o “respeitável público”… Falo, ao contrário, de uma narrativa engenhosa, que o público já está praticamente esperando – e que, pela amostra desses primeiros três capítulos, o próprio público já está disposto a aplaudir em coro. Nem que seja só para desafiar a frase de Nélson Rodrigues…

 
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domingo, 25 de setembro de 2011

Aí sim, uma novela.

Impossível não escrever nada depois de ver o final da novela Cordel Encantado.
Raras vezes eu vi uma produção tão bem acabada, inteligente e ousada como essa, na televisão brasileira.
É "chover no molhado" dizer da qualidade visual, dos figurinos impecáveis e cenários idem.
Então, pra não dizer o que todo mundo já disse vou tratar de dois assuntos importantes do meu ponto de vista.


1. Direitos Humanos
2. Referências culturais/históricas




A relação com os direitos humanos nessa novela foi pouco salientada por críticos e fãs, mas ela veio de uma maneira muito forte e presente para, de alguma maneira, mexer com o ideário de muita gente. No conflito tipo folhetinesco onde ora o vilão se dá bem, ora mal, chamou-me a atenção os momentos onde o vilão mor, Timóteo Cabral (Tiago Gagliasso) era capturado pelos mocinhos. 


Depois de tantas maldades, crimes e atitudes  pouco louváveis do vilão, cada vez que ele era capturado eu, como provavelmente a maioria da população que viu a telenovela, queria vê-lo sofrendo, quiçá sendo executado. No entanto, com exceção dos cangaceiros, cuja lei e a ordem é louvavelmente baseada na violência a quem é violento, nada acontecia com ele, pois a nobreza (aqui numa liberdade poética, pois os nobres na história sempre foram os mais sanguinários) e o povo de Brogodó intercediam a favor do vilão, pois como ser-humano deveria, ainda que prisioneiro, ser tratado com dignidade.


Em outro momento, quando estava para morrer, sua irmã, que outrora sofreu muito com os seus atos, quer saber como ele está, sente-se apiedada e, quando este morre, chora a perda de um irmão. 


Ainda que todos estes atos de caridade estivessem calcados, reforçados e explícitos na doutrina cristã destes personagens, é louvável que as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes tenham provocado os telespectadores em tempos onde, pelo menos no Brasil, o "olho por olho, dente por dente" esteja cada vez mais em voga.


Claro que, melhor ainda, seria se o vilão, tocado por estes atos, sofresse paulatina transformação causada pela insistência das pessoas em transformá-lo, mas aí deixaria de ser novela, onde o vilão tem que durar até o final.


Já com relação às referências, para mim, a grande sacada desta novela foi aproveitar-se do que de bom já se produziu na história da humanidade. A literatura de cordel, o tropicalismo que elas mesmo citam na última cena, mas também as histórias de cavalaria que compõem a cultura nordestina tradicional, a história de Antonio Conselheiro na figura do beato Miguezinho (Matheus Nachtergaele), a humanização e heroização do cangaço, sempre visto nas escolas como bandidos sanguinários quando, na verdade, era uma reação a exploração e violência coronelista do sertão e, por fim, a linda referência ao clássico Romeu e Julieta, de Shakespeare, quando Aurora/Açucena (Bianca Bin) toma o veneno que a despertará horas depois e Jesuíno (Cauã Reymond) a encontra "morta", se desespera, arma-se o funeral (lindamente, aliás) e, sozinho na "cripta" resolve despedir-se de sua julieta com um beijo, no exato momento em que ela desperta.


Com tantas qualidades, Cordel Encantado é daquelas coisas que daqui a 15, 20 anos as pessoas vão falar: "lembra daquela novela...."


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Congada ou Moçambique tanto faz.

Quando é pra criticar, critico. Mas como não elogiar a novela Cordel Encantado que além de toda a estética renovada para o gênero e uma trama não tão comum, ainda vai nos brindar com uma festa da Congada.
Congada, Congado ou Moçambique tanto faz. Conheça o que é e desfrute dessa maravilha que é o nosso folclore, as nossas festas populares tradicionais.




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ti ti ti entorno de Caio Castro já é exagero.

Não sou muito de assistir novelas.

Há tempos me livrei desse vício.

Sim, porque a telenovela no Brasil é tão prejudicial à saúde quanto o tabaco e o álcool.

Conheço gente, e eu já fui assim, que
 deixa de sair, de encontrar com os amigos, de ler um bom livro ou até ver o por do sol na praia para ficar vendo novela.

Mas, vez ou outra, me deixo levar por algumas delas.

Em geral, escolho-a pelo autor: Silvio de Abreu, Gilberto Braga e, agora, João Emanuel Carneiro estão na lista dos que quero sempre ver.

Aguinaldo Silva e Manoel Carlos fujo como o diabo da cruz.

E o Benedito Ruy Barbosa e o Walcyr Carrasco que considero bons autores, mas com algumas características que me irritam um pouco, por isso não vejo.

Bem. O fato é que após dois anos sem ver novela resolvi assistir Passione (Silvio de Abreu). Já não estava muito contente com ela quando, por outros motivos, fui ver os primeiros capítulos de TI TI TI e acabei trocando uma pela outra. Passione é chata, arrastada e sem grandes novidades. TI TI TI é ágil, bem humorada e uma das poucas novelas que dialoga com o mundo contemporâneo. A internet está muito presente na história e de uma maneira não forçada. Ponto para Maria Adelaide Amaral, única mulher dramaturga de telenovelas que conheço

Agora, a galera exagera.

Mais uma cena de choro de Caio Castro, pra delírio das fãs.
Outro dia, o TT's do Twitter (expressões mais usadas no momento) era Caio Castro. Só porque o menino fez uma cena desesperado, chorando e se agarrando as pernas da amada já foi colocado como grande ator. Pow. Menos né, gente.

Ele está desempenhando bem seu papel, é fato, mas precisa praticar e estudar muito pra chegar a uma composição de personagem como a dos estilistas feitos por Murilo Benicio e Alexandre Borges.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Inizia un nuovo viaggio

Antes que você me julgue, vale dizer as razões que me levam a querer acompanhar a novela Passione, que estreou hoje, na rede globo de televisão.
Não deixo de achar que a novela é um mal ao desenvolvimento do nosso povo, pois entretem a massa todos os dias, de segunda a sábado e por consequencia a impede de agir.
É o velho e eficiente processo de alienação.
Mas não sou aquele intelectualóide que
nega em público que assiste algo, mas de fato o faz. E o que me leva a assistí-la, já que eu não assistia a nenhuma novela há pelo menos 9 meses, desde o fim de A favorita?
Em primeiro lugar, pelo autor. Cresci ao lado de uma afilhada do Silvio de Abreu. Ela sempre falava do padrinho e me encorajava a assistir a suas novelas. E, de fato, acho o Silvio de Abreu um grande escritor de novelas.
E depois que ele escreveu A próxima vítima passei a admirá-lo ainda mais, pois passou a experimentar novidades no gênero. Daí veio o primeiro casal gay de uma novela, o retardamento mental do Jamanta em  duas novelas, a transexual Ramona, em As filhas da mãe e assim por diante.
Isso sem falar que ele sempre traz um elenco acima da média.
Mas cheguemos a Passione.
Vou tentar escrever neste blog alguns comentários que não se restringirão a fofocas ou resumos de capítulos, mas vou me propor a, de vez em quando, analisá-la criticamente, ainda que eu o admire.
No próximo post eu vou falar da escalação da segunda melhor atriz brasileira depois da Fernanda Montenegro, a De...
Topa acompanhar?
Então acesse o blog de vez em quando e veja se tem novidades.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Novela nunca foi coisa boa.


O Pessoal da 4 elemento escreveu que novela boa é coisa do passado.
Apesar de compreender o que eles querem dizer, a verdade é que novela nunca foi boa. Mas que entretem, entretem.
Pena que tenhamos poucos autores que ousem fazer algo além da fórmula.
Aliás, este é o atual impasse: se sai da fórmula perde audiência. Se fica na fórmula também perde pelo desgaste.
Além disso, é cômodo para eles não ter que criar.
Assisti ao primeiro e ao último capítulo de Caminho das Índias e, confesso, tive pena de Marcio Garcia. Gloria Perez é mestra em transformar atores medianos em piada. Ou alguém se esquece do cigano Igor?
Ver Marcio Garcia aparecer trinta segundos no capítulo final quando foi contratado para ser a estrela da atração é no mínimo uma falta de respeito com o cara.