quinta-feira, 2 de junho de 2011

Proteção à mulher: Divulgue!

Casa de Saúde atenderá vítimas de estupro


Orientação para evitar a gravidez após um estupro ou para superar o trauma psicológico da violência de que foi vítima são algumas das atividades que uma equipe de especialistas realizam na Casa de Saúde da Mulher. Inaugurado neste mês, o novo centro foi montado para receber e atender mulheres vítimas de violência sexual. 

"O mais importante é ela procurar ajuda em até 72 horas", diz Rosiane Mattar, coordenadora do Serviço de Violência Sexual da Unifesp. 

Apesar de ser possível realizar o aborto legal nesses casos, a mulher

pode evitar a gravidez (ou seja, nem faz sentido falar em aborto, pois a gravidez ainda não existe) se o atendimento inicial ocorrer nesse prazo de três dias. "Muitas mulheres violentadas fingem que nada aconteceu e tentam esquecer. Percebem depois que estão grávidas", diz Fátima Ferreira Bortoletti, psicóloga integrante da equipe. 

"Dependendo de como a mulher é recebida, se dá a reabilitação dela ou não", diz Eleonora Menicucci, do Centro de Estudos em Saúde Coletiva da Unifesp, parceira da Obstetrícia e do Departamento de Enfermagem no projeto. 

Por isso, é importante o profissional que a atende ser preparado para a situação. "Basta um olhar para que a mulher se sinta discriminada. Ela é culpada pela sociedade: `Como você não reagiu?', perguntam. As pessoas se esquecem de que, naquela hora, a mulher entra em estado de choque", diz a psicóloga Caroline Parsit Ribeiro Vivone, também da equipe. 

Segundo Fátima, muitas acabam largando o trabalho e tendo graves problemas emocionais. As psicólogas acompanham as pacientes até que elas voltem ao serviço e consigam retomar relacionamentos afetivos, muitas vezes prejudicados pela agressão. "Elas passam a ver em qualquer homem um possível estuprador. Por isso, se isolam", diz. 

A vítima do estupro também poderá tomar remédios para evitar doenças como Aids, hepatite, sífilis e outras. Ao chegar à Casa, a mulher será recebida pelas enfermeiras, orientada sobre exames que fará e a medicação necessária. "É muito importante ela tomar os remédios. Muitas acabam parando por causa dos efeitos colaterais, como vômitos constantes", diz Rosiane. 

Ampliação 

O centro também atenderá outros casos delicados com o serviço de medicina fetal. Ele vai ser dirigido a mulheres que têm abortos espontâneos habituais, gravidez nas trompas e gestações de fetos com algum tipo de má-formação. A casa também dará apoio psicoprofilático a adolescentes grávidas e outras gestantes, isto é, ensinará às mães sobre o parto, cuidados com o recém-nascido, aleitamento materno e nutrição. 

Roteiro do socorro 

A mulher violentada poderá procurar diretamente a Casa de Saúde da Mulher Prof. Dr. Domingos Delascio - nome do ex-professor homenageado pela universidade. Caso a violência tenha ocorrido à noite, ela deve procurar um pronto-socorro (como o do Hospital São Paulo) para receber os cuidados de emergência e recolher material que poderá ser usado como prova no processo contra o agressor. No dia seguinte, ela será encaminhada para a Casa de Saúde da Mulher. 

Depois de também receber os cuidados médicos necessários, ela é encaminhada para as psicólogas do serviço. "No começo, elas vêm três vezes por semana. Não conseguem ficar sozinhas. Muitas vezes, nem contam para a família", diz a psicóloga Fátima. 

O trabalho dessas profissionais só pára quando a mulher já se sente bem para retomar a sua vida. "Muitas têm problemas com seus companheiros, perda de libido, fobias e medos", diz Rosiane. "Aqui elas serão acolhidas e respeitadas", conclui Eleonora Menicucci.

O que fazer em caso de violência sexual 

A mulher não precisa ir à delegacia para fazer boletim de ocorrência logo em seguida ao estupro. Ela deve procurar assistência médica, na Casa de Saúde da Mulher ou outro serviço. Se for à noite, procurar um pronto-socorro, como o do Hospital São Paulo. 
Não é preciso fazer laudo pericial no Instituto Médico Legal. O laudo médico serve como prova, se a vítima quiser processar o agressor. 
A gravidez pode ser evitada. As chances são maiores se procurar um médico em até 72 horas depois da violência. 
A mulher pode evitar adquirir doenças como Aids, hepatite e outras se procurar apoio médico e tomar todos os medicamentos necessários.

Onde fica

A Casa de Saúde da Mulher funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua Borges Lagoa, 418

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