SOMENTE NO FUTURO, quando analisarmos com mais profundidade o que aconteceu no ano de 2013 poderemos ter elementos mais precisos do que ele representou para a história recente da vida do povo brasileiro e para a luta social. Porém, desde logo podemos recolher alguns sinais principais.
No quesito melhoria das condições de vida da população, tivemos poucos avanços. O nível de emprego se manteve, a inflação dos preços da cesta básica se manteve e tivemos o programa de saúde pública Mais Médicos, que se propõe a levar profissionais aos lugares desamparados pela atenção medica, às vezes, na periferia das luxuosas capitais.
Porém, tivemos retrocessos na política econômica do governo, que de certa forma o Banco Central voltou a se considerar um ente autônomo, sem legitimidade para isso, e atua a seu bel prazer, aumentando a taxa de juros selic para 10%. Isso significa que vai aumentar as transferências de recursos públicos recolhidos de nossos impostos e destiná-los para os juros dos bancos, que são, afinal, apropriados em sua maioria por não mais de 5 mil ricaços, segundo estudos de Marcio Pochamnn.
Faltam recursos para democratizar a educação superior, ainda restrita aos 12% de jovens na universidade alcançados no governo Lula. Quando o necessário seria investir 10% do PIB nacional para educação.
Os investimentos públicos – de todas as esferas – em transporte público faltaram. Com isso, locomover-se nas grandes cidades é cada mais caro e sacrificado para milhões de brasileiros, que perdem horas de suas vidas no trânsito.
O custo dos alugueis e imóveis dispararam, com aumentos médios de 180% em todo o país, fruto da especulação desenfreada do capital financeiro.Pior. Com falsos argumentos, entregamos 40% de nossas reservas do pré-sal para exploração compartida com duas transnacionais europeias e duas chinesas, quando a Petrobras poderia fazê-lo sozinha.
Resultado: os ricos aumentaram seus ganhos e os trabalhadores se mantiveram na mesma base e tiveram as condições de vida pioradas.=
Na vida institucional, os conservadores, a direita e sua bancada ruralista fazem a festa impondo agendas retrógradas e de perdas de direitos dos trabalhadores, dos povos indígenas, camponeses e pobres em geral.
A conquista de uma jornada de 40 horas semanais, já em vigor na maioria dos países industrializados, aqui é banalizada e combatida pela maioria dos congressistas. Eles impediram a proposta de uma reforma política, a convocação de uma Constituinte e de um Plebiscito Popular que havia sido proposta pela própria presidenta da República no calor das mobilizações de junho.
No poder Judiciário, cada vez mais discricionário, o imperador Barbosa age à revelia de qualquer norma jurídica, com apoio da Globo e talvez, tomara, sonhando em ser candidato a alguma coisa.
Portanto, um balanço econômicopolítico-institucional de perdas para os interesses do povo brasileiro.
Sinal no final do túnel
Se é verdade que a burguesia aproveitou-se de sua hegemonia na política econômica, nos meios de comunicação e no poder político para aumentar seus ganhos e impor sua agenda, por outro lado, o ano de 2013 foi revelador, pois a juventude foi às ruas, durante dois meses seguidos e demonstrou que quer mudanças!
Em princípio barrou os aumentos das tarifas de transporte e impôs aos governos a necessidade de investimentos públicos. Porém, as mudanças foram insuficientes para as demandas colocadas pelas ruas. Sinal, de que certamente voltarão.
E, mais além do que obter conquistas imediatas, as mobilizações da juventude sempre são um termômetro em qualquer sociedade. Elas prenunciam períodos de maior conscientização política e mobilização social de todo o povo. Portanto, eles são apenas o prenúncio do que poderá vir com mais força se a classe trabalhadora lograr unidade e for à rua com um programa de reformas estruturais.
Por outro lado, no bojo desse clima, as forças populares de todo o país e de todos os setores voltaram a construir um impressionante processo de unidade popular em torno da necessidade de luta por uma reforma política. A reforma política do sistema de poder nacional, que envolve judiciário, legislativo e executivo é a porta de entrada necessária para as demais reformas estruturais, para obtermos melhorias das condições de vida ao povo.
Nesse sentido, se formou nos últimos meses uma ampla coalizão, com mais de 100 entidades, movimentos, grupos e setores, que vão desde a CUT e centrais sindicais até a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
Todos se juntaram para organizar um verdadeiro mutirão nacional para debater com o povo que tipo de mudanças políticas precisamos.
A ideia é recolher as sugestões do povo em milhares de reuniões de base e depois, no dia 7 de setembro de 2014, recolher a vontade popular, no plebiscito para que votem se é necessário uma Constituinte soberana e exclusiva para a reforma política.
Portanto, se 2013 foi um ano muito contraditório, mas anunciou mudanças, certamente 2014 será um ano ainda mais intenso de mobilizações e articulações das forças populares.
Fonte: editorial 564 do Jornal Brasil de Fato
domingo, 22 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Uma arte por dia #10
(clique no título acima para ver a postagem completa)
Quando a periferia conta sua própria história é arte de primeira...
O SOM DO SABER
Quando a periferia conta sua própria história é arte de primeira...
O SOM DO SABER
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Uma arte por dia #09
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Ben Enwonwu
Ben Enwonwu
Enwonwu, Benedict (Ben) Chukwukadibia (1921 – 1994) Artist, Painter Sculptor was born a twin on July 14th, 1921 in Onitsha, Anambra State, Nigeria in to the noble family of Umueze-Aroli in Onitsha. His father was Omenka Odigwe Emeka Enwonua technician and a sculptor who worked for the Royal Nigeria Company and his motherIlom was a successful cloth trader.
He had his secondary education at St. Patrick’s School Ibusa and Government College Ibadan in 1934, where he met Kenneth Murray. He left with Kenneth Murray for Government Umuahia. Ben Enwonwu was said to be the most gifted and technically proficient (Enwonwu foundation), he held an exhibition of his own works in 1938 at Glasgow Empire exhibition. In 1939 he was awarded a prize and bronze medal by International Business Machines (IBM). He had an exhibition of his painting and wood carvings December 31st – January 15th 1944 in London during which he met Mr. L. N. Hartford a director of Shell West Africa who helped secure a joint scholarship with Shell and the British Council that made it possible for Enwonwu to return to Britain to study art in England. He started at Ruskin School of Art in Oxford and went on to the prestigious Slade School of Fine Art University London, 1944 – 1947, he also attended Goldsmith College. He graduated from Slade with a first Class honors diploma in Sculpture. After graduation from Slade he enrolled at the University of London post graduate studies in Anthropology. In 1948 he graduated from the University of London and became a fellow of the Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland and was elected to the Royal Society of British Artists.
In 1948 Ben Enwonwu returned to Nigeria and worked as an Artist Adviser to the Federal Government, he was said to have painted one of his famous works, Monotony that was acquired for the Bishop Olter Art Collection; he has become known internationally, he is described as the most renowned Nigerian Artist of the 20th Century. In 1956 he became even more famous when he was commissioned by the British Government to do a portrait of Queen Elizabeth II. A copy of the bronze sculpture stands at the parliament Building in Lagos, while the original resides in the Queens Art Collection.
Emily Robson a known art critic said that his style can be considered African modernist. His work she states offers a blend of various styles and elements of traditional West African masks into simplified body emphasis on the face, but also toned – down expression from Europe, he was able to move between cultures as he was trained professionally by the British and had his innate African skills as a sculptor.
He continued to be very productive in wood, paint and bronze, had numerous exhibitions, December 1949, African Dancers and Agbogho – Mmuo, the Onitsha masquerades Exhibition at the Lagos Center, 1950 Berkely Galleries, London, July 13th – 14th August Gallery Apollinaire, Milan, became a member of preserve African Cultural Organization. In 1954 he became a member of the most distinguished order of the British Empire (OBE). Hewas commissioned by the Federal Government to produce a sculpture that would symbolize the new Nigerian nation for the National Museum, the resulting was the sculpture ‘Anyanwu’ (Sunshine in Igbo) remains one of his most visible works.
He held several positions in the world of Art both in Nigeria and abroad, 1966 – 1968 he became a fellow of the University of Lagos, he was appointed Art supervisor to the federal government a position he held till 1971. In 1975 he was awarded one of the highest national honors , Officer of the National Order of the Republic. In 1977 he was appointed Art Consultant to the International Secretariat, second world Black and African Festival of Art and Culture. He continued to produce public sculpture for Nigerian entities.
He was commissioned to create works for public buildings, The Drummer Boy was produced for the Nigeria Telecommunications Headquarters in Lagos, He was commissioned in 1964 to produce a sculpture for the Nigerian Electric Board’s new building in Marina, and the resulting sculpture is Sango, Yoruba god of thunder which remains one of his most famous public sculptures. He also continued to hold exhibitions, in 1985 a major retrospective exhibition was organized by Royal Society of Arts at the Mall Galleries, London, October 4th – 11th, he moved the same exhibition to Lagos at the home of the British Higher Commission in Lagos in 1987, he held his last major exhibition at the National Museum in Lagos in 1990.
Ben Enwonwu was married twice and had nine children, four sons and five daughters. He died quietly in his sleep on February 4th, 1994 at his home in Lagos. Ben Enwonwu will be remembered as one of the most prominent African Artist whose work inspire younger Artist and who help create an international visibility of African Art in all media, wood bronze and painting.
By Dr. Elsie Okobi (2010)
sobre arte africana moderna: http://www.artafrica.info/html/artigotrimestre/2/artigo2.php
domingo, 22 de setembro de 2013
Uma arte por dia #08
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Negahamburger - ACEITE SEU CORPO
Facebook: https://www.facebook.com/olanegahamburguer
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sábado, 21 de setembro de 2013
Uma arte por dia #07
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Lua Adversa - Cecília Meireles no livro Viagem Vaga Música
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..
Cecília
mais sobre ela: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles
Lua Adversa - Cecília Meireles no livro Viagem Vaga Música
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..
Cecília
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Uma arte por dia #06
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Esse filme inteiro é uma obra de arte, das mais lindas.
E essa cena, especificamente, toca.
Agora, esta outra, é uma das coisas mais poéticas que já vi no cinema.
Esse filme inteiro é uma obra de arte, das mais lindas.
E essa cena, especificamente, toca.
Agora, esta outra, é uma das coisas mais poéticas que já vi no cinema.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Uma arte por dia #05
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The name "Moonlight Sonata" has its origins in remarks by
the German music critic and poet Ludwig Rellstab. In 1832,
five years after Beethoven's death, Rellstab likened the effect
of the first movement to that of moonlight shining
upon Lake Lucerne.[4] Within ten years, the name "Moonlight
Sonata" ("Mondscheinsonate" in German) was being used in
German[5] and English[6] publications. Later in the nineteenth
century, the sonata was universally known by that name.[7]
Many critics have objected to the subjective, Romantic
nature of the title "Moonlight", which has at times been
called "a misleading approach to a movement with almost
the character of a funeral march"[8] and "absurd".[9] Other
critics have approved of the sobriquet, finding it
evocative[10] or in line with their own associations with the
work.[11]Gramophone founder Compton Mackenzie found
the title "harmless", remarking that "it is silly for austere
critics to work themselves up into a state of almost hysterical
rage with poor Rellstab", and adding, "what these austere
critics fail to grasp is that unless the general public had
responded to the suggestion of moonlight in this music
Rellstab's remark would long ago have been forgotten."[12]
Nelson Freire toca Moonlight Sonata de Beethoven.
(de arrepiar!)
The first edition of the score is headed Sonata quasi una
fantasia, a title this work shares with its companion
piece, Op. 27, No. 1.[2] Grove Music Online translates the
Italian title as "sonata in the manner of
a fantasy".[3] (Directly translated "sonata almost a fantasy").
fantasia, a title this work shares with its companion
piece, Op. 27, No. 1.[2] Grove Music Online translates the
Italian title as "sonata in the manner of
a fantasy".[3] (Directly translated "sonata almost a fantasy").
The name "Moonlight Sonata" has its origins in remarks by
the German music critic and poet Ludwig Rellstab. In 1832,
five years after Beethoven's death, Rellstab likened the effect
of the first movement to that of moonlight shining
upon Lake Lucerne.[4] Within ten years, the name "Moonlight
Sonata" ("Mondscheinsonate" in German) was being used in
German[5] and English[6] publications. Later in the nineteenth
century, the sonata was universally known by that name.[7]
Many critics have objected to the subjective, Romantic
nature of the title "Moonlight", which has at times been
called "a misleading approach to a movement with almost
the character of a funeral march"[8] and "absurd".[9] Other
critics have approved of the sobriquet, finding it
evocative[10] or in line with their own associations with the
work.[11]Gramophone founder Compton Mackenzie found
the title "harmless", remarking that "it is silly for austere
critics to work themselves up into a state of almost hysterical
rage with poor Rellstab", and adding, "what these austere
critics fail to grasp is that unless the general public had
responded to the suggestion of moonlight in this music
Rellstab's remark would long ago have been forgotten."[12]
Uma arte por dia #04
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Desta vez não é uma obra, é uma artista:
CACILDA BECKER!
Desta vez não é uma obra, é uma artista:
CACILDA BECKER!
Cacilda Becker (1921-1969)
Quando Cacilda Becker morreu, em 1969, no intervalo de uma peça que representava para estudantes, em São Paulo, a classe teatral se declarou órfã. Carlos Drummond de Andrade expressou seu luto no poema Atriz, e, em um só verso, retrata Cacilda por inteiro: “Era uma pessoa e era um teatro”.
Cacilda tinha 48 anos, 30 como atriz, e já era um mito, considerada a primeira grande diva do teatro brasileiro, imortalizada pela paixão com que vivia sua arte. Em 1994, no dia em que se completavam 25 anos de sua morte, a Cia. De Teatro Uzina Uzona, celebrou a vida da atriz encenando a peça Cacilda!!!, do ator e diretor José Celso Martinez Corrêa.
Cacilda tinha 48 anos, 30 como atriz, e já era um mito, considerada a primeira grande diva do teatro brasileiro, imortalizada pela paixão com que vivia sua arte. Em 1994, no dia em que se completavam 25 anos de sua morte, a Cia. De Teatro Uzina Uzona, celebrou a vida da atriz encenando a peça Cacilda!!!, do ator e diretor José Celso Martinez Corrêa.
Cacilda Becker Yáconis (é irmã da também grande atriz Cleyde Yáconis) nasceu em Pirassununga, interior de São Paulo, em abril de 1921. Iniciou-se na arte como bailarina, tentou ser pintora. A convite de uma amiga, foi para o Rio de Janeiro e estreou dirigida por Paschoal Carlos Magno em um espetáculo do Teatro do Estudante Brasileiro. “Quando encontrei o teatro, foi como se tivesse encontrado todas as artes que desejaria conhecer”, lembrou a atriz muitos anos depois.
Em 1942 voltou para a terra natal, para cuidar da mãe doente e lá ficou dois anos, trabalhando numa companhia de seguros. Nova passagem pelo Rio e a volta definitiva a São Paulo, onde deu aulas sobre comédia, na recém-fundada Escola de Arte Dramática. Integrou o lendário Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com Ziembienski e Adolfo Celi, interpretando papéis em peças tão diferentes quando Antígona e A dama das camélias, mas foi com um papel masculino, em Pega Fogo, de Jules Renard, que se transformou em uma paixão dos que amam o teatro, encantando o público, avassalando atores e diretores, sob aplausos constantes da crítica.
Nove anos depois, funda sua própria companhia, o Teatro Cacilda Becker, junto com o marido, o ator Walmor Chagas, com quem teve uma filha, Maria Clara. No TCB, Cacilda interpretou peças de Ionesco, Dürrenmatt, Albee e Becket, introduzindo estes autores nos palcos brasileiros. No livro Uma atriz: Cacilda Becker, de Nanci Fernandes e Maria Theresa Vargas, Ziembinski relembra o alívio que foi para a atriz representar na sua própria companhia, livre de qualquer interferência ou compromisso que não fosse com o teatro.
Cacilda passou por períodos tão duros na vida que, na adolescência, roubou um pé de verdura em uma horta e, por má sorte, feriu o pé, contraindo tétano. O ferimento passou, mas a lembrança amarga ficou: “A fome é o que me dói até hoje”.
Em 1942 voltou para a terra natal, para cuidar da mãe doente e lá ficou dois anos, trabalhando numa companhia de seguros. Nova passagem pelo Rio e a volta definitiva a São Paulo, onde deu aulas sobre comédia, na recém-fundada Escola de Arte Dramática. Integrou o lendário Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com Ziembienski e Adolfo Celi, interpretando papéis em peças tão diferentes quando Antígona e A dama das camélias, mas foi com um papel masculino, em Pega Fogo, de Jules Renard, que se transformou em uma paixão dos que amam o teatro, encantando o público, avassalando atores e diretores, sob aplausos constantes da crítica.
Nove anos depois, funda sua própria companhia, o Teatro Cacilda Becker, junto com o marido, o ator Walmor Chagas, com quem teve uma filha, Maria Clara. No TCB, Cacilda interpretou peças de Ionesco, Dürrenmatt, Albee e Becket, introduzindo estes autores nos palcos brasileiros. No livro Uma atriz: Cacilda Becker, de Nanci Fernandes e Maria Theresa Vargas, Ziembinski relembra o alívio que foi para a atriz representar na sua própria companhia, livre de qualquer interferência ou compromisso que não fosse com o teatro.
Cacilda passou por períodos tão duros na vida que, na adolescência, roubou um pé de verdura em uma horta e, por má sorte, feriu o pé, contraindo tétano. O ferimento passou, mas a lembrança amarga ficou: “A fome é o que me dói até hoje”.
Fonte:
Livro 100 Brasileiros (2004)
Livro 100 Brasileiros (2004)
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Uma arte por dia #03
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A dançarina Pina Bausch rompeu radicalmente com o balé clássico e se voltou contra a tradição da Modern Dance. Essa mulher virou todo o mundo da dança de pernas para o alto em seus 40 anos de trabalho. Teatro-dança é como a maioria denomina o que ela faz. Pina Bausch, no entanto, se refere a uma "abordagem psicológica individual". Cada peça é um novo apelo para que o espectador "confie em si mesmo, se enxergue e se sinta".
Quando Pina Bausch se recorda desse período, fala de uma "época excitante". Em Kurt Joos, ela encontrou ao mesmo tempo o "legendário renovador da dança expressiva", um mentor e uma pessoa de confiança. Além disso, especialmente inspiradora era a atmosfera criativa da escola, que até hoje une sob o mesmo teto todas as artes: teatro, música, dança, gravura e pintura. "A gente convivia, enxergava e escutava os demais, aprendia um com o outro", lembra Pina.
A ousadia de vanguarda da jovem coreógrafa chocou inicialmente grande parte do público. O que ocorria no palco muitas vezes não era aquilo que constava do programa impresso. Os bailarinos não necessariamente dançavam, mas, no mais, pareciam fazer de tudo... O público expressava sua indignação vaiando ou retirando-se do recinto, sem esquecer de bater a porta. Até telefonemas anônimos com ameaças ela chegou a receber.
"Cada peça é diferente, mas profundamente ligada a mim", descreve Pina Bausch sua acepção de teatro-dança. Seu trabalho combina tristeza e desespero calado com "a expressão calorosa do amor à vida", descreveu uma crítica. "Os temas permanecem os mesmos; o que muda são as cores", explica a coreógrafa. Ao narrar, ela se mantém fiel a determinados princípios: ações simultâneas, marcação das diagonais do palco, repetições propositais e suspense dramático por meio de contraposições e progressões.
Pina Bausch - "Orfeu e Eurídice"
Ela revolucionou o mundo da dança. O “principal produto alemão de exportação“ dança e coreografa em todos os continentes. Mesmo assim, Pina Bausch – altamente talentosa e premiada – se mantém fiel à cidade de Wuppertal.
Os dançarinos em cena não dançam. Correm. Gritam e riem, contam piadas. Alguém derrama água e joga terra no chão do palco. Talvez até cresça grama ali. Piruetas velozes e pernas esticadas para o alto são coisas inexistentes numa encenação dessas. Mas seres humanos – pessoas vivas com medos, amor, tristeza e fúria. "O que me interessa não é como as pessoas se movem, mas sim o que as move”, resume Pina Bausch o propósito de seu trabalho. A artista que se veste permanentemente de preto e calça número 41 é considerada uma das coreógrafas mais importantes do século 20.
No princípio era o nada
Embora a coreógrafa já tenha encenado mais de 30 peças e criado uma nova linhagem da dança, seu trabalho não se torna rotineiro e sempre está ligado a um certo risco. O medo não cessa: medo de fracassar, medo de não terminar a tempo. Afinal, "no princípio era o nada".
Sua carreira começou com aulas de balé. Nascida em 1940, em Solingen, filha de um dono de restaurante, Phillipine Bausch gostava de passar seu tempo debaixo da mesa. Ela costumava passar horas a fio no restaurante dos pais observando os fregueses. "Eu não queria ir para a cama."
Desde cedo se entusiasmou pela dança. As primeiras apresentações lúdicas com o balé infantil ocorreram em Wuppertal e Essen. Com 15 anos, iniciou sua formação de dança na Folkwangschule de Essen, fundada pelo célebre coreógrafo Kurt Joos.
Em seus trabalhos tardios, ela viria a conjugar inúmeros elementos de dança, música, linguagem e teatro. Mas, antes de mais nada, a estudante concluiu o curso de Dança e Pedagogia em Dança no ano de 1958. E viajou imediatamente depois aos Estados Unidos, após ter recebido um prêmio de distinção e uma bolsa de estudos da Folkwang.
"Special student" Pina Bausch
"Não me senti nem um pouco sozinha em Nova York", conta ela. Afinal, a "special student" Pina Bausch mal teria tempo para tal. Ela estudou com Antony Tudor e José Limón, dançou na Juillard School of Music e na Metropolitan Opera.
A pedido de Kurt Joos, a jovem dançarina retornou à Alemanha em 1962. E começou a dançar como solista no recém-fundado balé da Folkwang, apresentando-se em Amsterdã, Hamburgo, Londres e no Festival de Salzburgo. Na época, a dançarina ainda não pensava em encenar, embora seus primeiros trabalhos como coreógrafa viessem a surgir alguns anos depois.
Foi com uma bota de sete léguas que Pina Bausch avançou de suas primeiras encenações bem-sucedidas de teatro-dança até o posto de coreógrafa e diretora do corpo de baile de Wuppertal. Após ter recebido o primeiro prêmio num concurso de coreografia de Colônia, ela assumiu a direção do estúdio de dança da Folkwang. Bausch tinha 33 anos quando foi contratada para dirigir o Balé do Teatro de Wuppertal, em 1973.
A ruptura de tradições foi uma tarefa árdua, sobretudo num teatro subvencionado pelo Estado. Mas Pina Bausch não se deixou dissuadir de sua concepção de dança, para a qual não existem instruções de uso. Sua versão de Iphigenie auf Tauris (Ifigênia em Táuris), de 1974, foi recebida pela crítica como um dos acontecimentos mais importantes da temporada de dança.
Cavaleira da Legião de Honra
Com uma montagem de Brecht e Weill, Pina Bausch rompeu definitivamente com todas as formas tradicionais do teatro-dança em 1976. Ela se voltou para uma dança cênica obstinada e contundente, diretamente ligada ao teatro falado. Colagens de música popular, clássica, free jazz e enredos fragmentários culminaram numa nova forma de encenação, caracterizada por ações paralelas, contraposições estéticas e uma linguagem corporal incomum para a época.
Sua companhia se tornou a principal representante da dança da Alemanha Ocidental no exterior. Turnês em todos os continentes foram e continuam tendo uma recepção altamente entusiástica. Pina Bausch começou a acumular prêmios de todas as espécies, como o Prêmio Europeu de Teatro, oPraemium Imperiale japonês, a Cruz de Mérito do governo alemão, a condecoração da Legião de Honra, apenas para citar alguns.
Sua comunidade internacional de fãs continua crescendo e se reúne em Wuppertal, o novo local de peregrinação do teatro-dança. Nos palcos internacionais, a companhia de Bausch já se apresentou em co-produções com universidades de dança dos Estados Unidos, do Hong Kong Arts Festival, da Expo 1998 em Portugal, do Theatre de la Ville de Paris e muitos outros.
Cada montagem é única
Apesar dos êxitos das últimas décadas, a coreógrafa e dançarina prossegue seu trabalho incansavelmente. "A única coisa a fazer é realizar o trabalho junto com os dançarinos, de modo que cada apresentação seja um prazer. E isso tem que ser retrabalhado todas as noites."
O Mito
Na mitologia grega, Orfeu era poeta e médico, filho da musa Calíope e de Apolo ou Eagro, rei da Trácia1 . Era o poeta mais talentoso que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ganhou a lira de Apolo.
Foi um dos cinquenta homens - os argonautas - que atenderam ao chamado de Jasão para buscar o Tosão de ouro. Acalmava as brigas que aconteciam no navio com sua lira. Durante a viagem de volta, Orfeu salvou os outros tripulantes quando seu canto silenciou as sereias, responsáveis pelos naufrágios de inúmeras embarcações.
Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurídice, fizeram todas as suas abelhas morrerem.
Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o mundo inferior, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os encantou com seu canto.
Pra saúde, gay ainda é grupo de risco.
(clique no título acima para ver a postagem completa)
Para quem milita no movimento LGBT é revoltante, em 2013, ainda se deparar com isso.
Eram 7h da manhã quando passa na TV TEM de Sorocaba uma matéria sobre teste gratuito de doenças sexualmente transmissíveis, na cidade de Tatui.
Enquanto a matéria acontece, observe o cartaz da Campanha colado no Posto de Saúde.
Para quem milita no movimento LGBT é revoltante, em 2013, ainda se deparar com isso.
Eram 7h da manhã quando passa na TV TEM de Sorocaba uma matéria sobre teste gratuito de doenças sexualmente transmissíveis, na cidade de Tatui.
Enquanto a matéria acontece, observe o cartaz da Campanha colado no Posto de Saúde.
Eu só conseguia pensar:
ainda hoje, um cartaz reforçando o preconceito, a ideia do grupo de risco?
Porque a pessoa chega no posto de saúde e vê esse cartaz. Qual a mensagem subliminar?
Aids = doença de gay.
INACREDITÁVEL!
Mas você pode até tentar argumentar: você tá viajando? Ninguém mais pensa isso!
Pois bem...
Numa dinâmica realizada há duas semanas com adultos, uma personagem era identificada como menino gay e os demais precisavam conversar com ela para que ela sentisse pelas reações quem ela era.
Após algum tempo de dinâmica eu pergunto:
-E aí, descobriu quem você é?
- Devo ser algo grave.
- Por quê?
- Primeiro disseram pra eu ser feliz como eu era e depois mandaram eu usar camisinha.
- Então, quem você acha que é?
- Uma pessoa com Aids.
Voltando à campanha. Eu entro no sítio pra saber da campanha e qual não são as minhas outras surpresas:
1. é uma campanha financiada pelo governo federal.
2. tem videos e fotos com artistas famosos.
3. até Ney Matogrosso caiu nessa roubada.
Revoltante
em tempo: este é o link da matéria que vi e me incomodou http://globotv.globo.com/tv-tem-interior-sp/bom-dia-cidade-sorocaba-e-itapetininga/v/unidades-de-saude-de-tatui-oferecem-testes-rapidos-de-hiv/2828765/
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
O professor e sua função política
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Desde a “Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990)” que a educação é vista como política de promoção de equidade social. Apoiada e financiada pelo Banco Mundial, projetos de redução da desigualdade social, por meio da universalização do acesso à educação, vem sendo implementados, especialmente na região citada. No entanto, “[...]os projetos do Banco (1995) deverão privilegiar a distribuição de livros e de outros pacotes instrucionais, assim como o treinamento dos professores para a adequada utilização dos mesmos” (BIRD apud FONSECA, 1998, p.18).
Ou seja, verifica-se, assim, uma orientação para uma educação onde o professor/docente é o instrumento facilitador do manuseio de produtos ideologicamente pensados para a manutenção do capitalismo e da qualificação de mão de obra barata ou de um “exército industrial de reserva” (MARX, 1867).
Para isso, toda a educação básica deve ser reformulada e pensada para inculcar a competitividade e a meritocracia nos ambientes educacionais. O conceito de qualidade de educação fica imediatamente atrelado às questões das avaliações que padronizam e desregionalizam o ensino e ignoram os processos de ensino-aprendizagem.
O mesmo não se pode dizer a respeito do ensino fundamental. Passado seu momento de implementação, na segunda metade do século XIX, o novo século lutou para a universalização do acesso. Os anos 30 foram importantes neste sentido com o movimento da Escola Nova e que culminou no Manifesto dos Pioneiros e na defesa da ampliação do sistema educacional. Embora estudos recentes apontem para uma “escola para todos” onde o “todos” referia-se a classe média e a elite urbana brasileira (VEIGA, 2004).
Os Projetos do Banco Mundial e dos Organismos Internacionais quebram este paradigma e, a partir da regularização do fluxo (idade/ano escolar), a década de 1990 obtêm finalmente o sucesso esperado.
Por fim, as etapas posteriores da educação básica no Brasil passam por rápidas e intensas transformações nos últimos anos. O ensino técnico/profissionalizante, o ensino superior e a educação de jovens e adultos são os que mais sofrem os impactos das políticas neoliberais.
Paradoxalmente, são nessas etapas que observamos com mais vigor o professor-obstáculo e seu poder de resistir às reformas. De um lado, os órgãos oficiais, impulsionados pelo capital, tentam adequar a educação básica à visão mercadológica e conseguem grande adesão de professores formados para atender ao seus interesses. Do outro, os professores-obstáculos, organizados em sindicatos e movimentos sociais, que insistem na resistência, ora com sucesso, ora com reveses.
Daniel Cerqueira*
Diante
das políticas neoliberais implantadas nas últimas décadas na
América Latina e Caribe, a figura do professor-obstáculo
(EVANGELISTA;SHIROMA, 2007) é uma das mais importantes formas de
resistência e um fator impeditivo de reformas que visem deslegitimar
o docente e a educação numa perspectiva emancipadora.
Desde a “Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990)” que a educação é vista como política de promoção de equidade social. Apoiada e financiada pelo Banco Mundial, projetos de redução da desigualdade social, por meio da universalização do acesso à educação, vem sendo implementados, especialmente na região citada. No entanto, “[...]os projetos do Banco (1995) deverão privilegiar a distribuição de livros e de outros pacotes instrucionais, assim como o treinamento dos professores para a adequada utilização dos mesmos” (BIRD apud FONSECA, 1998, p.18).
Ou seja, verifica-se, assim, uma orientação para uma educação onde o professor/docente é o instrumento facilitador do manuseio de produtos ideologicamente pensados para a manutenção do capitalismo e da qualificação de mão de obra barata ou de um “exército industrial de reserva” (MARX, 1867).
Para isso, toda a educação básica deve ser reformulada e pensada para inculcar a competitividade e a meritocracia nos ambientes educacionais. O conceito de qualidade de educação fica imediatamente atrelado às questões das avaliações que padronizam e desregionalizam o ensino e ignoram os processos de ensino-aprendizagem.
Na
visão produtivista, o ensino público não atende, por falta de
estímulo, as necessidades da demanda por trabalho. A proposta que
formula é de que a rede escolar esteja sujeita às regras do
mercado, de modo que os diretores e os professores tenham interesse
em formar ganhadores, pois esta seria a melhor forma de eles próprios
ganharem o jogo concorrencial. Cada escola seria julgada pelo
“mercado”, isto é, pelos alunos ou seus pais, em função da
qualidade de seu produto, avaliada pelo maior ou menor êxito dos
seus ex-estudantes na vida econômica e social. E a escola avaliaria
seus professores pelos mesmos critérios. (SINGER, 1996, p.8)
Surgem,
assim
os
sistemas
apostilados,
os
bônus
por
produtividade,
o
Saresp,
o
Ideb,
o
Enem...
Abandona-se
a
ideia
de
uma
formação
integral
do
sujeito,
preconizada
no
Brasil
principalmente
por
Paulo
Freire,
com
vista
à
uma
consciência
crítica
e
a
emancipação
pelo
conhecimento.
A
avaliação
tecnicista
ganha
força
em
detrimento
da
formativa.
A
avaliação formativa pode ser integrada a um processo
classificatório, ao mesmo tempo em que oferece condições para
potencializar as dimensões reflexiva e cooperativa indispensáveis a
uma avaliação numa perspectiva emancipatória. (ESTEBAN, 2008, p12)
Na
educação
infantil,
a
perspectiva
do
educar
e
do
cuidar
defendida
pelos
movimentos
liderados
por
professores,
têm
dificuldade
de
implementação
e
efetivação,
na
medida
em
que
este
setor
da
educação
básica
não
consegue
se
desvencilhar
de
uma
política
compensatória.
Há
uma
complexificação
deste
item,
na
medida
em
que
a
dicotomia
assistência
social/
pedagogia
obscurece
o
debate
do
papel
social
destes
espaços
educativos
e
reforça
estereótipos
onde
assistência
e
assistencialismo
são
confundidos.
De
maneira
geral,
o
que
podemos
observar
é
que
as propostas
para
educação
da
infância
não
se
pautam nos
princípios
de
direito
e
igualdade.
Estes
são
substituídos
pelos
princípios
da
equidade
e
competitividade.
E,
como
já
pontuado,
a
educação
–
e,
por
extensão,
a
educação
para
a
pequena
infância
-
é
inserida
numa
nova
ordem,
afastando-
se
de
sua
função
social
emancipatória,
sendo
preconizada
como
uma
política
focal
de
combate
à
pobreza.
(CAMPOS,
2009,
p37)
Podemos
considerar
a
citação
de
Campos
permeada
desta
confusão
dicotômica.
Tem-se
a
impressão
de
que
ambas,
pedagogia
e
assistência
social,
não
podem caminhar
juntas.
Talvez
por
receio
de
que
uma
substitua
a
outra,
ou
pela
dificuldade
dos
docentes
em
compreender
a
assistência
social
como
uma
política
de
garantia
de
direitos
básicos
(entre
eles,
o
da
educação
pública)
por
meio
da
emancipação
cidadã.
É
recente
a
transferência
oficial
das
creches
de
uma
política
de
assistência
social,
e no
caso
brasileiro,
uma
assistência
social
que
há
pouco
conseguiu
definir
seu
projeto
político
a
partir
do
movimento
de
reconceituação
da
segunda
metade
do
século
XX
(IAMAMOTO;
CARVALHO,1988),
para
uma
política
educacional.
O mesmo não se pode dizer a respeito do ensino fundamental. Passado seu momento de implementação, na segunda metade do século XIX, o novo século lutou para a universalização do acesso. Os anos 30 foram importantes neste sentido com o movimento da Escola Nova e que culminou no Manifesto dos Pioneiros e na defesa da ampliação do sistema educacional. Embora estudos recentes apontem para uma “escola para todos” onde o “todos” referia-se a classe média e a elite urbana brasileira (VEIGA, 2004).
Os Projetos do Banco Mundial e dos Organismos Internacionais quebram este paradigma e, a partir da regularização do fluxo (idade/ano escolar), a década de 1990 obtêm finalmente o sucesso esperado.
Atribuo
importância
significativa
à
universalização
do
acesso
ao
ensino
fundamental,
posto
que
esta
faz
com
que
“as
contradições
mudem
de
lugar”,
passando
a
concentrar-se
na
expansão
das
etapas
posteriores
a
este
e
na
qualidade
da
educação
básica,
notadamente
do
ensino
fundamental.
(OLIVEIRA, 2007, p.666)
Aqui,
a luta do professor-obstáculo concentrar-se-à na qualidade, seja a
partir da valorização da profissão docente, do aperfeiçoamento do
currículo ou da luta política por legislações que contribuam
para a formação do sujeito (como exemplo, temos a lei 10.639/06 que
implementa o ensino da história e da cultura africana nas escolas).
Por fim, as etapas posteriores da educação básica no Brasil passam por rápidas e intensas transformações nos últimos anos. O ensino técnico/profissionalizante, o ensino superior e a educação de jovens e adultos são os que mais sofrem os impactos das políticas neoliberais.
Do
ponto de vista prático,[...], os educadores brasileiros do ensino
médio e da educação profissional, assim como a própria sociedade,
não incorporou como sua a concepção de ensino médio integrado na
perspectiva da formação omnilateral
e
politécnica. Ao contrário, predomina, ainda, de um lado, a visão
sobre o ensino médio profissionalizante como compensatória e, de
outro, a defesa de um ensino médio propedêutico, sendo a
profissionalização um processo específico e independente. É
permanente a demanda pelo ensino superior, talvez por ser o único
canal acessível de mobilidade social para os segmentos
desfavorecidos da população. (CIAVATTA;RAMOS, 2011, p.35)
Paradoxalmente, são nessas etapas que observamos com mais vigor o professor-obstáculo e seu poder de resistir às reformas. De um lado, os órgãos oficiais, impulsionados pelo capital, tentam adequar a educação básica à visão mercadológica e conseguem grande adesão de professores formados para atender ao seus interesses. Do outro, os professores-obstáculos, organizados em sindicatos e movimentos sociais, que insistem na resistência, ora com sucesso, ora com reveses.
Esta
constante
tensão
entre
as
políticas
públicas
e
os
professores
é,
no
entanto,
de
extrema
relevância
para
o
fortalecimento
da educação básica na
perspectiva
defendida
neste
texto.
Estudos
sobre a formação integrada evidenciam as dificuldades, mas não a
impossibilidade de sua implantação, desde que apoiados por um
projeto firme e coerente para sua realização, que supõe: a
superação da mentalidade conservadora dos padrões pedagógicos
vigentes, assim como de posições políticas adversas ao discurso da
formação integrada e da educação emancipatória que tenha base na
crítica à sociedade de mercado; gestão e participação
democrática nas instituições educacionais; estudo e qualificação
conceitual e prática dos professores; envolvimento do quadro docente
permanente e transformação dos vínculos precários de trabalho
para proporcionar a todos os professores condições materiais
(instalações, laboratórios etc.) e condições dignas de trabalho,
salariais, de carreira e compromisso com as instituições.
(CIAVATTA;RAMOS, 2011, p.36)
Bibliografia
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R. A educação das crianças pequenas como estratégia para a
contenção da pobreza: análise de iniciativas dos organismos
internacionais em curso na América Latina.
Práxis Educativa,
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São
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Tradução
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Rio
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Editora
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Acesso: 09/set/2013
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In:
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para
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função
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Jovens
e
Adultos. Revista
Brasileira
de
Educação
de
Jovens
e
Adultos,
vol.
1,
nº
1,
p.
29-44,
2013.
*Daniel Cerqueira é educador e pesquisador da produção de homofobia em ambientes educativos e das políticas públicas de combate à ela.
*Daniel Cerqueira é educador e pesquisador da produção de homofobia em ambientes educativos e das políticas públicas de combate à ela.
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