Din Dón
Toca a campanhia
Zuuummm
Adentra por entre os mínimos espaços.
Catapulta!
Cai, sobe, geme e grita.
Potoc, potoc.
Vêem em minha direção
Potoc, potoc, potoc
Cada vez mais perto
Em número ainda maior.
Paro!
Respiro!
DRRRRUM
Invadiu a sala
Rápido, sem direção
Entre nós tudo está
Intensamente gélido.
Tomou-me de súbito.
Outros avançam
Sou só.
Homem pacato
Uiva internamente
Mas por fora
Atento à tudo
Nada o abala
Outros avançam
Sou só.
SIM!
Sempre a liberdade.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Erundina: mandato
Ser cidadão é uma tarefa difícil, mas necessária.
Uma de suas funções é acompanhar o poder público e, em especial, os deputados e senadores que você ajudou a eleger.
Como aqui eu fiz campanha para a Luiza Erundina, republico um resumo do seu atual mandato para quem, assim como eu, deu seu voto a ela.
Uma de suas funções é acompanhar o poder público e, em especial, os deputados e senadores que você ajudou a eleger.
Como aqui eu fiz campanha para a Luiza Erundina, republico um resumo do seu atual mandato para quem, assim como eu, deu seu voto a ela.
A atuação da Deputada Federal Luiza Erundina no atual mandato
No atual mandato, a deputada Luiza Erundina participa de três Frentes Parlamentares, a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular, apelidada de#Frentecom, onde, busca-se debater em conjunto com a sociedade um novo Marco Regulatório da Comunicação, a Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular, que, entre seus objetivos, estão o aumento do número de mulheres candidatas nos quadros dos partidos políticos e o seu conseqüente aumento da participação nas esferas de poder, além de prever alterações no atual sistema eleitoral.
A mais nova adesão está na recém lançada Frente Parlamentar em defesa do voto Aberto, criada com apretensão de pressionar a Presidência da Câmara a incluir na pauta da Casa, a proposta de emenda à constituição (PEC 349/01) que institui o voto aberto no plenário. A PEC está parada na Câmara desde setembro de 2006, quando foi aprovada em primeiro turno.
Luiza Erundina esteve presente em diversos estados do país instalando a Frente Parlamentar pela Reforma Política nas conferências estaduais promovidas para discutir o tema. Na Câmara, atua sempre de forma significativa nas comissões em que faz parte. Na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), requereu uma audiência pública, em conjunto com outras comissões, para debater a Lei 84/1999, que tipifica os crimes na internet, com entidades e a sociedade civil. A deputada é suplente na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), cujas ações debateram o projeto de lei da Comissão da Verdade (PL 3736/2010) - criada com o intuito de elucidar os crimes cometidos no período da ditadura militar - apresentado pelo Governo e recém aprovado na Câmara, com ressalvas da própria em alguns pontos como, o longo período compreendido (1946-1988), o curto prazo de vida da comissão (2 anos) e em relação ao número de membros (apenas 7 membros).
Luiza Erundina, ainda é titular da Comissão de Legislação Participativa (CLP) - que neste ano completou 10 anos de existência - participou ativamente da sua criação, destinada a ser um canal por onde a sociedade organizada possa apresentar seus projetos de leis - foi a sua primeira presidente. É membro titular da Comissão Especial de Reforma Política, onde recebe as propostas elaboradas pela Frente Parlamentar, com pontos que merecem destaque no que se refere à discussão de uma nova proposta política e eleitoral para o Brasil.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
Aí sim, uma novela.
Impossível não escrever nada depois de ver o final da novela Cordel Encantado.
Raras vezes eu vi uma produção tão bem acabada, inteligente e ousada como essa, na televisão brasileira.
É "chover no molhado" dizer da qualidade visual, dos figurinos impecáveis e cenários idem.
Então, pra não dizer o que todo mundo já disse vou tratar de dois assuntos importantes do meu ponto de vista.
1. Direitos Humanos
2. Referências culturais/históricas
A relação com os direitos humanos nessa novela foi pouco salientada por críticos e fãs, mas ela veio de uma maneira muito forte e presente para, de alguma maneira, mexer com o ideário de muita gente. No conflito tipo folhetinesco onde ora o vilão se dá bem, ora mal, chamou-me a atenção os momentos onde o vilão mor, Timóteo Cabral (Tiago Gagliasso) era capturado pelos mocinhos.
Depois de tantas maldades, crimes e atitudes pouco louváveis do vilão, cada vez que ele era capturado eu, como provavelmente a maioria da população que viu a telenovela, queria vê-lo sofrendo, quiçá sendo executado. No entanto, com exceção dos cangaceiros, cuja lei e a ordem é louvavelmente baseada na violência a quem é violento, nada acontecia com ele, pois a nobreza (aqui numa liberdade poética, pois os nobres na história sempre foram os mais sanguinários) e o povo de Brogodó intercediam a favor do vilão, pois como ser-humano deveria, ainda que prisioneiro, ser tratado com dignidade.
Em outro momento, quando estava para morrer, sua irmã, que outrora sofreu muito com os seus atos, quer saber como ele está, sente-se apiedada e, quando este morre, chora a perda de um irmão.
Ainda que todos estes atos de caridade estivessem calcados, reforçados e explícitos na doutrina cristã destes personagens, é louvável que as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes tenham provocado os telespectadores em tempos onde, pelo menos no Brasil, o "olho por olho, dente por dente" esteja cada vez mais em voga.
Claro que, melhor ainda, seria se o vilão, tocado por estes atos, sofresse paulatina transformação causada pela insistência das pessoas em transformá-lo, mas aí deixaria de ser novela, onde o vilão tem que durar até o final.
Já com relação às referências, para mim, a grande sacada desta novela foi aproveitar-se do que de bom já se produziu na história da humanidade. A literatura de cordel, o tropicalismo que elas mesmo citam na última cena, mas também as histórias de cavalaria que compõem a cultura nordestina tradicional, a história de Antonio Conselheiro na figura do beato Miguezinho (Matheus Nachtergaele), a humanização e heroização do cangaço, sempre visto nas escolas como bandidos sanguinários quando, na verdade, era uma reação a exploração e violência coronelista do sertão e, por fim, a linda referência ao clássico Romeu e Julieta, de Shakespeare, quando Aurora/Açucena (Bianca Bin) toma o veneno que a despertará horas depois e Jesuíno (Cauã Reymond) a encontra "morta", se desespera, arma-se o funeral (lindamente, aliás) e, sozinho na "cripta" resolve despedir-se de sua julieta com um beijo, no exato momento em que ela desperta.
Com tantas qualidades, Cordel Encantado é daquelas coisas que daqui a 15, 20 anos as pessoas vão falar: "lembra daquela novela...."
Raras vezes eu vi uma produção tão bem acabada, inteligente e ousada como essa, na televisão brasileira.
É "chover no molhado" dizer da qualidade visual, dos figurinos impecáveis e cenários idem.
Então, pra não dizer o que todo mundo já disse vou tratar de dois assuntos importantes do meu ponto de vista.
1. Direitos Humanos
2. Referências culturais/históricas
A relação com os direitos humanos nessa novela foi pouco salientada por críticos e fãs, mas ela veio de uma maneira muito forte e presente para, de alguma maneira, mexer com o ideário de muita gente. No conflito tipo folhetinesco onde ora o vilão se dá bem, ora mal, chamou-me a atenção os momentos onde o vilão mor, Timóteo Cabral (Tiago Gagliasso) era capturado pelos mocinhos.
Depois de tantas maldades, crimes e atitudes pouco louváveis do vilão, cada vez que ele era capturado eu, como provavelmente a maioria da população que viu a telenovela, queria vê-lo sofrendo, quiçá sendo executado. No entanto, com exceção dos cangaceiros, cuja lei e a ordem é louvavelmente baseada na violência a quem é violento, nada acontecia com ele, pois a nobreza (aqui numa liberdade poética, pois os nobres na história sempre foram os mais sanguinários) e o povo de Brogodó intercediam a favor do vilão, pois como ser-humano deveria, ainda que prisioneiro, ser tratado com dignidade.
Em outro momento, quando estava para morrer, sua irmã, que outrora sofreu muito com os seus atos, quer saber como ele está, sente-se apiedada e, quando este morre, chora a perda de um irmão.
Claro que, melhor ainda, seria se o vilão, tocado por estes atos, sofresse paulatina transformação causada pela insistência das pessoas em transformá-lo, mas aí deixaria de ser novela, onde o vilão tem que durar até o final.
Já com relação às referências, para mim, a grande sacada desta novela foi aproveitar-se do que de bom já se produziu na história da humanidade. A literatura de cordel, o tropicalismo que elas mesmo citam na última cena, mas também as histórias de cavalaria que compõem a cultura nordestina tradicional, a história de Antonio Conselheiro na figura do beato Miguezinho (Matheus Nachtergaele), a humanização e heroização do cangaço, sempre visto nas escolas como bandidos sanguinários quando, na verdade, era uma reação a exploração e violência coronelista do sertão e, por fim, a linda referência ao clássico Romeu e Julieta, de Shakespeare, quando Aurora/Açucena (Bianca Bin) toma o veneno que a despertará horas depois e Jesuíno (Cauã Reymond) a encontra "morta", se desespera, arma-se o funeral (lindamente, aliás) e, sozinho na "cripta" resolve despedir-se de sua julieta com um beijo, no exato momento em que ela desperta.
Com tantas qualidades, Cordel Encantado é daquelas coisas que daqui a 15, 20 anos as pessoas vão falar: "lembra daquela novela...."
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Língua, não dialeto.
É muito comum os povos ocidentais banalizarem as linguas de origem africana ou indígena, chamando-as de dialeto.
Porque dialeto é algo inacabado, imperfeito, deficiente, bla, bla, bla.
O crioulo falado na Guiné-Bissau não é um dialeto, mas uma LÍNGUA! (ver COUTO, Hildo Honório. . O Português e o crioulo na GuinéBissau in: Português em contato.CARVALHO, Ana M (org)) Uma língua que mistura a língua das etnias que compõe a Guiné.
Segundo eles:
"kriol i lingu di ningin" (crioulo não é língua de ninguém) por isso, "lingu ku tudu gentis ta papia na Guine" (lingua que todo mundo fala na Guiné).
Ela define uma identidade imposta pelo colonizador, que determinou as fronteiras
aleatoriamente e estimulou a rivalidade entre as etnias como forma de dividí-los.
Entender esse processo histórico e seu significado é respeitar a história desse povo, que sabe sua língua e que entende que aprender o português ( a língua oficial do estado) também é importante para dialogar com o mundo.
Todos os dias a gente fala aqui:
Bon dia. Kuma ki bu mansi?
N´mansi ben.
Bom dia, como despertaste?
Despertei bem.
Porque dialeto é algo inacabado, imperfeito, deficiente, bla, bla, bla.
O crioulo falado na Guiné-Bissau não é um dialeto, mas uma LÍNGUA! (ver COUTO, Hildo Honório. . O Português e o crioulo na GuinéBissau in: Português em contato.CARVALHO, Ana M (org)) Uma língua que mistura a língua das etnias que compõe a Guiné.
Segundo eles:
"kriol i lingu di ningin" (crioulo não é língua de ninguém) por isso, "lingu ku tudu gentis ta papia na Guine" (lingua que todo mundo fala na Guiné).
Ela define uma identidade imposta pelo colonizador, que determinou as fronteiras
aleatoriamente e estimulou a rivalidade entre as etnias como forma de dividí-los.
Entender esse processo histórico e seu significado é respeitar a história desse povo, que sabe sua língua e que entende que aprender o português ( a língua oficial do estado) também é importante para dialogar com o mundo.
Todos os dias a gente fala aqui:
Bon dia. Kuma ki bu mansi?
N´mansi ben.
Bom dia, como despertaste?
Despertei bem.
Escritor bissau-guineense lança "Palavras Suspensas" em Brasília
Brasília - "Palavras suspensas", coletânea de poesia do escritor bissau-guineense Francisco Conduto de Pina, editado pela Thesaurus, foi lançado nesta quinta-feira (22) durante evento na Embaixada de Portugal, na capital federal.
A apresentação do livro do escritor e parlamentar guineense, que se estreeou em 1978 com "Grandessa di Nô Tchan" (Grandeza da nossa terra, em tradução livre), no Instituto Camões, foi acompanhada de um recital do pianista Adriano Jordão, que executou a "Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro", de autoria do compositor Louis Moreau Gottschalk.
De acordo com nota dos organizadores do evento, esta foi a primeira vez que um escritor bissau guineense lança um livro em Brasília.
A apresentação do livro do escritor e parlamentar guineense, que se estreeou em 1978 com "Grandessa di Nô Tchan" (Grandeza da nossa terra, em tradução livre), no Instituto Camões, foi acompanhada de um recital do pianista Adriano Jordão, que executou a "Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro", de autoria do compositor Louis Moreau Gottschalk.
De acordo com nota dos organizadores do evento, esta foi a primeira vez que um escritor bissau guineense lança um livro em Brasília.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Obrigado, presidenta!
Carai. Ela falou da Guiné-Bissau, matou a pau na questão Palestina e ainda elevou a questão de gênero, ainda tão séria no mundo.
Tenho muito orgulho de servir a esse governo.
Tenho muito orgulho de servir a esse governo.
Nizan e RP
Como o país não tem cultura de anunciante global, poucas marcas brasileiras são globais
A agência que abri em Nova York, diferentemente do que se poderia normalmente esperar de mim, não é uma agência de publicidade. É uma agência de relações públicas.
Todas as vezes que falo isso, vejo sempre sobrancelhas levantadas. De interrogação, de perplexidade ou de dúvida. Mas tenho certeza absoluta de que é com relações públicas, e não com publicidade, que as empresas brasileiras vão construir suas marcas no mundo. Afinal, não temos dinheiro para construir marcas mundiais pagando os imensos custos de mídia de um mercado global caro, fracionado e complexo.
E não é só isso. Não é só um problema de falta de dinheiro. Não temos cultura de anunciantes globais. O Brasil sempre foi um país fechado e insular. Completamente voltado para dentro. Boa parte de nossas exportações são commodities. Poucas marcas brasileiras são globais. Mas hoje é preciso ser global até para competir no seu próprio país.
As pessoas vão se tratar no hospital Albert Einstein ou no Sírio-Libanês porque têm certeza absoluta de que eles são hospitais de padrão global. Porque, se tivessem alguma dúvida, elas pegariam um avião e iriam se tratar no exterior, como faziam no passado. Portanto, a construção de uma percepção global de sua marca, do que você faz, é também uma iniciativa de proteção do seu mercado interno.
É essa imensa oportunidade, precaução e ferramenta que o Brasil e suas marcas devem explorar. E explorarei na Africa NY. O exemplo mais eloquente disso é o sucesso internacional da marca Havaianas, que não foi construído no exterior com publicidade, mas sim com ações de RP, como sampling, networking.
É difícil, por exemplo, você se hospedar em um bom hotel no Brasil e não ter uma sandália dessas no armário. Esse trabalho de chinês foi feito pelas Havaianas. E, como tudo o que é bom, deve ser seguido por outras indústrias também.
Marcas brasileiras de moda, como Osklen e Lenny, sempre fizeram esse trabalho de RP divinamente. Sabem tudo do assunto. Exatamente porque nunca tiveram grandes verbas publicitárias. Por isso, só tinham como projetar suas marcas no mundo pensando fora da caixa. Fazendo um corpo a corpo agressivo com a imprensa de moda internacional e construindo com ela um intenso relacionamento.
Ninguém da grande imprensa internacional passa por São Paulo e pelo Rio sem jantar na casa da Lenny Niemeyer, do Oskar Metsavaht, do Rogério Fasano ou sem tomar drinques com Monica Mendes e com Paula Bezerra de Mello. Vi a Daslu construir sua marca no mundo com pouquíssima verba e muitíssima imaginação. Justamente porque todos esses aqui citados não tiveram, em geral, um vintém para anunciar. E, portanto, não podiam ficar acomodados, na zona de conforto em que a publicidade acaba aprisionando a gente.
A capacidade de promover meu trabalho e o de meus anunciantes sempre ajudou a mim e a eles. Washington Olivetto foi o primeiro publicitário a ter uma compreensão madura disso.
Antes da palavra “buzz” existir, ele sempre soube fazer “buzz” marketing como ninguém. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo, independentemente de serem gênios no que fazem, são gênios em RP. Como Steve Jobs, Madonna, Lady Gaga, Valentino ou Ralph Lauren.
É com esse olhar que abro minha agência em Nova York. Certo de que é com relações públicas que a pinga brasileira, o pão de queijo, o design, a água de coco, o avião da Embraer, o sabonete de óleo vegetal, as praias do Nordeste ou os arquipélagos do rio Amazonas se tornarão mais conhecidos no mundo.
É munido dessa esperança e dessa audácia que rumo para Nova York, pátria da publicidade e das relações públicas. Porque, afinal, “If you can make it there, you can make it every- where”.
Texto publicado na íntegra na Folha de São Paulo, 20/09/11, Nizan Guanaes
domingo, 18 de setembro de 2011
Sangue de barata
Este blog, nos próximos meses estará mais voltado à realidade Africana, uma vez que tenho um novo trabalho aqui na Guiné-Bissau (clique aqui para ver o que já publiquei em outra ocasião neste país): representante das organizações brasileiras (aqui você pode ver que projeto é esse).
Antes desta primeira postagem, é importante ressaltar que este é um blog pessoal e não reflete aqui, necessariamente a opinião do projeto que eu represento, mas as minhas impressões e relatos do que vejo neste continente, neste país e nesta cidade: Bissau.
Para ver relatos oficiais do projeto sugiro: www.goldeletra.org.br
Pois bem, como esta não é a primeira vez que aqui estou, vou direto ao ponto deste texto.
Há que se ter muito sangue frio para se viver e se relacionar por Bissau. E isso é muito óbvio pelo simples motivo de que sou estrangeiro e branco.
Neste país, onde a independência da exploração portuguesa tem menos de 40 anos (dia 24 de setembro completará mais um aniversário) o branco é imediatamente associado ao explorador. E mais ainda se você insiste em querer dominá-los pela língua. O português é a língua oficial, mas não é a da população, que fala o Crioulo (aqui a explicação do wikipedia e aqui a de Leo Spicacci , brasileiro que já esteve aqui).
Ocorre, que essa cisão reflete nas relações e, muitas vezes, acirra o preconceito. O simples fato de ter de conviver com o diferente não necessariamente quebra o preconceito e o que estou vendo aqui é que muitas vezes o reforça.
Assim, para muitos que cá estão, os guineenses são lesos, fedidos, devagares e incapazes de ter fácil compreensão de algo.
O que é muitas vezes difícil de entender é que o ritmo, a cultura, a língua e o clima criam hábitos e culturas que não são as nossas e que o diferente é que deve se adaptar e não o contrário.
Nesse ponto me sinto tranquilo. Muito, claro, pela ampla vivência baiana, que me faz adorar o tempo diferente das coisas acontecerem. O jeito diferente das pessoas se relacionarem e outras coisas mais.
Alguns dizem que é uma questão de tempo: uma hora eu me irritarei com isso tudo. Será?
Uma coisa é certa: me irrito por enquanto com essa visão colonizadora. Mas fico quieto, só observando...
Antes desta primeira postagem, é importante ressaltar que este é um blog pessoal e não reflete aqui, necessariamente a opinião do projeto que eu represento, mas as minhas impressões e relatos do que vejo neste continente, neste país e nesta cidade: Bissau.
Para ver relatos oficiais do projeto sugiro: www.goldeletra.org.br
Pois bem, como esta não é a primeira vez que aqui estou, vou direto ao ponto deste texto.
Há que se ter muito sangue frio para se viver e se relacionar por Bissau. E isso é muito óbvio pelo simples motivo de que sou estrangeiro e branco.
Neste país, onde a independência da exploração portuguesa tem menos de 40 anos (dia 24 de setembro completará mais um aniversário) o branco é imediatamente associado ao explorador. E mais ainda se você insiste em querer dominá-los pela língua. O português é a língua oficial, mas não é a da população, que fala o Crioulo (aqui a explicação do wikipedia e aqui a de Leo Spicacci , brasileiro que já esteve aqui).
Ocorre, que essa cisão reflete nas relações e, muitas vezes, acirra o preconceito. O simples fato de ter de conviver com o diferente não necessariamente quebra o preconceito e o que estou vendo aqui é que muitas vezes o reforça.
Assim, para muitos que cá estão, os guineenses são lesos, fedidos, devagares e incapazes de ter fácil compreensão de algo.
O que é muitas vezes difícil de entender é que o ritmo, a cultura, a língua e o clima criam hábitos e culturas que não são as nossas e que o diferente é que deve se adaptar e não o contrário.
Nesse ponto me sinto tranquilo. Muito, claro, pela ampla vivência baiana, que me faz adorar o tempo diferente das coisas acontecerem. O jeito diferente das pessoas se relacionarem e outras coisas mais.
Alguns dizem que é uma questão de tempo: uma hora eu me irritarei com isso tudo. Será?
Uma coisa é certa: me irrito por enquanto com essa visão colonizadora. Mas fico quieto, só observando...
quer ver as fotos que
estou a tirar?
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Poesia Guineense
Eu sou menino de Tabanca
Ao amanhecer piso o chão suado,
Recordo melodias, acalentos.
Eu sou menino cultivador,
Semeio as doces flores no meu sonho,
As minhas mãos adultas se sujam de terra fértil.
A minha barriga é um tambor
Um tambor que não soa dor,
O meu pé é uma enxada que rompe o solo campestre.
Nas noites suadas, a lua apaga-se dentro do meu sangue
(No sangue febril e morno de menino)
Embebedam-se as ervas e as raízes para matar os vermes
Mas estes malignos bichos rejeitam os efeitos
e brincam no meu tambor.
Não posso renegar o que sou
Obedeço a mim de ser o menino de tabanca.
O meu nome está nas folhas das ervas
Nas margens dos arvoredos ou matagal
Não nas folhas do notariado.
Sei que o meu direito é torto, mas,
Na tabanca vivo à vontade
Ninguém me desconhece
A minha identidade está nos calos das mãos e dos calcanhares
Está nos olhares famintos que perfuram gaiolas de passarinhos,
Está nas sombras floridas em que me instalo
Por ser menino, canto esses versos vulgares, melodicos.
Berro e cacarejo enquanto cultivo na terra molhada.
Misteriosamente desobedeço aos preceitos tabanqueiros.
Como se vê, no desvio do meu pranto,
Resgato do chão submerso a esperança de quem sou
Do simples Menino de tabanca que sonha.
Ao amanhecer piso o chão suado,
Recordo melodias, acalentos.
Eu sou menino cultivador,
Semeio as doces flores no meu sonho,
As minhas mãos adultas se sujam de terra fértil.
A minha barriga é um tambor
Um tambor que não soa dor,
O meu pé é uma enxada que rompe o solo campestre.
Nas noites suadas, a lua apaga-se dentro do meu sangue
(No sangue febril e morno de menino)
Embebedam-se as ervas e as raízes para matar os vermes
Mas estes malignos bichos rejeitam os efeitos
e brincam no meu tambor.
Não posso renegar o que sou
Obedeço a mim de ser o menino de tabanca.
O meu nome está nas folhas das ervas
Nas margens dos arvoredos ou matagal
Não nas folhas do notariado.
Sei que o meu direito é torto, mas,
Na tabanca vivo à vontade
Ninguém me desconhece
A minha identidade está nos calos das mãos e dos calcanhares
Está nos olhares famintos que perfuram gaiolas de passarinhos,
Está nas sombras floridas em que me instalo
Por ser menino, canto esses versos vulgares, melodicos.
Berro e cacarejo enquanto cultivo na terra molhada.
Misteriosamente desobedeço aos preceitos tabanqueiros.
Como se vê, no desvio do meu pranto,
Resgato do chão submerso a esperança de quem sou
Do simples Menino de tabanca que sonha.
António Navegante de Catidi
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Transporte, um direito social
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A locomoção nas cidades, especialmente nos grandes centros urbanos, é um enorme problema para a população em geral, mas sobretudo para os trabalhadores que dependem do transporte coletivo para deslocar-se de casa para o trabalho.
Representa também um grande desafio para os gestores públicos que devem responder com uma política de transporte capaz de atender aos vários aspectos da questão, como as grandes distâncias a serem percorridas; o trânsito caótico em ruas e avenidas onde automóveis e coletivos disputam freneticamente o espaço exíguo para um tráfego intenso; e o elevado custo do serviço.
Medidas pontuais têm sido adotadas, mas que se revelam ineficazes para resolver um problema estrutural das regiões metropolitanas. Pouco adiantam faixas exclusivas para ônibus ou rodízio de carros distribuído nos dias da semana se a frota cresce, estimulado, inclusive, por essa medida que leva parte dos usuários a adquirir mais um veículo com outra placa.
É preciso considerarmos ainda o problema tarifário e a qualidade do serviço. O preço da passagem é muito alto para um grande número de usuários obrigados a fazer parte do percurso a pé para diminuir o número de viagens e, consequentemente, as suas despesas. É verdade que parte dos custos do serviço é subsidiado pelas prefeituras com recursos do orçamento municipal, o que também acaba onerando o usuário do serviço, pois ele também paga imposto.
Quando administramos a cidade de São Paulo, e considerando injusto que um serviço essencial para o funcionamento da cidade como o transporte coletivo fosse bancado exclusivamente pelo usuário e pelo poder público, tentamos implantar uma política tarifária que distribuísse os custos do sistema pela sociedade como um todo, através de um mecanismo denominado "Tarifa Zero".
A proposta era que o transporte coletivo fosse pago por meio de impostos e taxas municipais, a exemplo dos serviços de saúde, educação, coleta e destino do lixo etc., e que constituiriam um Fundo Municipal de Transporte.
A ideia provocou a ira de setores da sociedade, movidos por uma campanha de mídia contra a proposta, usando argumentos preconceituosos, como: "os ônibus vão estar lotados de bêbados e de desocupados", ou ainda, "se for de graça, haverá vandalismo e os ônibus serão depredados".
Tais argumentos, além de falaciosos, demonstram o descompromisso daquela parte da sociedade com o interesse da cidade como espaço comum de vivência e de construção coletiva de cidadania.
A Câmara de vereadores, por sua vez, engrossou o coro dos profetas do caos e rejeitou a proposta, negando os recursos previstos para sua implantação, no projeto de lei orçamentária, movidos, inclusive, por mesquinhos interesses eleitorais.
A ideia, porém, não morreu e, após exatos 21 anos, volta revitalizada pela ação de um movimento liderado por jovens que abraçou a causa e luta pela Tarifa Zero.
Recentemente, lançou em São Paulo uma campanha para a coleta de assinaturas em um Projeto de Lei de iniciativa popular a ser apresentado à Câmara Municipal propondo a criação de Fundo Municipal de Transporte para sustentar a Tarifa Zero e, assim, garantir um transporte público de qualidade acessível a todos os paulistanos.
De outra parte, estamos apresentando uma proposta de Emenda Constitucional (PEC) na Câmara dos Deputados incluindo no artigo 6º da Constituição Federal o Transporte como um direito social.
--------
Luiza Erundina é deputada federal e foi votada por este bloqueiro que, por isso, a acompanha e a fiscaliza.
fonte do texto:
Curiosamente, ou não, o programa A Liga da última semana também tratou do tema.
segue:
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
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