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Daqui a pouco começa a apuração do desfile das escolas de samba de SP e, amanhã, as do RJ.
Antes do anúncio oficial, para mim o carnaval já tem duas campeãs: Mocidade Alegre e Portela.
A Mocidade não é das mais tradicionais escolas de samba de SP. Existe desde 1967 e é do bairro do Limão, Zona Norte de São Paulo. Ganhou até hoje 8 títulos, sendo que os últimos 3 na primeira década do séc XXI, depois de ficar 24 anos sem ganhá-lo.
Este ano, a Mocidade homenageou o centenário de Jorge Amado e, a partir do livro Tenda dos Milagres falou bastante da crença nos orixás e fez um desfile com o principal objetivo de mexer com o preconceito contra as religiões de matrizes africanas.
E por tudo isso merece o título, na minha opinião. Obviamente essa é uma opinião subjetiva de quem frequenta a escola e é apaixonado pela temática.
Esse aliás, é um dos principais motivos de eu querer também a Portela campeã. Portela que, ao contrário da Mocidade é bem tradicional. Tem o dobro da idade da primeira (88 anos). Tem 21 títulos só que o último em 1984 e esse ano também teve como tema a Bahia e os orixás.
Só que a Portela partiu do Nosso Senhor do Bonfim, que no sincretismo baiano representa Oxalá.
Os que me conhecem sabem ( às vezes duvidam) que não tenho crenças e não sou religioso. No entanto, sou incansável na luta contra qualquer preconceito. Especialmente quando o preconceito é de cor.
As religiões dos orixás incomodam uma parte do povo brasileiro exatamente por serem de matrizes africana.
E é uma pena que hoje em dia em territórios onde a população negra é a maioria, essas religiões também sofrem preconceito. Bairros inteiros estão dominados por seus lideres espirituais engravatados que determinam o que cada um pode e deve fazer e o gado segue em nome de Deus e do sei lá mais o que.
As religiões de matrizes africanas são o contrário disso. Pregam a liberdade, a alegria, a dança e a utilização do corpo como ferramenta de expressão e de vida. É isso que me encanta nesse terreno e é por isso, para provocar o rebanho que cada vez mais se reprime e fica cinza como a cidade de SP, que apoio o candomblé e a umbanda com suas cores, danças e sabores.
Sendo assim, Mocidade Alegre e Portela, que tiveram a audácia de trazerem para a avenida esse colorido já são para mim as campeãs do carnaval!
Ok, Você venceu! Vou comentar aqui! rs.... adorei o texto e concordo totalmente com vc meu amigo e parceiro de samba, que depois de Vinícius, claro, é o branco mais preto do brasil (e da África), na linha direta de Xangô! Também to na torcida pelo campeonato da Mocidade e Portela!! Desfile lindo e temas apaixonantes!!
ResponderExcluirAh, a Imperatriz, no Rio, tb falou sobre Jorge Amado, mas a abordagem da Mocidade, baseada no livro, pra mim, foi melhor e mais rica. Justamente por ser o enredo embasado e minuciosamente estudado a partir de uma obra importantíssima da literatura nacional, tema de vestibular inclusive, vem provar que a tabelinha de "como fazer um samba enredo" não tá com nada!
i.
Oi Iva,
ResponderExcluirverdade. a imperatriz tb teve o tema, mas é uma escola que não simpatizo muito, pois ganhou muito carnaval sem empolgar, se eh que me entende?
Eu nao vi a Tucuruvi, mas o enredo deles tb foi muito legal
http://www.academicosdotucuruvi.com.br/sinopse.html