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Desenvolver um trabalho de arte-educação em teatro não é das tarefas mais fáceis. Especialmente quando o trabalho é desenvolvido em comunidades de baixa-renda.
Em primeiro lugar, pesa a formação do profissional. O arte-educador, em geral, é ou artista ou pedagogo. Quando artista, não sabe lidar com dificuldades da prática educacional do dia-a-dia. Quando pedagogo, não tem muito repertório artístico para aprofundar o que a criança/jovem produz.
No primeiro caso, o profissional precisa correr atrás: conhecer as fases de desenvolvimento de Piaget, estudar e vivenciar a educação libertária de Paulo Freire, entender o que Vygostsky trouxe sobre o desenvolvimento social da criança e pesquisar práticas de outros arte-educadores na área (recomendo o Livro "Pega Teatro" de Joana Lopes).
O que sempre ocorre é que o artista passa um bom tempo (quando persiste) frustrando-se por não conseguir aplicar as técnicas de improvisação e interpretação que ele planejava, simplesmente porque não entende que o teatro, na arte-educação, é um instrumento de formação de valor e desenvolvimento crítico e não de busca por "talentos" (termo esse, aliás, que desconsidero sua existência).
No caso do pedagogo, a complexidade se dá no quesito chavão e obviedades. A arte-educação é uma maneira de despertar o interesse da criança e do jovem pela área em questão. Como culturalmente no Brasil poucos frequentam teatros, o pedagogo costuma usar como referências musicais, telenovelas e raros exemplos de naturalismo/realismo. Aí a criança limita sua visão artística e reproduz em cena velhas fórmulas como "não ficar de costas para a plateia", cenários que reproduzem uma sala com sofás, abajures e etc. Com isso, a criança deixa de explorar a ilimitada capacidade de imaginar e representar no corpo as sensações e espaços que se pode criar com um simples gesto ou movimento.
Para estes, é preciso ir a espetáculos da Cia do Latão, Teatro da Vertigem, Denise Stoklos, Cia Luis Louis , Cia Silvana Abreu, entre outros e, claro, fazer oficinas e cursos livres com os profissionais desses grupos.
Quando voltar ao tema neste blog, tratarei de outras 2 questões: as questões particulares do teatro para comunidades de baixa renda e como ampliar o repertório cultural da criança/jovem.
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