Muito bom o título da matéria porque é isso mesmo: exclusão. E pior, por um órgão oficial de uma secretaria de educação.
São pessoas com esse entendimento do que é "educar" as primeiras responsáveis pelo caos social que vivemos. Afinal, não deveria ser o contrário? Os alunos mais difíceis, digamos assim, são os que mais necessitam do contato com a arte, de abrir horizontes e receberem novos estímulos para o aprendizado, mas o que se prefere é excluí-los ainda mais e jogá-los diretamente para o abismo.
Escolas de SP excluem alunos de passeio cultural
NATÁLIA CANCIAN
REYNALDO TUROLLO JR.
DE SÃO PAULO
Com número de vagas em passeios insuficiente para atender a todos os alunos, professores e diretores de escolas estaduais de São Paulo se veem obrigados a excluir parte dos estudantes de visitas a museus e exposições.
Pelas normas do programa Lugares de Aprender, o maior da pasta nessa modalidade, cada visita contempla 40 alunos. As regras dizem que, em uma visita, devem ser levados todos os alunos de uma classe, "sem distinção".
Mas, na prática, isso não acontece. Nas últimas cinco semanas, a Folha conversou com dezenas de professores de escolas estaduais de 14 cidades, que relataram ser comum alunos de uma mesma sala serem preteridos do passeio.
Os escolhidos geralmente são os que recebem as melhores notas ou têm bom comportamento. Segundo os professores, isso ocorre porque a secretaria costuma ofertar só um ônibus para uma determinada série de uma escola.
Assim, para levar alunos das quatro salas da oitava série à Bienal, por exemplo, docentes selecionam dez de cada classe. Os demais ficam de fora da atividade.
"Já chegam com a lista dos alunos pronta. Vão sempre os mesmos. E aí os outros pensam: 'Por que vou me interessar?'", afirma a estudante do ensino médio Mayara Cardoso, 18, da zona leste da capital, que diz ter sido preterida de um passeio.
Em Santo André, a mãe de um aluno de 15 anos chamou de "absurda" a exclusão do filho de um passeio neste ano, também à Bienal. Ele já havia sido excluído de outro passeio dois anos atrás.
Neste ano, segundo relato do aluno à Folha, a escola teve de selecionar 40 alunos de três classes do primeiro ano do ensino médio.
A reportagem contatou professores, alunos e pais por telefone e pessoalmente, durante visitas à Bienal de São Paulo e ao Catavento Cultural, ambos na capital. De todos ouviu relatos semelhantes sobre exclusão de alunos. A maioria pediu para ter seus nomes e os das escolas preservados.
EXCLUSÃO AUTOMÁTICA
Quando a sala tem mais de 40 alunos, o excedente está automaticamente excluído.
Nesses casos, contou uma professora de Pirajuí (a 384 km de São Paulo), costuma-se deixar de fora os que faltaram à aula no dia do anúncio do passeio.
Mesmo escolas que tentam cumprir as normas, levando uma classe inteira por vez, têm queixas. "Por que a escola leva sempre só o 1º ano A? Minha filha nunca foi", diz Alexandra Wolf, 42, mãe de uma aluna do 1º ano D de escola de Santo André (Grande São Paulo).
"A moral da história é essa: escolha", diz uma professora de Ribeirão Pires (Grande São Paulo). "Os alunos ficam frustrados, e nós, muito mais."
Segundo um professor de artes de São José dos Campos (a 97 km de São Paulo), a escola em que ele leciona faz uma lista dos "alunos de destaque", que são "convidados" para os eventos extraclasse.
"Já aconteceu de aluno que não foi [ao passeio] estudar mais, para ir no próximo", diz.
Mas para Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP, nem sempre o aluno consegue entender o critério. "O excluído fica com uma mágoa que pode prejudicar seu rendimento."
Neste ano, 852 mil participaram do programa; a rede tem 4,3 milhões de alunos.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1188551-escolas-de-sp-excluem-alunos-de-passeio-cultural.shtml
REYNALDO TUROLLO JR.
DE SÃO PAULO
Com número de vagas em passeios insuficiente para atender a todos os alunos, professores e diretores de escolas estaduais de São Paulo se veem obrigados a excluir parte dos estudantes de visitas a museus e exposições.
Pelas normas do programa Lugares de Aprender, o maior da pasta nessa modalidade, cada visita contempla 40 alunos. As regras dizem que, em uma visita, devem ser levados todos os alunos de uma classe, "sem distinção".
Mas, na prática, isso não acontece. Nas últimas cinco semanas, a Folha conversou com dezenas de professores de escolas estaduais de 14 cidades, que relataram ser comum alunos de uma mesma sala serem preteridos do passeio.
Os escolhidos geralmente são os que recebem as melhores notas ou têm bom comportamento. Segundo os professores, isso ocorre porque a secretaria costuma ofertar só um ônibus para uma determinada série de uma escola.
Gabo Morales/Folhapress | ||
Aluna da rede estadual de ensino durante visita de estudantes à Bienal de São Paulo, no Ibirapuera, zona sul de SP |
"Já chegam com a lista dos alunos pronta. Vão sempre os mesmos. E aí os outros pensam: 'Por que vou me interessar?'", afirma a estudante do ensino médio Mayara Cardoso, 18, da zona leste da capital, que diz ter sido preterida de um passeio.
Em Santo André, a mãe de um aluno de 15 anos chamou de "absurda" a exclusão do filho de um passeio neste ano, também à Bienal. Ele já havia sido excluído de outro passeio dois anos atrás.
Neste ano, segundo relato do aluno à Folha, a escola teve de selecionar 40 alunos de três classes do primeiro ano do ensino médio.
A reportagem contatou professores, alunos e pais por telefone e pessoalmente, durante visitas à Bienal de São Paulo e ao Catavento Cultural, ambos na capital. De todos ouviu relatos semelhantes sobre exclusão de alunos. A maioria pediu para ter seus nomes e os das escolas preservados.
EXCLUSÃO AUTOMÁTICA
Quando a sala tem mais de 40 alunos, o excedente está automaticamente excluído.
Nesses casos, contou uma professora de Pirajuí (a 384 km de São Paulo), costuma-se deixar de fora os que faltaram à aula no dia do anúncio do passeio.
Mesmo escolas que tentam cumprir as normas, levando uma classe inteira por vez, têm queixas. "Por que a escola leva sempre só o 1º ano A? Minha filha nunca foi", diz Alexandra Wolf, 42, mãe de uma aluna do 1º ano D de escola de Santo André (Grande São Paulo).
"A moral da história é essa: escolha", diz uma professora de Ribeirão Pires (Grande São Paulo). "Os alunos ficam frustrados, e nós, muito mais."
Segundo um professor de artes de São José dos Campos (a 97 km de São Paulo), a escola em que ele leciona faz uma lista dos "alunos de destaque", que são "convidados" para os eventos extraclasse.
"Já aconteceu de aluno que não foi [ao passeio] estudar mais, para ir no próximo", diz.
Mas para Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP, nem sempre o aluno consegue entender o critério. "O excluído fica com uma mágoa que pode prejudicar seu rendimento."
Neste ano, 852 mil participaram do programa; a rede tem 4,3 milhões de alunos.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1188551-escolas-de-sp-excluem-alunos-de-passeio-cultural.shtml
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