segunda-feira, 22 de outubro de 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A razão do sucesso de Avenida Brasil.

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Na próxima sexta, 19, termina a telenovela Avenida Brasil. Enorme sucesso, este fenômeno televisivo causou espanto na mídia por, pela primeira vez, atingir e cativar o público masculino e o feminino juntos.
As explicações para isso são muitas e não conseguirei aqui listá-las todas, mas a principal receita de sucesso desta novela é ela ser a antítese do politicamente correto.

O público tá de saco cheio de ficção certinha e em Avenida Brasil o autor João Emanuel Carneiro reverteu e  inverteu tudo.
- Carminha apanha quando apronta, a despeito da Lei Maria da Penha.
- Todos os personagens quando tem um problema enchem a cara, afogam as mágoas no álcool.
- A poligamia de Cadinho é aceita e assumida por suas 03 mulheres e pela comunidade.
- A evangélica que era atriz pornô se desconverte e abandona a religião pra voltar a vida de prazer.
- A mais gostosa se assume como maria chuteira e faz disso seu trunfo pra pegar todo mundo.
- Mas ela ainda faz mais e tenta ( e consegue por um tempo) atrair sexualmente um gay.
- Roni, o gay em questão, consegue seu namorado no esquema casamento a 3.
e por aí vai...
Avenida Brasil traz então uma questão que deve e precisa ser debatida: ficção precisa ser politicamente correta?
É claro que tem os caga-regras que acham que deve (ver aqui a crítica do Leonardo Sakamoto). Talvez se ele assistisse a toda a novela, como assume que não faz, entenderia que Carminha de ingênua não tem nada, mas isso é outra história...
Por fim, essa questão da novela que trago ao debate é a central razão de seu sucesso e não o retrato da nova classe C, como alguns acham. Tem muita novela que tenta retratar essa camada social e não consegue exatamente por tratá-la da forma mais burguesa existente no Brasil. Não adianta colocar os personagens na favela se eles agem como moradores de ipanema. 
O que está em jogo é o retrato ficcional de uma sociedade que, na prática, é cheia de moral às avessas, onde os valores conservadores não penetram com tanta força e onde o prazer e o impulso falam mais alto do que a razão. E quem somos nós para julgá-los?

PS: Eu acharia ruim se a novela fizesse apologia a violência doméstica, por exemplo, ou outras questões sociais complexas, mas não é o caso em Av Brasil.

 

domingo, 7 de outubro de 2012

Sem nenhuma surpresa, SP opta pela continuidade.

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É meu povo, quem achava que a cidade de São Paulo queria o novo se deu mal. Porque o resultado das eleições municipais de 2012 deixam claro que a população está feliz com a gestão Kassab. Do contrário o candidato da continuidade Jose Serra não teria conseguido os 30% dos votos que conseguiu.
Se você olhar o mapa de votos em 2008 e 2012 vai entender o que estou dizendo:



É verdade que a eleição de 2012 não está definida ainda e o candidato da mudança , Haddad, precisaria concentrar suas forças nas zonas Norte e Oeste, como Butanta, Tucuruvi, Lauzane e no sul, no Jabaquara. 
Mas pela história desta cidade desde que a eleição passou a ter dois turnos só contra um candidato muito rejeitado como Maluf ou Russomano o PT tem chances. Quando a direita conservadora, elitista, preconceituosa e racista se une, como irá se unir agora com Serra e Kassab fica difícil derrotá-los.
Resta saber até quando estas regiões vermelhas do mapa vão aceitar a repetição destes resultados passivamente, pois a cada eleição elas ficam mais abandonadas e mais problemáticas? 

 

domingo, 30 de setembro de 2012

Há que descobrir o instante já.

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Um peixe fora d'água. Essa expressão antiga ainda diz muito quando tentamos entender aquela sensação de estar fora do sistema, seja ele qual for.
E hoje, o sistema é rcuel. Especialmente no mundo do trabalho. Chegamos a um nível que para manter padrões econômicos e poder "possuir" todos os ipads, iphones, tablets e tvs HD precisamos trabalhar, trabalhar e trabalhar. 8, 10, 12 horas por dia, não importa. E ainda é preciso deixar o celular ligado porque você tem de estar disponível para eventualidades que seu chefe ou seu subordinado precisem.
O curioso, e lamentável (por que não?) é que as últimas gerações acham isso normal, ou ainda, desejável.
E vá você dizer que não deseja trabalhar 40 horas por semana!
O teto desaba sobre sua cabeça e todas as piores coisas são pensadas a seu respeito: vagabundo, deprimido, incapaz, sonhador (como se sonhar fosse ruim), etc e tal.
Mas isso não é tudo. Você mesmo passa a se questionar se não é isso mesmo. E aí, a sensação do peixe fora d'água só cresce e fica difícil lidar com isso.
E eis que você vê, como que causalmente, uma lua cheia no céu, ou os pássaros cantando ao amanhecer e, assim, bem bucolicamente você se dá conta de que nada disso importa. Que o instante já é o mais interessante e que a todos os momentos é preciso estar presente. O tempo não passa rápido! Somos nós que não o aproveitamos suficientemente.
As pessoas não são más, mas você que escolhe errado com quem anda.
Aquela música não é ruim, mas você é quem pouco se permite experimentar o diferente.
E assim, tentando ver a vida de outra maneira as coisas começam a se re-encaixar e a fazer sentido novamente.
Mas cuidado, porque a roda viva vai chegar novamente e se você não estiver preparado ela certamente levará seu destino pra lá.

Dica cultural: Leia a livro infantil "A Mulher que matou os peixes" de Clarice Lispector.

sábado, 15 de setembro de 2012

Cultura volta a ser grande.

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Anta de Hollanda, ops, Ana, já vai tarde (clique aqui pra ver postagens minhas sobre ela) . Tenho esperança de que agora a cultura volta a ser grande.
Por isso, reproduzo a carta de Juca Ferreira, ex-ministro da cultura à nova ministra Marta Suplicy.


"Cara Ministra,
Quero parabenizá-la e manifestar meu contentamento e minha confiança de que o Ministério da Cultura, sob sua liderança, irá contribuir com o desenvolvimento do país através de políticas e ações à altura da grandeza e da importância da cultura e das artes brasileiras. Sua trajetória pública tem revelado uma sensibilidade política contemporânea e uma generosidade ao tratar das questões inerentes à condição humana. Com sua nomeação, o Ministério da Cultura retorna ao século XXI.
Tenho certeza de que a riqueza da nossa diversidade cultural e das nossas manifestações artísticas receberá do ministério o carinho e a dedicação que merece e que o MinC irá trabalhar sob seu comando para que o desenvolvimento cultural esteja sempre ao acesso de todos os brasileiros em todas as regiões e rincões deste grande país, como um direito fundamental.
O Brasil vive um grande momento, consolidando sua democracia, crescendo economicamente e incluindo milhões de brasileiros. Mas essa obra só estará completa se lograrmos garantir o desenvolvimento cultural do país.
Quero mais uma vez parabenizá-la, desejar sorte e sucesso diante desse novo desafio e me coloco à disposição para colaborar no que a Ministra considerar importante.
Um afetuoso abraço, Juca Ferreira, Madrid, 14 de setembro de 2012."


 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mirada 2012: Los Autores Materiales

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Esta é a segunda vez que acompanho o Mirada - Festival Ibero-Americano de Teatro de Santos, o melhor festival teatral do Estado de Sp, sem dúvida. (se quiser ver o que publiquei em 2010, clique aqui)

O Espetáculo "Los autores materiales", da cia. LA MALDITA VANIDAD, da Colômbia, é um bom espetáculo. Seus atores lidam bem com as tensões deste drama e a interpretação realista é muito bem construída, com a cena ganhando tensão a medida que o tempo passa e, para deleite do público, trazendo o desfecho inesperado de todo bom drama.

Apesar de todos o elenco ser bom, a atriz Ella Becerra se sobressai pelas nuances com que faz a faxineira. Sem exageros nas caras e bocas, mas com ações físicas e vocais que dão o contorno à personagem ela nos guia o tempo todo.


No entanto, o que ressalta acompanhando esses dois festivais, e correndo o risco de tomar o todo pela parte, é o quanto o teatro no Brasil está muito além do que se produz na América Latina, Portugal e Espanha.

Basicamente porque a ampla maioria ainda trabalha com o realismo/naturalismo. Sem dúvida uma faceta importante do teatro e que em espetáculos bem feitos como Los autores Materiales nos deixam satisfeitos por termos saído de casa.

No entanto é pouco diante do que a história ocidental e oriental do teatro já produziu, desenvolveu e pesquisou. 

Até hoje não vi um grupo desses países que tivesse uma 
linguagem como o nosso Lume, de Campinas, a Cia Luis Louis, de São Paulo, a Sutil Cia de Teatro, de Curitiba ou o Teatro da Vertigem, também de São Paulo. Isso só para citar alguns poucos exemplos de grupos que pesquisam diferentes linguagens teatrais e que chegam a resultados, na sua maioria, arrebatadores de sensações e pensamentos para quem os vê.

Ainda assim, é muito bom poder ter esse festival acontecendo regularmente. E que venham mais!